Canto sereno que assobia, nos regatos lagos e cachoeiras. Senhora faceira de beleza e ternura. Protetora das crianças e de todos os que necessitam de tua graça. Mamãe Oxum, Deusa formosa dos rios. A Mãe das Águas Doces, acolhe-nos em teu seio, proporciona-nos paz e alegria.
sexta-feira, setembro 03, 2010
Sete de Setembro - Brasil Independencia e Vida
Compilação e pesquisa:Carlos Eduardo Cennerelli
À Brasilidade:
Neste momento em que a pátria brasileira estertora em corrupção e violência, avança pela espiritualidade Superior, sob o comando direto do nosso Mestre Amado Jesus, Governador do Planeta Terra, a convocação de lídimos brasileiros para exercerem o Excelso trabalho de renovação moral do solo pátrio.
Grandes vultos do passado estão voltando à matéria, através da reencarnação, outros aqui já reencarnados e muito preparando a sua “descida” ao corpo denso, para realizarem a assepsia pela ética nas instituições públicas e privadas desta nação do Cruzeiro do Sul.
Os que já se encontram no corpo físico começam a receber intuitivamente e, através do desdobramento espiritual, durante o sono físico, às orientações da espiritualidade maior em relação ao trabalho a ser realizado na Pátria do Evangelho e programados no alto desde hà muito.
Muitos dos já reencarnados ignoram a complexidade das atividades, embora tenham uma convicção interior do compromisso assumido perante Jesus e o Brasil.
Estes verdadeiros brasileiros, em sua porofunda, não consideram, em seu intimo, a sua verdadeira importância e das realizaçlões que se aproximam.
Os que já respiram na vida física são até desconsiderados pelas pessoas de suas relações mais intimas, mal sabendo estes que estão convivendo com seres de uma ética e integridade moral plenas, reencarnados para dar a sua contribuição ao Brasil em momento oportuno.
Tiradentes secunda Jesus nesta verdadeira operação de “desembarque”, onde seres compromissados com a implantação no “Coração do Mundo” de estruturas sólidas que permitirão fazer deste País, no futuro, referência em probidade e dignidade, hoje inimaginável.
Neste Sete de Setembro, que se aproxima, oremos para que estes heróis anônimos de Jesus possam realmente concretizar sua tarefa abençoada, não se desviando em nenhum minuto sequer dos objetivos que aqui os trouxeram ainda que sob muita incompreensões, calúnias, perseguições e obstáculos de toda ordem.
Carlos Eduardo Cennerelli
CONHEÇA A SEGUIR A HISTÓRIA ESPIRITUAL DO BRASIL
Ordem:
1º Presidente (Brasil)
Mandato:
15 nov. 1889 - 23 nov. 1891
Vice-Presidente:
Floriano Peixoto
Predecessor:
nenhum
Sucessor:
Floriano Peixoto
Data de nascimento:
5 de agosto de 1827
Local de nascimento:
Marechal Deodoro (AL)
Data de falecimento:
23 de agosto de 1892
Local de falecimento:
Rio de Janeiro (RJ)
Primeira Dama:
Mariana Cecília de
Souza Meireles da Fonseca
Profissão:
Militar
Partido político:
nenhum
ORAÇÃO À PÁTRIA BRASILEIRA
( Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão da noite de 16 de novembro de 2005, no Centro Espírita “Caminho da Redenção”, em Salvador, Bahia, Brasil. )
“Pátria brasileira !
Abençoada pela fulgurante luz das estrelas do Cruzeiro do Sul, estás programada pelo Senhor da Vida para que sejas, em futuro não distante, o centro de irradiação do Evangelho restaurado.
Enquanto a humanidade sofre a noite terrível que se abate sobre a Terra, e tu experimentas, solo verdejante, a sombra dominadora do descalabro moral dos homens, na Consciência Cósmica que te gerou, estão definidos os desafios e rumos para que logres as tuas conquistas em futuro próximo.
Dormem, nas montanhas em que te apóias e na intimidade das águas oceânicas do Atlântico, que te banha de norte a sul, tesouros inimagináveis que te destacarão mais tarde no concerto econômico das grandes nações.
Embora a conspiração deste momento contra as tuas matas grandiosas, sobreviverás às ambições desconcertantes de madeireiros, pecuaristas e agricultores desalmados, e dos conciliábulos nefandos que lutam pela destruição da tua Amazônia, que permanecerá como último pulmão da Terra, sustentando a sociedade que hoje se encontra sem rumo.
Padeces, na conjuntura atual, a sistemática desagregação dos valores ético-morais, políticos e emocionais, os mesmos que abalam o mundo, mas esses transitórios violadores do dever passarão, enquanto persistirá a tua destinação histórica, Pátria do porvir !
Conseguiste libertar-te da mancha cruel da escravidão em etapas contínuas, que culminaram no gesto audaz da tua filha, que não teve pejo de, na ausência do pai, pôr fim ao abuso da exploração impiedosa do negro, também teu filho, no eito terrível e hediondo da perversidade.
Logo depois, já livre do jugo da pátria-mãe que te humilhava, pondo-te em subalterna situação, aspiraste por vôos mais altos, que um dia se transformaram em liberdades democráticas que sorriam para ti, e o teu pavilhão verde, azul e amarelo tremulou, numa república, que a partir de então podia compartilhar do banquete internacional realizado pelos povos livres da Terra.
É certo que ainda estertoras, neste momento de desafios, quando a cultura cambaleia, a ética desfalece, a moral se perverte e os direitos humanos esquecidos são postos à margem pelos dominadores ignorantes de um dia.
Tu, porém, sobreviverás a toda essa desdita, Brasil !
Compreende, neste momento, a desenfreada manobra dos manipuladores da opinião pública e a daqueles que te dilapidam os valores, transferindo-os para os paraísos fiscais da ignomínia e da insensatez, porque esse hediondo crime contra tua economia e os milhões de vidas, será de duração efêmera. Eles morrerão deixando tudo em contas secretas e em aplicações de que jamais se utilizarão...
Enquanto isso ocorre, gemem no teu solo os filhos da miséria, ocultos nos escombros do abandono.
As tuas vielas, ruas e avenidas nos pequenos burgos do interior, nas metrópoles, vêem e sofrem inermes, a desenfreada correria da violência que se atrela ao selvagem potro da morte, dizimando vidas, taladas em pleno alvorecer.
Paga, porém, em paciência e compaixão o preço da tua destinação histórica, na tua condição de futura Pátria da Paz e do Evangelho de Jesus.
Isto passará, e logo depois da noite sombria, uma aurora de esperanças irá colocar-te no lugar que te está reservado, quando poderás oferecer lições de misericórdia e de solidariedade ao mundo que não perdoa, tu que te apresentas em forma de um grande coração simbolizando a afabilidade e a doçura.
Oro por ti, Brasil, e por vós, brasileiras e brasileiros, na condição de filho que também sou da terra iluminada pela constelação do Cruzeiro do Sul. Deodoro “
( Marechal Deodoro da Fonseca )
A INDEPENDÊNCIA
Humberto de CampoS
O movimento da emancipação percorria todos os departamentos de atividades políticas da pátria; mas, por disposição natural, era no Rio de Janeiro, cérebro do país, que fervilhavam as idéias libertárias, incendiando todos os espíritos. Os mensageiros invisíveis desdobravam sua ação junto de todos os elementos, preparando a fase final do trabalho da independência, através dos processos pacíficos.
Os patriotas enxergavam no Príncipe D. Pedro a figura máxima, que deveria encarnar o papel de libertador do reino do Brasil. O príncipe, porém, considerando as tradições e laços de família, hesitava ainda em optar pela decisão suprema de se separar, em caráter definitivo, da direção da metrópole.
Conhecendo as ordens rigorosas das Cortes de Lisboa, que determinavam o imediato regresso de D. Pedro a Portugal, reúnem-se os cariocas para tomarem as providências de possível execução e uma representação com mais de oito mil assinaturas é levada ao príncipe regente, pelo Senado da Câmara, acompanhado de numerosa multidão, a 9 de janeiro de 1822. D. Pedro, diante da massa de povo, sente a assistência espiritual dos companheiros de Ismael, que o incitam a completar a obra da emancipação política da Pátria do Evangelho, recordando-lhe, simultaneamente, as palavras do pai no instante das despedidas. Aquele povo já possuía a consciência da sua maioridade e nunca mais suportaria o retrocesso à vida colonial, integrado que se achava no patrimônio das suas conquistas e das suas liberdades. Em face da realidade positiva, após alguns minutos de angustiosa expectativa, o povo carioca recebia, por intermédio de José Clemente Pereira, a promessa formal do príncipe de que ficaria no Brasil, contra todas as determinações das Cortes de Lisboa, para o bem da coletividade e para a felicidade geral da nação. Estava, assim, proclamada a independência do Brasil, com a sua audaciosa desobediência às determinações da metrópole portuguesa.
Todo o Rio de Janeiro se enche de esperança e de alegria. Mas, as tropas fiéis a Lisboa resolvem normalizar a situação, ameaçando abrir luta com os brasileiros, a fim de se fazer cumprirem as ordens da Coroa. Jorge de Avilez, comandante da divisão, faz constar, imediatamente, os seus propósitos, e, a 11 de janeiro, as tropas portuguesas ocupam o Morro do Castelo, que ficava a cavaleiro da cidade. Ameaçado de bombardeio, o povo carioca reúne as multidões de milicianos, incorpora-os às tropas brasileiras e se posta contra o inimigo no Campo de Santana. O perigo iminente faz tremer o coração fraterno da cidade. Não fosse o auxilio do Alto, todos os propósitos de paz se teriam malogrado numa pavorosa maré de ruína e de sangue. Ismael acode ao apelo das mães desveladas e sofredoras e, com o seu coração angélico e santificado, penetra as fortificações de Avilez e lhe faz sentir o caráter odioso das suas ameaças à população. A verdade é que, sem um tiro, o chefe português obedeceu, com humildade, à intimação do Príncipe D. Pedro, capitulando a 13 de janeiro e retirando-se com suas tropas para a outra margem da Guanabara, até que pudesse regressar com elas, para Lisboa.
Os patriotas, daí por diante, já não pensam noutra coisa que não seja a organização política do Brasil. Todas as câmaras e núcleos culturais do país se dirigem a D. Pedro em temos encomiásticos, louvando-lhe a generosidade e exaltando-lhe os méritos. Os homens eminentes da época, a cuja frente somos forçados a colocar a figura de José Bonifácio, como a expressão culminante dos Andradas, auxiliam o príncipe regente, sugerindo-lhe medidas e providências necessárias. Chegando ao Rio por ocasião do grande triunfo do povo, após a memorável resolução do “Fico”, José Bonifácio foi feito ministro do reino do Brasil e dos Negócios Estrangeiros. O patriarca da independência adota as medidas políticas que a situação exigia, inspirando, com êxito, o príncipe regente nos seus delicados encargos de governo.
Gonçalves Ledo, Frei Sampaio e José Clemente Pereira, paladinos da imprensa da época, foram igualmente grandes propulsores do movimento da opinião, concentrando as energias nacionais para a suprema afirmação da liberdade da pátria.
Todavia, se a ação desses abnegados condutores do povo se fazia sentir desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, o predomínio dos portugueses, desde a Bahia até o Amazonas, representava sério obstáculo ao incremento e consolidação do ideal emancipacionista. O governo resolve contratar os serviços das tropas mercenárias de Lorde Cochrane, o cavaleiro andante da liberdade da América Latina. Muitas lutas se travam nas costas baianas e verdadeiros sacrifícios se impõem os mensageiros de Ismael, que se multiplicam em todos os setores com o objetivo de conciliar seus irmãos encarnados, dentro da harmonia e da paz, sempre com a finalidade de preservar a unidade territorial do Brasil, para que se não fragmentasse o coração geográfico do mundo.
José Bonifácio aconselha a D. Pedro uma viagem a Minas Gerais, a fim de unificar e serenar a luta acerba dos partidarismos. Em seguida, outra viagem, com os mesmos objetivos, realiza o príncipe regente a São Paulo. Os bandeirantes, que no Brasil sempre caminharam na vanguarda da emancipação e da autonomia, recebem-no com o entusiasmo da sua paixão libertária e com a alegria da sua generosa hospitalidade e, enquanto há música e flores nos teatros e nas ruas paulistas, comemorando o acontecimento, as falanges invisíveis se reúnem no Colégio de Piratininga. O conclave espiritual se realiza sob a direção de Ismael, que deixa irradiar a luz misericordiosa do seu coração. Ali se encontram heróis das lutas maranhenses e pernambucanas, mineiros e paulistas, ouvindo-lhe a palavra cheia de ponderação e de ensinamentos. Terminando a sua alocução pontilhada de grande sabedoria, o mensageiro de Jesus sentenciou:
- A independência do Brasil, meus irmãos, já se encontra definitivamente proclamada. Desde 1808, ninguém lhe podia negar ou retirar essa liberdade. A emancipação da Pátria do Evangelho consolidou-se, porém, com os fatos verificados nestes últimos dias e, para não quebrarmos a força dos costumes terrenos, escolheremos agora uma data que assinale aos pósteros essa liberdade indestrutível.
Dirigindo-se ao Tiradentes, que se encontrava presente, rematou:
- O nosso irmão, martirizado há alguns anos pela grande causa, acompanhará D. Pedro em seu regresso ao Rio e, ainda na terra generosa de São Paulo, auxiliará o seu coração no grito supremo da liberdade. Uniremos assim, mais uma vez, as duas grandes oficinas do progresso da pátria, para que sejam as registradoras do inesquecível acontecimento nos fastos da história. O grito da emancipação partiu das montanhas e deverá encontrar aqui o seu eco realizador. Agora, todos nós que aqui nos reunimos, no sagrado Colégio de Piratininga, elevemos a Deus nosso coração em prece, pelo bem do Brasil.
Dali, do âmbito silencioso daquelas paredes respeitáveis, saiu uma vibração nova de fraternidade e de amor.
Tiradentes acompanhou o príncipe nos seus dias faustosos, de volta ao Rio de Janeiro. Um correio providencial leva ao conhecimento de D. Pedro as novas imposições das Cortes de Lisboa e ali mesmo, nas margens do Ipiranga, quando ninguém contava com essa última declaração sua, ele deixa escapar o grito de “Independência ou Morte!”, sem suspeitar de que era dócil instrumento de um emissário invisível, que velava pela grandeza da pátria.
Eis por que o 7 de setembro, com escassos comentários da história oficial que considerava a independência já realizada nas proclamações de 1º de agosto de 1822, passou à memória da nacionalidade inteira como o Dia da Pátria e data inolvidável da sua liberdade.
Esse fato, despercebido da maioria dos estudiosos, representa a adesão intuitiva do povo aos elevados desígnios do mundo espiritual.
Livro: “Brasil, Coração do Mundo – Pátria do Evangelho”.
Espírito: Humberto de Campos. Psicografia: Francisco Candido Xavier.
Definição do Brasil
Achamo-nos todos à frente do Brasil, nele contemplando a civilização cristã, em seu desdobramento profundo. Nele, os ensinamentos de Jesus encontram clima adequado à vivência precisa.
Em verdade, testemunhamos todos, na atualidade da Terra, a expansão da angustia por falta de apoio espiritual às novas gerações, chamadas pela Ciência à contemplação do Universo.
Agigantou-se o raciocínio da Humanidade, imperioso se lhe alteie também o sentimento às elevadas esferas em que se lhe paira hoje o cérebro, no domínio das estrelas.
Embora nos reconheçamos necessitados da fé raciocinada com o discernimento da Doutrina Espirita, é forçoso observar que não é a queda dos símbolos religiosos aquilo que mais carecemos para estabelecer a tranqüilidade e a segurança entre as criaturas, mas sim a nova versão deles, porquanto sem a religião orientando a inteligência cairíamos todos nas trevas da irresponsabilidade, com o esforço de milênios volvendo talvez à estaca zero, do ponto de vista da organização material da vida no Planeta.
Empreendemos todos que, na oculta dinâmica das galáxias, das estrelas fixas, do espaço curvo, da rotação da Terra, das ondas elétricas, das ciências psicológicas que presentemente se entregam a laboriosos trabalho de definição do Homem nas suas mais intimas estruturas, Deus - ou a sabedoria onipresente do Universo - por seus mensageiros fala ao Mundo uma nova linguagem.
Se o Brasil puder conservar-se na ordem e na dignidade, na Justiça e no devotamento ao progresso que lhe caracterizam os dirigentes, mantendo o trabalho e a fraternidade, a cultura e a compreensão de sempre, para resolver os problemas da comunidade e, com o devido, respeito à personalidade humana e com o devido acatamento aos outros povos, decerto que cumprirá os seus altos destinos de pátria do Evangelho, na qual a Religião e a Ciência, enfim unidas, se farão as bases naturais da felicidade comum através da pratica dos ensinamentos vivos de Jesus Cristo.
Mensagem psicografada por Francisco C.Xavier, em Uberaba/MG, na tarde de 18/8/1971,
para a reportagem da revista O CRUZEIRO, do Rio de Janeiro, da qual - edição de 1/9/1971, pag.25
A FUNÇÃO HISTÓRICA DO BRASIL NO MUNDO
Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/
... Qual é a função histórica do Brasil no mundo, especialmente em relação à esperada nova civilização do Terceiro Milênio? ... O Brasil não precisa de expansões nem imperialismo, porque seu território já é vasto como um império, e só espera ser povoado. Não tem, pois, razões de rivalidade com nenhum país. É, finalmente, o lugar em que há espaço para todos, e em que não há necessidade de guerras para conquistar um lugar ao sol, nem precisa garantir-se contra vizinhos perigosos, que andem atrás de espaço, dado que para todos há lugar de sobra. Acha-se, pois, o Brasil em condições pacíficas naturais, e é esta sua posição natural no mundo. ...Um verdadeiro sentido de pacifismo pode vir desta grande terra da América do Sul. A função histórica do Brasil no mundo só pode ser, portanto, neste nosso tempo, uma função de paz. Esta é sua posição atual no pensamento da História, esta é a missão que lhe foi confiada.
... O Brasil, como indicam as condições de fato, personifica essa função biológica ou missão de pacifismo no mundo. Quem é verdadeiramente honesto, não vai a cada passo apregoando que é honesto. Os não-honestos é que procuram esconder seu rosto verdadeiro e defender-se. Assim, o povo verdadeiramente pacífico e pacifista é o que menos se faz paladino oficial de pacifismo, o que faz menos campanhas publicitárias com esse escopo. E o Brasil é assim. Pacifista até o âmago, naturalmente, e não precisa dizer muito por que o é. Ora, se aplicarmos a esta nação os conceitos acima expostos, poderemos dizer que, nesta direção do pacifismo, o Brasil personifica uma força em ação, segundo a vontade de Deus e da História. A conseqüência disto, é que ele é protegido pela vida, que lhe oferecerá os meios, para que a realização desta função ou missão de pacifismo realmente se complete.
O Brasil acha-se, portanto, numa posição particular de privilégio, embora ainda em forma não manifesta, porque é uma realização de amanhã, ou seja, acha-se com uma grande riqueza em estado latente. E esta espera ser explorada e utilizada em benefício de todos; uma mina de caráter espiritual, que espera o trabalho dos homens, os quais, com sua boa vontade, poderão tirar proveito, para a expansão da vida, da mesma forma que as tirarão de tantas outras riquezas ainda inexploradas no Brasil.
Eis a atual posição do Brasil na História. A vida lhe oferece uma função a executar, a qual faz parte de seu plano de expansão e de evolução do planeta. É um oferecimento, é a investidura de uma grande missão. Cabe agora ao povo brasileiro corresponder ao oferecimento, compreendendo-o e aceitando-o. Os momentos históricos jamais se repetem idênticos e esses oferecimentos não são feitos duas vezes. Perdida uma oportunidade, ela não volta mais. Cabe, além disso, ao povo brasileiro compreender que a natureza desta missão é manter-se na linha do pacifismo, isto é, que a função biológica que a vida confia ao Brasil, é função de paz e amor. Segue-se daí que, se esta é a vontade da História, e se o Brasil quiser caminhar nessa direção, aceitando a missão, ser-lhe-ão concedidos todos os auxílios; mas, se ao contrário, o Brasil se colocar, como primordial posição, no terreno da força bélica ou como potência ávida de supremacia, então a vida lhe retirará todos os auxílios e assim tudo será perdido, no sentido de que a função e a missão lhe são tiradas, e a oportunidade de exercer um papel mundial se esfumará. Quem vai de encontro à vontade da História, é cortado de suas fontes vitais, e não recebe mais ajuda.
Ora, tudo isso corresponde perfeitamente as condições atuais do Brasil; é um estado de fato já existente e nada é preciso fazer para prepará-lo. Esta concordância automática entre o que é a realidade atual e a natureza da missão oferecida, confirma a verdade de nosso raciocínio. Assumir hoje o Brasil, no mundo, uma função diferente, seria coisa de difícil realização. Seria bem estranho um Brasil imperialista e expansionista, se já de per si é maior que um império e não chega a povoar sua própria terra ilimitada. Seria bem estranho um Brasil que quisesse levantar-se como grande potência militar, quando não tem inimigos próximos para combater. Seria bem estranho que um país, definido como coração do mundo e pátria do Evangelho, se pusesse a fazer guerras de conquista ou de defesa, de que absolutamente não necessita. É claro, pois, que a função histórica do Brasil no mundo só pode ser a de abraçar a humanidade com o seu amor, em seu imenso território, à espera de ser povoado. Deixemos ... a função histórica do Brasil é bondade, tolerância, amor.
O Brasil é o país da máxima liberdade, em que todas as ideologias, suportáveis com o mínimo da ética e da ordem indispensável, são toleradas. O Brasil é crente e espiritualista, qualquer que seja a religião que se professe. O Brasil é o país pacífico por excelência, que não pensa, absolutamente, fazer guerra a ninguém. E então, poderemos concluir também, que a função do Brasil poderá ser a de criar com a religião do amor.
Não é este o temperamento deste país, em que pacificamente se misturam todas as raças, com seu sentimentalismo tolerante, com seu espírito antiexclusivista e anti-racista? Estas qualidades espontâneas, que já achamos existentes de fato, correspondem perfeitamente à missão que deve ter o Brasil, e a provam. Tudo concorda em cheio. É natural que a História escolha, para cada determinada tarefa, os indivíduos dotados das qualidades mais adequadas para executá-las, justamente porque a vida quer realizar, alcançando no terreno prático, todos os seus objetivos. E o Brasil pode fazer-se representante da vontade da vida, no terreno da bondade e do amor. Este é um setor vazio do equilíbrio de todas as funções do organismo social da humanidade, e que outro povo poderia preenchê-lo? Não digo que não haja outros povos bons no mundo. Mas estão empenhados em outros trabalhos. Muitas vezes, mesmo, é pelo fato de serem melhores, que estão mais sujeitos às opressões e às dores, porque na humanidade há também os destinados à expiação e à prova do sofrimento.
Tudo o que diz respeito ao Brasil, parece feito sob medida, de propósito para torná-lo apto a essa função. Trata-se, sobretudo, de amar, ou seja, de abrir os braços, evangelicamente. São tantas as ideologias propagadas no mundo... Por que deve parecer tão absurda a de um Evangelho verdadeiramente vivido? Abrir os braços ao mundo! E pode acontecer que o mundo, amanhã, com a infernal destruição que hoje se está preparando, tenha inadiável necessidade de um refúgio, onde encontrar paz; de uma terra em que não viva o ódio ou o interesse, mas o amor. ...A civilização emigrou do Egito para a Grécia, da Grécia para Roma, de Roma para a Europa e da Europa para as Américas.
A raça anglo-saxônia criou a civilização do dólar nas Estados Unidos. Por que a raça latina, herdeira de Roma, não poderia criar a civilização do Evangelho no Brasil?
Há também uma razão de caráter moral e, para a História, têm poder, outrossim, as forças desse tipo, mesmo se a política não as leve em conta. E esta razão pode ter maior valor hoje, porque esta é a hora do juízo, a hora apocalíptica, em que será liquidado um velho mundo indigno, para que nasça outro melhor. Ora, a América do Sul é inocente das últimas guerras e a raça latina é inocente da criação e do uso da bomba atômica. Esta inocência, diante da justiça de Deus, imanente nas leis da vida, forma uma base e um direito de ser salvo. Tudo, pois, parece concordar para uma missão do Brasil no mundo, que o faça, em grande parte, herdeiro especialmente da civilização latina.
O Brasil é a terra clássica das fusões de raças, é o "melting-pot" em que tudo se mistura. E sabemos que a natureza se regenera na fusão de tipos diversos, ao passo que o princípio racista isolacionista é antivital. Prova-o o esgotamento das aristocracias muito puras e selecionadas. E já se pode dizer que todas as nações do mundo tenham, hoje, seus representantes no Brasil. Este, dessa forma, já as concentra todas em síntese, como modelos, num todo que as funde juntamente numa raça nova, que pode ser chamada a síntese de todas as outras.
Por isso, o Brasil, com este seu universalíssimo, que o coloca nos antípodas das cisões nacionalistas européias, está apto a ser o berço de uma nova civilização, cujo primordial caráter será a universalidade. O mundo caminha hoje para as grandes unidades, e os patriotismos, em sentido exclusivista e agressivo, da velha Europa, tendem hoje a ser rapidamente liquidados pelas leis da vida, porque são contraproducentes para seus objetivos evolutivos.
Mas outras qualidades ainda possui o Brasil, para desempenhar a função histórica que a vida lhe oferece. É ele um país jovem. O fato de não estar carregado de milênios de história, isto é, de lutas e de dores, de fadigas pelas conquistas de tantos valores de todo o gênero, o torna mais ágil. E a história do Brasil, assim como ocorre para os jovens, está mais no futuro que no passado. Este povo tem a vantagem de poder colher, ainda em idade juvenil, os produtos de uma longa civilização, já confeccionados e prontos para o uso, pela Europa já velha, que suportou e sente o cansaço, produzido pelo esforço de quem os teve que criar por si mesmos. É uma vantagem poder dispor de tais meios; porque isso permite enfrentar a vida mais rico e armado de recursos.
Diga-se o mesmo para as idéias. O Brasil é terreno desimpedido, pronto para assimilar o que é novo. Na Europa, tudo está encadeado, cada idéia já foi lixada na vida em formas concretas, que constituem hoje uma barreira ao que é novo, e criam um obstáculo a cada passo. Sua filosofia tem todo o requinte do sofisma e do bizantinismo, enquanto que a vida nova pulsa com idéias simples, fortes e grandes.
Mas, a grande qualidade do Brasil, a que estabelece sua função vital, é o sentimento, o coração. Nesta terra estão as raízes daquela expansividade de afetos, que é a qualidade humana que, mais tarde, evoluindo, é a mais apta a sublimar-se no amor evangélico.
A inteligência é o caminho para chegar a compreender a utilidade individual e coletiva de ser bons e honestos; e o sentimento é a estrada mestra para alcançar essa fusão de almas, sem o que não poderão surgir os futuros organismos das grandes coletividades sociais.
No Brasil, antes de tudo, o temperamento é menos frio, menos fechado, mais expansivo. Poucos, na Europa, se abraçam em público, mesmo entre os íntimos, e todas as expressões de afeto são controladas e sopesadas. No Brasil, a luta menos dura e a virgindade maior de espírito ainda não fizeram fechar-se as portas da alma, nem as manifestações dos próprios sentimentos, pela desconfiança necessária aos povos mais experimentados pela calamidade inimiga. O tipo biológico do Brasil é levado mais a religião espontânea, numa expansão livre, de amor e de fé, do que a uma religião já rigidamente codificada, em que o pensamento e o sentimento permanecem enregelados nas formas. Ora, este primitivo estado espiritual incandescente, ainda que, pelo europeu, possa ser olhado com um sorriso de compaixão, é o estado mais apto aos futuros desenvolvimentos. Aqui as almas são virgens e receptivas e pode criar-se o novo.
Assim, não há apenas, no Brasil, um estado de sentimentalismo dominante, que dulcifica os homens, mas prevalece uma disposição à religiosidade e ao misticismo. Este é um povo religioso por excelência esse seu tipo biológico. Não importa que as religiões e as formas sejam muitas. Encontram-se no Brasil quase todas as religiões do mundo, vivendo juntas na mesma terra. Os grandes santos surgiram, mais freqüentemente, dos grandes pecadores passionais do que dos frios e ortodoxos pensadores. No Brasil há o estado passional que, embora no estado caótico, representa a matéria prima da fé, da religiosidade, do misticismo. Condena-se justamente a sexualidade quando é animalesca, entretanto, representa ela a primeira porta, embora a mais baixa, pela qual começa a alma a irromper ao egoísmo frígido (naturalmente calculador e que acumula para si, sexualmente neutro) para dar de si mesmo aos outros. Por esta porta passarão mais tarde, com a evolução, todas as sublimações deste primeiro e grosseiro movimento de expansão altruísta, que aos poucos se irá cada vez mais desmaterializando, até o amor aos pais pelos filhos, do homem evangélico ao próximo, do filantropo à humanidade, do místico à Divindade.
É provável que o mundo se ache, brevemente, com uma necessidade tão premente de paz e de bondade, que se valorizem de modo extraordinário os poucos lugares em que seja possível encontrá-las. E o Brasil poderá ser o primeiro entre estes. É provável que os conflitos do Hemisfério Norte terminem com grandes destruições, após as quais a vida terá imperiosa necessidade, para sua reconstituição, de paz, amor, compreensão e colaboração, e de um lugar tranqüilo onde possa repousar e recomeçar sobre essas bases. A carência crescente desses elementos e a progressiva elevação da procura, os valorizará cada vez mais, tornando-os buscados e preciosos. A humanidade, traída pela força e pela riqueza, nas quais unicamente acreditou, enregelada por um egoísmo da qual só terá recebido desolação, procurará, para não morrer, um sentimento de bondade em que possa viver com mais calor, e que termine de uma vez com as lutas. Eis a grande função histórica do Brasil, se este souber preparar-se desde já; eis sua missão, se ele quiser desempenhá-la amanhã, pois que a História está pronta para confiar-lha.
Então, poderemos dizer que o Brasil poderá ser a sede da primeira realização da terceira idéia, que funda, num todo, o que há de melhor nas duas atualmente em luta mortal, ou seja, a liberdade dum lado e a justiça econômica do outro, no amor evangélico, sem o que nada é aplicável, em paz, nem pode dar fruto algum. Isso tudo é possível, porque, como diz Victor Hugo: "há uma coisa mais poderosa que todos os exércitos: é uma idéia, cujo tempo tenha chegado".
Então, poderemos dizer, que o Brasil poderá ser verdadeiramente o berço da nova civilização do espírito e do Evangelho, da nova civilização do terceiro milênio.
Em maio de 1934 a “Revista Espírita do Brasil” publica a “Apresentação” de Pietro Ubaldi, verdadeira epístola apostólica em que o grande Missionário convoca as almas para o santo trabalho do novo Reino. Dessa “Apresentação” extraímos algumas linhas referentes ao Brasil:
· “Brasil, terra prometida da nova revelação,
· terra escolhida para a primeira compreensão,
· terra abençoada por Deus para a primeira expansão de luz no mundo! ..."
Em dezembro do mesmo ano, voltava a “Revista Espírita do Brasil” a publicar outro artigo de Ubaldi, "Programa", de que, igualmente, extraímos um trecho: " ...Eis os princípios que Sua Voz me dita - não mais, desta vez, carinho, mas, potência e conceito. Eis o que Sua Voz pede à alma do mundo. Sua alma coletiva, una e livre como uma alma individual, pode escolher e da escolha dependerá o futuro. Sua Voz se afasta, em silêncio, daquele que A não segue.
“Eis o que “Eis o que Sua Voz pede, primeiramente, ao Brasil, escolhido para a primeira afirmação no mundo, e esta afirmação deve ser um imenso amplexo de amor cristão. Esta é a primeira centelha de um incêndio que deve alastrar-se pela bondade, e tão grande que destruirá toda a dureza de ódio e rivalidade que...
· divide,
· esfomeia
· e atormenta o mundo.
Este o espírito dos tempos novos" (Gubbio - Itália - 12 de fevereiro de 1934).
Em abril de 1934 publicou também Pietro Ubaldi um artigo na "Internacional Psychic Gazette" (Abril 1934, pg.107/8), de que traduzimos e transcrevemos um tópico. Após fazer o histórico de “A Grande Síntese”, assim conclui ele:
A Entidade diz em “A Grande Síntese" que a obra é uma nova Revelação que objetiva a fundação da Nova Civilizarão do Terceiro Milênio... e que o Brasil é a terra escolhida para a primeira divulgação da nova Revelação no mundo... O movimento é muito mais do que um fenômeno mediúnico e significa também muito mais do que uma antologia mediúnica; significa a salvação do mundo de sua atual crise moral, religiosa, social e econômica."
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(The Entity says in the "Great Synthesis" that the treatise is a new Revelation leading to the Foundation of the New Civilisation of the III Millennium ... and that Brazil is the land chosen for the first divulgation of the new Revelation to the world ... The Movement is far more than a mediumistic phenomenon and means more than any gathering up of mediumistic literature; it means the salvation of the world from its present moral, religious, social and economic crisis")
Em face da destinação espiritual do Brasil nas avançadas da História, não poderiam deixar de ser também lançadas aqui, através da instrumentalidade pátria, as mesmas abençoadas sementes de igual revelação.
Assim é que, desde 1920, na Federação Espírita Brasileira, “em ambiente de excepcional suavidade e emoção o já falecido médium Albino Teixeira recebe uma mensagem, assinada por “O Espírito de Verdade”, e da qual extraímos os seguintes parágrafos: “A árvore do Evangelho, semeada há dois mil anos na Palestina, eu a transplantei para o reino de Santa Cruz, onde o meu olhar se fixa, nutrindo o meu Espírito a esperança de que breve florescerá, estendendo a sua fronte por toda parte e dando frutos sazonados de amor e perdão... Filhinhos meus muito amados, há longos séculos que procuro reunir-vos todos, para que formeis um só rebanho sob minha direção; mas, rebeldes vos tendes conservado às minhas injunções, procurando antes servir ao príncipe do vosso mundo.” (*)
Em 1938 publica-se a 1ª edição de “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, ditado pelo brilhante espírito de Humberto de Campos ao fiel médium Francisco Cândido Xavier. Nessa obra admirável, lemos esclarecedoras palavras de Emmanuel “ . . .
· Se a Grécia e a Roma da antiguidade tiveram a sua hora, como elementos primordiais das origens de toda a civilização do Ocidente;
· se o império português e espanhol se alastrou quase por todo o planeta;
· se a França, a Inglaterra têm tido a sua hora proeminente nos tempos que assinalam as etapas evolutivas do mundo,
· o Brasil terá também o seu grande momento, no relógio que marca os dias da evolução da humanidade. Se outros povos atestaram o progresso pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz.” (pág. 6)
E Humberto, nessa sua obra, nos fala, vibrante: “As reservas Brasileiras não se circunscrevem ao mundo de aço do progresso material, que impressionou fortemente o espírito de Humboldt, mas, se estendem, infinitamente, ao mundo de ouro dos corações, onde o país escreverá a sua epopéia de realizações morais, em favor do mundo.”
[62 - página 199]
(*) "Reformador, de 1/4/1920; "As Três Mensagens"
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Ontem, ...
· aprendíamos a ciência no Egito,
· a espiritualidade na Índia,
· o comércio na Fenícia,
· a revelação em Jerusalém,
· o direito em Roma
· e a filosofia na Grécia.
Hoje, ...
· adquirimos a educação na Inglaterra,
· a arte na Itália,
· a paciência na China,
· a técnica industrial na Alemanha,
· o respeito à liberdade na Suíça
· e a renovação espiritual nas Américas.
Emmanuel - (Roteiro)
MOVIMENTOS REGENERADORES
Nos albores do século XV, quando a idade medieval estava prestes a extinguir-se, grandes assembléias espirituais se reúnem nas proximidades do planeta, orientando os movimentos renovadores que, em virtude das determinações do Cristo, deveriam encaminhar o mundo para uma nova era. Todo esse esforço de regeneração efetuava-se sob o seu olhar misericordioso e compassivo, derramando sua luz em todos os corações.
Mensageiros devotados reencarnam no orbe, para desempenho de missões carinhosas e redentoras.
· Na Península Ibérica, sob a orientação da personalidade de Henrique de Sagres, incumbido de grandes e proveitosas realizações, fundam-se escolas de navegadores que se fazem ao grande oceano, em busca de terras desconhecidas.
· Numerosos precursores da Reforma surgem por toda a parte, combatendo os abusos de natureza religiosa.
· Antigos mestres de Atenas reencarnaram na Itália, espalhando nos departamentos da pintura e da escultura as mais belas jóias do gênio e do sentimento.
· A Inglaterra e a França preparam-se para a grande missão democrática que o Cristo lhes conferira.
· O comércio se desloca das águas estreitas do Mediterrâneo para as grandes correntes do Atlântico, procurando as estradas esquecidas para o Oriente.
Jesus dirige essa renascença de todas as atividades humanas, definindo a posição dos vários países europeus, e investindo cada qual com determinada responsabilidade na estrutura da evolução coletiva do planeta. Para facilitar a obra extraordinária dessa imensa tarefa de renovação, os auxiliares do Divino Mestre conseguem ambientar na Europa antigas invenções e utilidades do Oriente, como
· a bússola para as experiências marítimas
· e o papel para a divulgação do pensamento.
[52 pág. 171] - Emmanuel 1938
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MISSÃO DA AMÉRICA
O Cristo localiza, então, na América as suas fecundas esperanças. O século XVI alvorece com a descoberta do novo continente, sem que os europeus, de modo geral, compreendessem, na época, a importância de semelhante acontecimento. As riquezas fabulosas da Índia deslumbram o espírito aventureiro daquele tempo, e as testas coroadas do Velho Mundo não entenderam a significação moral do continente americano.
Os operários de Jesus, porém, abstraídos da crítica ou do aplauso do mundo, cumprem os seus grandes deveres no âmbito das novas terras. Sob a determinação superior, organizam as linhas evolutivas das nacionalidades que aí teriam de florescer no porvir. Nesse campo de lutas novas e regeneradoras, todos os espíritos de boa-vontade poderiam trabalhar pelo advento da paz e da fraternidade do futuro humano, e foi por isso que, laborando para os séculos porvindouros, definiram o papel de cada região no continente,
· localizando o cérebro da nova civilização no ponto onde hoje se alinham os Estados Unidos da América do Norte,
· e o seu coração nas extensões da terra farta e acolhedora onde floresce o Brasil, na América do Sul.
o Os primeiros guardam os poderes materiais;
o o segundo detém as primícias dos poderes espirituais, destinadas à civilização planetária do futuro.
[52 pág. 172] - Emmanuel 1938
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O PLANO INVISÍVEL E A COLONIZAÇÃO DO NOVO MUNDO
Após a descoberta da América, grande esforço de seleção espiritual foi levado a efeito no seio das lutas européias, no intuito de criar no Novo Mundo um outro sentido de evolução.
Se os colonizadores da região americana, nos primeiros tempos, eram os considerar que esses colonos não vinham tão-somente das grandes capitais do antigo continente, na exclusiva observância do plano material. Do mundo invisível, igualmente, partiram caravanas inúmeras de almas de boa-vontade, que encarnaram nas terras novas, como filhos daqueles iniqüidade da justiça dos homens. A esses Espíritos mais ou menos adiantados, aliaram-se numerosas entidades da Europa, cansadas das lutas inglórias de hegemonia e de ambição, buscando a redenção no esforço construtivo de uma nova pátria em bases sólidas de fraternidade e amor, originando-se, desse modo, entre os povos americanos, sentimentos mais elevados, quanto à compreensão da comunidade continental.
Se reconhecemos na América a projeção espiritual da Europa, temos de convir que se trata de uma Europa mais sábia e mais experiente, não só quanto aos problemas da concórdia internacional e da solidariedade humana, como também em todas as questões que significam os verdadeiros bens da vida.
[52 pág. 173] - Emmanuel 1938
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APOGEU DA RENASCENÇA
Essa renascença, iniciada do Alto, clareou a Terra em todas as direções.
· A invenção da imprensa facultava o mais alto progresso no mundo das idéias, criando as mais belas expressões de vida intelectual.
· A literatura apresenta uma vida nova e as artes atingem culminâncias que a posteridade não poderia alcançar.
· Numerosos artífices da Grécia antiga, reencarnados na Itália, deixam traços indeléveis da sua passagem, nos mármores preciosos.
· Há mesmo, em todos os departamentos das atividades artísticas, um pronunciado sabor da vida grega, anterior às disciplinas austeras do Catolicismo na idade medieval, cujas regras, aliás, atingiam rigorosamente apenas quem não fosse parte integrante do quadro das autoridades eclesiásticas.
[52 pág. 174] - Emmanuel 1938
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RENASCENÇA RELIGIOSA
A essas atividades reformadoras não poderia escapar a Igreja, desviada do caminho cristão. O plano invisível determina, assim, a vinda ao mundo de numerosos missionários com o objetivo de levar a efeito a renascença da religião, de maneira a regenerar os seus relaxados centros de força. Assim, no século XVI, aparecem as figuras veneráveis de
· Lutero,
· Calvino,
· Erasmo,
· Melanchton
· e outros vultos notáveis da Reforma, na Europa Central e nos Países Baixos.
Por ocasião dos primeiros protestos contra o fausto desmedido dos príncipes da Igreja, ocupava a cadeira pontifícia Leão X, cuja vida mundana impressionava desagradavelmente os espíritos sinceramente religiosos.
Sob a sua direção criara-se, em 1518, o célebre "Livro das Taxas da Sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitenciaria Apostólica", onde se encontrava estipulado o preço de absolvição
· para todos os pecados,
· para todos os adultérios,
· inclusive os crimes mais hediondos.
Tais rebaixamentos da dignidade eclesiástica ambientaram as pregações de Lutero e seus companheiros de apostolado. De nada valeram as perseguições e ameaças ao eminente frade agostiniano. Alguns historiadores enxergaram na sua missão uma simples expressão de despeito dos seus companheiros de comunidade, em face da preferência de Leão X encarregando os Dominicanos da pregação das indulgências. A verdade, contudo, é que o humilde filho de Eisleben tornara-se órgão da repulsa geral aos abusos da Igreja, no capítulo da imposição dogmática e da extorsão pecuniária.
Os postulados de Lutero constituíram, antes de tudo, modalidade de combate aos absurdos romanos, sem representarem o caminho ideal para as verdades religiosas.
· Ao extremismo do abuso,
· respondia com o extremismo da intolerância, prejudicando a sua própria doutrina.
Mas o seu esforço se coroou de notável importância para os caminhos do porvir.
[52 pág. 175] - Emmanuel 1938
A Missão do Brasil
Por todo o mundo, muitos corações empedernidos fecham-se aos apelos da caridade e da necessidade de se dividir mais igualitariamente as riquezas materiais que existem no globo e entre dias de ação de graças, comemorações de datas pátrias, oferendas a ídolos de pedra, milhões de crianças, homens e mulheres sucumbem à humilhação do pós-guerra, ao massacre da fome, a dor de um ente violentado e a prostituição. E no Brasil, na terra do cruzeiro ,país continental escolhido pelo angelical Ismael para sediar a grande missão apostolar de ser fonte de bênçãos entre as diversas raças e religiões, oscila no psiquismo nacional, estágios de descrença e euforia social .
Neste roteiro de desafios desanimadores, retornam a Terra muitos servidores da Boa Nova, nos campos da filosofia, das ciências e das religiões fraternais. E para o Brasil, distante de conceitos de privilégios ou castas, se revezam vanguardeiros que se apresentam nas muitas áreas de atuação humana, marcando passagem pela sinceridade daquilo que falam e vivenciam.
***
Meus filhos lancemos fora os costumes desregrados e mesquinhos das épocas de alienação e revolta, que fizeram surgir rebeliões sociais a titulo de revolução do povo.
Afastemo-nos da cobiça desenfreada, onde o vil metal supera a honestidade e a dignidade dos Homens.
Apartemo-nos das falácias das elites igreijistas, serviçais de mamon, que pregam o separatismo e a intolerância até mesmo para com as chamadas minorias, irmãos nossos que merecem respeito e tolerância em suas opções.
***
Neste contexto de transição espiritual, sobressai aos nossos olhos espirituais, a pátria brasileira a qual muito amamos e servimos em nossa ultima passagem pela Terra, e que aqui nos confins da espiritualidade, recebe particular afeto de nossa bendita Maria, a amorável mãe de Jesus, em virtude de se encontrarem encarnados no Brasil, alguns milhares de caravaneiros de sua equipe espiritual.
O Brasil há muito possui a missão de unir mentes no caminho da salvação caritativa e por isso deve acordar definitivamente deste sono, hora de euforia, hora de lassidão.
A nação é mais do que a alegria passageira oriunda dos títulos nos esportes populares, euforias carnavalescas, imediatismos consumistas, fatores que indiscutivelmente respeitamos, mas que tem gerado a médio e longo prazo, estímulos ao comodismo, ao esquecimento dos grandes problemas nacionais e com isso gerando campo fértil para a tese do menor esforço, da alienação e a incessante busca pelo poder que projeta nas sombras, a erva daninha do narcotráfico e da corrupção galopante que se espalha nos três poderes, conferindo péssimo exemplo as base da pirâmide social, o que sem duvidas propicia discursos hipócritas, messiânicos e populistas.
***
Neste momentos de desafios morais e intelectuais, a Doutrina Cristã Espírita, codificada por Allan Kardec, não é a única forma de auxiliar a espiritualizar os sentimentos, mas é aquela que melhor esclarece quanto às responsabilidades individuais e seus resgates cármicos.
Todas as religiões e filosofias que no mundo estimulam a bondade e a compreensão são bem aventuradas, mas o tempo urge para muitos de nossos irmãos alguns deles em ultimas oportunidades reencarnatórias necessitando de esclarecimentos mais racionais e diretos.
Filhos amai-vos e instrui-vos como ensinaram as venerandas vozes a Allan Kardec. Evangelizemos a criança, o moço e o adulto e não nos afastemos nem do apoio material, nem do amparo espiritual que são fontes benditas para nossa evolução.
***
No passado , a Palestina foi aquinhoada com a presença de Jesus e fechou as portas do templo intimo, optando pelas aparências e pelo personalismo, não façamos o mesmo com o Brasil.
O Brasil recebeu a missão de edificar vidas e ser o celeiro material e espiritual do mundo, mas se o povo buscar apenas a projeção material, tal como muitos impérios de gelo, sucumbirá ao sentimento de vaidade pátria, negando o Cristo e endividando-se ainda mais perante os párias da nação.
Compadeçamo-nos das nossas crianças que perambulam nas ruas consumindo tóxicos devastadores. Idosos que jazem em catres infectos. Presidiários em depósitos de sevícias. Pais sem esperanças. Evitemos as teias do individualismo que propicia a cumplicidade com o aborto delituoso, as promoções de leis favoráveis à eutanásia, a pena de morte e a comunhão com o que há de pior em nosso primitivismo animal.
Irmãos acordemos enquanto ainda balouça nos quadrantes nacionais a bandeira do amor e da esperança pedindo-nos vivenciar o Evangelho do Cristo, com muito trabalho, solidariedade e tolerância.
Que assim Deus nos permita auxiliar. Do irmão humílimo de sempre,
Bezerra de Menezes
Médium Luiz Cláudio –novembro de 2005
LIVRO
Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho
1
Francisco
Cândido
Xavier
PELO ESPIRITO
HUMBERTO DE CAMPOS
A primeira edição desta obra
foi publicada em 1938
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL E GRÁFICO
Rua Souza Valente, 17
20941-040 — Rio-RJ — Brasil
2
Esta numeração corresponde ao livro impresso, o texto
digital não considerou as folhas em branco.
ÍNDICE
Prefácio .......................................................... 9
Esclarecendo ................................................... 13
O Coração do Mundo ................................... 19
A «Pátria do Evangelho» ................................ 27
Os degredados .................................................. 35
Os missionários ................................................. 41
Os escravos ..................................................... 49
A civilização brasileira ................................ 57
Os negros do Brasil ......................................... 65
A Invasão Holandesa........................................ 73
A restauração de Portugal ........................... 81
As Bandeiras ..................................................... 89
Os movimentos nativistas ................................ 97
No tempo dos vice-reis ................................ 103
Pombal e os jesuítas ....................................... 109
A Inconfidência Mineira ................................. 117
A Revolução Francesa .................................. 125
D. João VI no Brasil ....................................... 133
Primórdios da Emancipação............................. 141
No limiar da Independência ............................ 147
A Independência .............................................. 153
D. Pedro II......................................................... 161
Fim do primeiro reinado ................................. 167
Bezerra de Menezes ......................................... 175
A obra de Ismael ............................................ 181
3
A Regência e o segundo reinado ................... 187
A guerra do Paraguai ................................. 193
O movimento abolicionista ............................. 201
A República ...................................................... 209
A Federação Espírita Brasileira ................... 217
O Espiritismo no Brasil ................................ 225
Pátria do Evangelho.................................... 233
5
Prefácio
Meus caros filhos. Venho falar-vos do trabalho
em que agora colaborais com o nosso amigo desencarnado,
no sentido de esclarecer as origens remotas
da formação da Pátria do Evangelho a que
tantas vezes nos referimos em nossos diversos comunicados.
O nosso irmão Humberto tem, nesse
assunto, largo campo de trabalho a percorrer, com
as suas facilidades de expressão e com o espírito
de simpatia de que dispõe, como escritor, em face
da mentalidade geral do Brasil.
Os dados que ele fornece nestas páginas foram
recolhidos nas tradições do mundo espiritual, onde
falanges desveladas e amigas se reúnem constantemente
para os grandes sacrifícios em prol da humanidade
sofredora. Este trabalho se destina a explicar
a missão da terra brasileira no mundo moderno.
Humboldt, visitando o vale extenso do Amazonas,
exclamou, extasiado, que ali se encontrava o celeiro
do mundo. O grande cientista asseverou uma grande
verdade: precisamos, porém, desdobrá-la, estendendo-
a do seu sentido econômico à sua significação
espiritual. O Brasil não está somente destinado a
suprir as necessidades materiais dos povos mais
pobres do planeta, mas, também, a facultar ao
mundo inteiro uma expressão consoladora de crença
e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades
espirituais do orbe inteiro. Nestes tempos de
6
confusionismo amargo, consideramos de utilidade
um trabalho desta natureza e, com a permissão dos
nossos maiores dos planos elevados, empreendemos
mais esta obra humilde, agradecendo a vossa desinteressada
e espontânea colaboração. Nossa tarefa
visa a esclarecer o ambiente geral do país, argamassando
as suas tradições de fraternidade com o cimento
das verdades puras, porque, se a Grécia e a
Roma da antigüidade tiveram a sua hora, como
elementos primordiais das origens de toda a civilização
do Ocidente; se o império português e o espanhol
se alastraram quase por todo o planeta; se a
França, se a Inglaterra têm tido a sua hora proeminente
nos tempos que assinalam as etapas evolutivas
do mundo, o Brasil terá também o seu grande momento,
no relógio que marca os dias da evolução da
humanidade.
Se outros povos atestaram o progresso, pelas
expressões materializadas e transitórias, o Brasil
terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando
a fonte de um pensamento novo, sem as
ideologias de separatividade, e inundando todos os
campos das atividades humanas com uma nova luz.
Eis, em síntese, o porquê da nossa atuação, nesse
sentido. O nosso irmão encontra mais facilidade para
vazar o seu pensamento em soledade com o médium,
como se ainda se encontrasse no seu escritório solitário;
daí a razão por que as páginas em apreço
foram produzidas de molde a se aproveitarem as
oportunidades do momento. Pecamos a Deus que
inspire os homens públicos, atualmente no leme da
7
Pátria do Cruzeiro, e que, nesta hora amarga em que
se verifica a inversão de quase todos os valores
morais, no seio das oficinas humanas, saibam eles
colocar muito alto a magnitude dos seus precípuos
deveres. E a vós, meus filhos, que Deus vos fortaleça
e abençoe, sustentando-vos nas lutas depuradoras
da vida material.
EMMANUEL
8
Esclarecendo
Todos os estudiosos que percorreram o Brasil,
estudando alguns detalhes dos seus oito milhões e
meio de quilômetros quadrados, se apaixonaram
pela riqueza das suas possibilidades infinitas. Eminentes
geólogos definiram-lhe os tesouros do solo e
naturalistas ilustres lhe classificaram, a fauna e a
flora, maravilhados ante as suas prodigiosas surpresas.
Nas paisagens suntuosas e inéditas, onde o
calor suave dos trópicos alimenta e perfuma todas
as coisas, há sempre um traço de beleza e de originalidade
empolgando o espírito do viajor sedento
de emoções.
Afãs, se numerosos pensadores e artistas notáveis
lhe traduziram a grandiosidade de mundo novo,
contando "lá fora" as inesgotáveis reservas do gigante
da América, todo esse espírito analítico não
passou da esfera superficial das apreciações, porque
não viram o Brasil espiritual, o Brasil evangélico,
em cujas estradas, cheias de esperança, luta, sonha
e trabalha o povo fraternal e generoso, cuja alma é
a "flor amorosa de três raças tristes", na expressão
harmoniosa de um dos seus poetas mais eminentes.
As reservas brasileiras não se circunscrevem ao
mundo de aço do progresso material, que impressionou
fortemente o espírito de Humboldt, mas se estendem,
infinitamente, ao mundo de ouro dos corações, onde o
país escreverá a sua epopéia de realizações morais, em
favor do mundo.
Jesus transplantou da Palestina para a região do Cru9
zeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de
que os seus rebentos delicados florescessem de novo,
frutificando em obras de amor para todas as criaturas.
Ao cepticismo da época soará estranhamente uma afirmativa
desta natureza. O Evangelho ? Não seria mera
ficção de pensadores do Cristianismo o repositório de
suas lições ? Não foi apenas um cântico de esperança
do povo hebreu, que a Igreja Católica adaptou para garantir
a coroa na cabeça dos príncipes terrestres? Não
será uma palavra vazia, sem significação objetiva na
atualidade do globo, quando todos os valores espirituais
pare-cem descer ao sepulcro caiado" da transição e
da decadência? Mas, a realidade é que, não obstante
todas as surpresas das ideologias modernas, a lição do
Cristo aí está no planeta, aguardando a compreensão
geral do seu sentido profundo. Sobre ela, levantaram-se
filosofias complicadas e as mais extra vagantes teorias
salvacionistas. Em seu favor, muitos milhares de livros
foram editados e algumas guerras ensangüentaram o
roteiro dos povos. Entretanto, a sublime exemplificação
do Divino Mestre, na sua expressão pura e simples,
só pede a humildade e o amor da criatura, para ser
devidamente compreendida. Do seu entendimento decorre
aquele "Reino de Deus" em cada coração, de que falava
o Senhor nas suas meigas pregações do Tiberíades
— reino de amor fraternal, cuja luz é o único elemento
capaz de salvar o mundo, que se encaminha para os
desfiladeiros da destruição.
E os verdadeiros aprendizes, os crentes sinceros no
poder e na misericórdia do Senhor, esperam, com os
seus labores obscuros, o advento da cristianização da
10
humanidade, quando os homens, livres de todos os
símbolos sectários de separabilidade, puderem entender,
integralmente, as maravilhas ocultas da obra
cristã. Nas suas dolorosas provações dos tempos modernos,
quando quase todos os valores morais sofrem o insulto
da mais ampla subversão, esses espíritos heróicos
e humildes sabem, na sua esperança e na sua crença,
que, se Deus permite a prática de tantos absurdos,
por parte dos poderosos da Terra, que se embriagam
com o vinho da autoridade e da ambição, é que todas
essas lutas nada mais representam do que experiências
penosas, por abreviar a compreensão geral das
leis divinas no porvir. E, serenos na sua resignação e
na sua sinceridade, conhecem, ainda, que as lições do
Evangelho não são símbolos mortos e aguardam,
cheios de confiança no mundo espiritual, a alvorada
luminosa do renascimento humano.
Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o
Brasil caminha na vanguarda. O material a empregar
nesse serviço não vem das fontes de produção originariamente
terrena e sim do plano invisível,
onde se elaboram todos os ascendentes construtores
da Pátria do Evangelho.
Estas páginas modestas constituem, pois, uma contribuição
humilde à elucidação da história da
civilização brasileira em sua marcha através dos
tempos. Têm por único objetivo provar a excelência
da missão evangélica do Brasil no concerto dos
povos e que, acima de tudo, todas as suas realizações
e todos os seus feitos, forros dos miseráveis
troféus das glórias sanguinolentas, tiveram suas
11
origens profundas no plano espiritual, de onde Jesus,
pelas mãos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente
a evolução da pátria extraordinária, em
cujos céus fulguram as estrelas da cruz. São elas,
ainda, um grito de fé e de esperança aos que estacionam
no meio do caminho. Ditadas pela voz de
quem já atravessou as estradas poeirentas e tristes
da Morte, dirigem-se aos meus companheiros e
irmãos da mesma comunidade e da mesma família,
exclamando:
— Brasileiros, ensarilhemos, para sempre, as
armas homicidas das revoluções!... Consideremos
o valor espiritual do nosso grande destino.' Engrandeçamos
a pátria no cumprimento do dever pela
ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o
trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos,
acima de tudo, que todas as suas realizações hão de
merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem
nos bastidores do poder transitório e precário
dos homens! Nos dias de provação, como nas
horas de venturas, estejamos irmanados numa doce
aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro
da qual deveremos esperar as claridades do futuro.
Não nos compete estacionar, em nenhuma circunstância,
e sim marchar, sempre, com a educação e
com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua
admirável espiritualidade e na sua grandeza imperecível!
HUMBERTO DE CAMPOS. (Espírito)
12
O CORAÇÃO DO MUNDO
O inundo político e social do Ocidente encontra-
se exausto.
Desde as pregações de Pedro, o Eremita, até a
morte do Rei Luís IX, diante de Túnis, acontecimento
que colocara um dos derradeiros marcos nas guerras
das Cruzadas, as sombras da idade medieval
confundiram as lições do Evangelho, ensangüentando
todas as bandeiras do mundo cristão.
Foi após essa época, no último quartel do século
XTV, que o Senhor desejou realizar uma de suas
visitas periódicas à Terra, a fim de observar os prógressos
de sua doutrina e de seus exemplos no coração
dos homens.
Anjos e Tronos lhe formavam a corte maravilhosa.
Dos céus à Terra, foi colocado outro símbolo
da escada infinita de Jacob, formado de flores e de
estrelas cariciosas, por onde o Cordeiro de Deus
transpôs as imensas distâncias, clarificando os caminhos
cheios de treva. Mas, se Jesus vinha do coração
luminoso das esferas superiores, trazendo nos olhos
misericordiosos a visão dos seus impérios resplandecentes
e na alma profunda o ritmo harmonioso
dos astros, o planeta terreno lhe apresentava ainda
aquelas mesmas veredas escuras, cheias da lama da
impenitência e do orgulho das criaturas humanas, e
repletas dos espinhos da ingratidão e do egoísmo.
Embalde seus olhos compassivos procuraram o ninho
doce do seu Evangelho; em vão procurou o Senhor
os remanescentes da obra de um de seus últimos
13
enviados à face do orbe terrestre. No coração da
Umbria haviam cessado os cânticos de amor e de
fraternidade cristã. De Francisco de Assis só haviam
ficado as tradições de carinho e de bondade; os pecados
do mundo, como novos lobos de Gúbio, haviam
descido outra vez das selvas misteriosas das iniqüidades
humanas, roubando às criaturas a paz e aniquilando-
lhes a vida.
— Helil — disse a voz suave e meiga do Mestre
a um dos seus mensageiros, encarregado dos problemas
sociológicos da Terra — meu coração se enche de
profunda amargura, vendo a incompreensão dos
homens, no que se refere às lições do meu Evangelho.
Por toda parte é a luta fratricida, como polvo
de infinitos tentáculos, a destruir todas as esperanças;
recomendei-lhes que se amassem como irmãos,
e vejo-os em movimentos impetuosos, aniquilando-se
uns aos outros como Cains desvairados.
— Todavia — replicou o emissário solícito,
como se desejasse desfazer a impressão dolorosa e
amarga do Mestre — esses movimentos, Senhor, intensificaram
as relações dos povos da Terra, aproximando
o Oriente e o Ocidente, para aprenderem a
lição da solidariedade nessas experiências penosas;
novas utilidades da vida foram descobertas; o comércio
progrediu além de todas as fronteiras, reunindo
as pátrias do orbe. Sobretudo, devemos considerar
que os príncipes cristãos, empreendendo as
iniciativas daquela natureza, guardavam a nobre
intenção de velar pela paisagem deliciosa dos Lugares
Santos.
14
Mas — retornou tristemente a voz compassiva
do Cordeiro — qual o lugar da Terra que não
é santo? Em todas as partes do mundo, por mais
recônditas que sejam, paira a bênção de Deus, convertida
na luz e no pão de todas as criaturas. Era
preferível que Saladino guardasse, para sempre,
todos os poderes temporais na Palestina, a que caísse
um só dos fios de cabelo de um soldado, numa guerra
incompreensível por minha causa, que, em todos os
tempos, deve ser a do amor e da fraternidade universal.
E, como se a sua vista devassasse todos os mistérios
do porvir, continuou:
— Infelizmente, não vejo senão o caminho do
sofrimento para modificar tão desoladora situação.
Aos feudos de agora, seguir-se-ão as coroas poderosas
e, depois dessa concentração de autoridade e de
poder, serão os embates da ambição e a carnificina
da inveja e da felonia, pelo predomínio do mais forte.
A amargura divina empolgara toda a formosa
assembléia de querubins e arcanjos. Foi quando
Helil, para renovar a impressão ambiente, dirigiu-se
a Jesus com brandura e humildade:
— Senhor, se esses povos infelizes, que procuram
na grandeza material uma felicidade impossível,
marcham irremediavelmente para os grandes
infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados,
onde espíritos jovens e simples aguardam a
semente de uma vida nova. Nessas terras, para além
dos grandes oceanos, poderíeis instalar o pensamento
cristão, dentro das doutrinas do amor e da
15
liberdade.
E a caravana fulgurante, deixando um rastro
de luz na imensidade dos espaços, encaminhou-se ao
continente que seria, mais tarde, o mundo americano.
O Senhor abençoou aquelas matas virgens e
misteriosas. Enquanto as aves lhe homenageavam a
inefável presença com seus cantares harmoniosos,
as flores se inclinavam nas árvores ciclópicas, aromatizando-
lhe as eterizadas sendas. O perfume do
mar casava-se ao oxigênio agreste da selva bravia,
impregnando todas as coisas de um elemento de
força desconhecida. No solo, eram os silvícolas humildes
e simples, aguardando uma era nova, com o
seu largo potencial de energia e bondade.
Cheio de esperanças, emociona-se o coração do
Mestre, contemplando a beleza do sublimado espetáculo.
— Helil — pergunta ele — onde fica, nestas
terras novas, o recanto planetário do qual se enxerga,
no infinito, o símbolo da redenção humana?
— Esse lugar de doces encantos, Mestre, de
onde se vêem, no mundo, as homenagens dos céus
aos vossos martírios na Terra, fica mais para o sul.
E, quando no seio da paisagem repleta de aromas
e de melodias, contemplavam as almas santificadas
dos orbes felizes, na presença do Cordeiro, as
maravilhas daquela terra nova, que seria mais tarde
o Brasil, desenhou-se no firmamento, formado de
estrelas rutilantes, no jardim das constelações de
Deus, o mais imponente de todos os símbolos.
Mãos erguidas para o Alto, como se invocasse
16
a bênção de seu Pai para todos oé elementos daquele
solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus:
— Para esta terra maravilhosa e bendita será
transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade
e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo,
todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade
universal. Sob estes céus serão entoados os
hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial.
Tu, Helil, te corporificarás na Terra, no seio do
povo mais pobre e mais trabalhador do Ocidente;
instituirás um roteiro de coragem, para que sejam
transpostas as imensidades desses oceanos perigosos
e solitários, que separam o velho do novo mundo.
Instalaremos aqui uma tenda de trabalho para a
nação mais humilde da Europa, glorificando os seus
esforços na oficina de Deus. Aproveitaremos o elemento
simples de bondade, o coração fraternal dos
habitantes destas terras novas, e, mais tarde, ordenarei
a reencarnação de muitos Espíritos já purificados
no sentimento da humildade e da mansidão,
entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões
africanas, para formarmos o pedestal de solidariedade
do povo fraterno que aqui florescerá, no futuro,
a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos
gloriosos do porvir. Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa
das estrelas da cruz, ficará localizado o
coração do mundo!
Consoante a vontade piedosa do Senhor, todas
as suas ordens foram cumpridas integralmente.
Daí a alguns anos, o seu mensageiro se estabelecia
na Terra, em 1394, como filho de D. João I e de
17
D. Filipa de Lencastre, e foi o heróico Infante de
Sagres, que operou a renovação das energias portuguesas,
expandindo as suas possibilidades realizadoras
para além dos mares. O elemento indígena foi chamado
a colaborar na edificação da pátria nova; almas
bem-aventuradas pelas suas renúncias se corporificaram
nas costas da África flagelada e oprimida e,
juntas a outros Espíritos em prova, formaram a falange
abnegada que veio escrever na Terra de Santa
Cruz, com os seus sacrifícios e com os seus sofrimentos,
um dos mais belos poemas da raça negra em
favor da humanidade.
Foi por isso que o Brasil, onde confraternizam
hoje todos os povos da Terra e onde será modelada
a obra imortal do Evangelho do Cristo, muito antes
do Tratado de Tordesilhas, que fincou as balizas das
possessões espanholas, trazia já, em seus contornos, a
forma geográfica do coração do mundo.
NOTA DA EDITORA — O Autor preferiu a
forma árabe.
— Helil, em vez de Hilel, forma hebraica geralmente
usada.
18
A PÁTRIA DO EVANGELHO
D. Henrique de Sagres abandonou as suas atividades
na Terra em 1460.
Estava realizado, em linhas gerais, o seu grande
destino. Da sua casa modesta da Vila-Nova do Infante,
onde se encontra ainda hoje uma placa comemorativa,
como perene homenagem ao grande navegador,
desenvolvera ele, no mundo inteiro, um sentimento
novo de amor ao desconhecido. Desde a
expedição de Ceuta, o Infante deixou transparecer,
em vários documentos que se perderam nos arquivos
da Casa de Avis, que tinha a certeza da existência
das terras maravilhosas, cuja beleza haviam contemplado
os seus olhos espirituais, no passado longínquo.
Toda a sua existência de abnegação e ascetismo
constituíra uma série de relâmpagos luminosos
no mundo de suas recordações. A prova de que os
seus estudos particulares falavam da terra desconhecida
é que o mapa de André Bianco, datado de
1448, mencionava uma região fronteira à África.
Para os navegadores portugueses, portanto, a existência
da grande ilha austral já não era assunto
ignorado.
Novamente no Além, o antigo mensageiro do
Mestre não descansou, chamando a colaborar com
ele numerosas falanges de trabalhadores devotados
à causa do Evangelho do Senhor. Procura influenciar
sobre o curto reinado de D. Duarte estendendo,
com os seus cooperadores, essa mesma atuação ao
tempo de D. Afonso V, sem lograr uma ação deci19
siva a favor das empresas esperadas. Aproveitando
o sonho geral dos tesouros das índias, a personalidade
do Infante se desdobra, com o objetivo de descortinar
o continente novo ao mundo político do
Ocidente. Enquanto a sua atuação encontra fraco
eco junto às administrações de sua terra, o povo de
Castela começa a preocupar-se seriamente com as
idéias novas, lançando-se à disputa das riquezas
entrevistas. Eleva-se então ao poder D. João U, cujo
reinado se caracterizou pela previdência e pela energia
realizadora. Junto do seu coração, o emissário
invisível encontra grandes aspirações, irmãs das
suas. O Príncipe Perfeito torna-se o dócil instrumento
do mensageiro abnegado. A mesma sede de
além lhe devora o pensamento. Expedições diversas
se organizam. O castelo de São Jorge é fundado por
Diogo de Azambuja, na Costa da Mina; Diogo Cão
descobre toda a costa de Angola; por toda parte,
sob o olhar protetor do grande rei, aventuram-se os
expedicionários. Mas o espírito, em todos os planos
e circunstâncias da vida, tem de sustentar as maiores
lutas pela sua purificação suprema. Entidades
atrasadas na sua carreira evolutiva se unem contra
as realizações do príncipe ilustre. Depois do desastre
no Campo de Santarém, no qual o filho perde a
vida em condições trágicas, surgem outras complicações
entre a sua direção justiceira e os nobres da
época, e D. João II morre envenenado em Alvor, no
ano de 1495.
Todavia, os planos da Escola de Sagres estavam
consolidados. Com a ascensão de D. Manuel I ao
20
poder, nada mais se fez que atingir o fim de longa
e laboriosa preparação. Em 1498, Vasco da Gama
descobre o caminho marítimo das índias e, um pouco
mais tarde, Gaspar de Corte Real descobre o Canadá.
Todos os navegadores saem de Lisboa com instruções
secretas quanto à terra desconhecida, que
se localizava fronteira à África e que já havia sido
objeto de protesto de D. João n contra a bula de
Alexandre VI, que pretendia impor-lhe restrições ao
longo do Atlântico, por sugestão dos reis católicos
da Espanha.
No dia 7 de março de 1500, preparada a grande
expedição de Cabral ao novo roteiro das índias,
todos os elementos da expedição, encabeçados pelo
capitão-mor, visitaram o Paço de Alcáçova, e na
véspera do dia 9, dia este em que se fizeram ao mar,
imploraram os navegadores a bênção de Deus, na
ermida do Restelo, pouso de meditação que a fé sincera
de D. Henrique havia edificado. O Tejo estava
coberto de embarcações engalanadas e, entre manifestações
de alegria e de esperança, exaltava-se o
pendão glorioso das quinas.
No oceano largo, o capitão-mor considera a possibilidade
de levar a sua bandeira à terra desconhecida
do hemisfério sul. O seu desejo cria a necessária
ambientação ao grande plano do mundo invisível.
Henrique de Sagres aproveita esta maravilhosa possibilidade.
Suas falanges de navegadores do Infinito
se desdobram nas caravelas embandeiradas e alegres.
Aproveitam-se todos os ascendentes mediúnicos.
As noites de Cabral são povoadas de sonhos
21
sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas inquietas
cedem ao impulso de uma orientação imperceptível.
Os caminhos das índias são abandonados.
Em todos os corações há uma angustiosa expectativa.
O pavor do desconhecido empolga a alma
daqueles homens rudes, que se viam perdidos entre
o céu e o mar, nas imensidades do Infinito. Mas, a
assistência espiritual do mensageiro invisível, que,
de fato, era ali o divino expedicionário, derrama um
claror de esperança em todos os ânimos. As primeiras
mensagens da terra próxima recebem-nas com
alegria indizível. As ondas se mostram agora, amiúde,
qual colcha caprichosa de folhas, de flores e de
perfumes. Avistam-se os píncaros elegantes da plaga
do Cruzeiro e, em breves horas, Cabral e sua gente
se reconfortam na praia extensa e acolhedora. Os
naturais os recebem como irmãos muito amados.
A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra,
eles a ouvem com veneração e humildade. Colocam
suas habitações rústicas e primitivas à disposição
do estrangeiro e reza a crônica de Caminha que
Diogo Dias dançou com eles nas areias de Porto Seguro,
celebrando na praia o primeiro banquete de
fraternidade na Terra de Vera Cruz.
A bandeira das quinas desfralda-se então gloriosamente
nas plagas da terra abençoada, para
onde transplantara Jesus a árvore do seu amor e da
sua piedade, e, no céu, celebra-se o acontecimento
com grande júbilo. Assembléias espirituais, sob as
vistas amorosas do Senhor, abençoam as praias
extensas e claras e as florestas cerradas e bravias.
22
Há um contentamento intraduzível em todos os corações,
como se um pombo simbólico trouxesse as
novidades de um mundo mais firme, após novo
dilúvio.
Henrique de Sagres, o antigo mensageiro do
Divino Mestre, rejubila-se com as bênçãos recebidas
do céu. Mas, de alma alarmada pelas emoções mais
carinhosas e mais doces, confia ao Senhor as suas
vacilações e os seus receios:
— Mestre — diz ele — graças ao vosso coração
misericordioso, a terra do Evangelho florescerá agora
para o mundo inteiro. Dai-nos a vossa bênção para que
possamos velar pela sua tranqüilidade, no seio da pirataria
de todos os séculos. Temo, Senhor, que as nações
ambiciosas matem as nossas esperanças, invalidando
as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros...
Jesus, porém, confiante, por sua vez, na proteção
de seu Pai, não hesita em dizer com a certeza
e a alegria que traz em si:
— Helil, afasta essas preocupações e receios
inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a
epopéia do meu Evangelho, estará, antes de tudo,
ligada eternamente ao meu coração. As injunções
políticas terão nela atividades secundárias, porque,
acima de todas as coisas, em seu solo santificado e
exuberante estará o sinal da fraternidade universal,
unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa
extensão pairará constantemente o signo da minha
assistência compassiva e a mão prestigiosa e potehtíssima
de Deus pousará sobre a terra de minha
23
cruz, com infinita misericórdia. As potências imperialistas
da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades
divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o
estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra
ligada para sempre.
Nos céus imensos, havia clarões estranhos de uma
bênção divina. No seu sólio de estrelas e de flores, o
Supremo Senhor sancionara, por certo, as bondosas
promessas de seu Filho.
E foi assim que o minúsculo Portugal, através
de três longos séculos, embora preocupado com as
fabulosas riquezas das índias, pôde conservar, contra
flamengos e ingleses, franceses e espanhóis, a unidade
territorial de uma pátria com oito milhões e
meio de quilômetros quadrados e com oito mil quilômetros
de costa marítima. Nunca houve exemplo
como esse em toda a história do mundo. As possessões
espanholas se fragmentaram, formando cerca
de vinte repúblicas diversas. Os Estados americanos
do norte devem sua posição territorial às anexações
e às lutas de conquista. A Louisiana, o Novo México,
o Alasca, a Califórnia, o Texas, o Oregon, surgiram
depois da emancipação das colônias inglesas. Só o
Brasil conseguiu manter-se uno e indivisível na
América, entre os embates políticos de todos os
tempos. Ê que a mão do Senhor se alça sobre a sua
longa extensão e sobre as suas prodigiosas riquezas.
O coração geográfico do orbe não se podia fracionar.
o desaparecimento da Confederação
do Equador, as agitações intestinas. Os reinóis,
espalhados por todos os recantos do país, esperavam
um golpe de unificação das duas pátrias, sonhando com
o regresso à vida colonial, em benefício dos seus interesses
econômicos. Os brasileiros, todavia, entravam
em luta com os portugueses, constituindo esses movimentos
uma ameaça constante à paz coletiva, durante
vários anos.
O mundo invisível, porém, atua de maneira sensível
entre os gabinetes políticos, para que a Província Cisplatina
fosse reintegrada em sua liberdade, após a anexação
indébita, levada a efeito pelas forças armadas de
121
D. João VI, em 1821, por inspiração de D. Carlota
Joaquina. A imposição para submetê-la era francamente
impopular, porquanto, desde o início da civilização
brasileira, os mensageiros de Jesus difundiram o mais
largo conceito de fraternidade dentro da Pátria do Cruzeiro,
onde todo o povo guarda a tradição da solidariedade
e da autonomia. A realidade é que Ismael triunfa
sempre. Apesar das primeiras vitórias das armas brasileiras,
a Província Cisplatina, que não era produto elaborado
pela Pátria do Evangelho nem fruto de trabalho
dos portugueses, se separava definitivamente do coração
geográfico do mundo, graças à mediação pacífica
da Inglaterra, para formar o território que veio a constituir
a República Oriental do Uruguai.
Enquanto se desenrolavam esses acontecimentos, a
opinião pública do Brasil não abandonava a crítica a
todos os atos e deliberações do imperador. D. Pedro,
senhor da psicologia dos tempos novos, não ignorava
quanta decisão reclamavam os afazeres penosos do
governo. Seus ministérios, no Rio de Janeiro, se organizavam
para se desfazerem em curtos períodos de
tempo. O país andava agitado e apreensivo, temendolhe
as resoluções e espreitando-lhe os menores gestos.
As suas aventuras amorosas eram pérfidamente comentadas
pelas anedotas da malícia carioca. O povo,
conhecendo alguma coisa da sua conduta particular, se
encarregou de elaborar a maior parte de todas as histórias
ridículas em torno da sua personalidade, que, se
rude e sensual, não era diferente da generalidade dos
homens da época e tinha, não raras vezes, rasgos generosos,
que alcançavam os mais altos cumes do senti122
mento.
A imprensa instituída pelo Conde de Linhares, em
1808, sob a proteção de D. João VI, no casarão da Rua
do Passeio, não o abandonou, transformando-se em
sentinela dos seus menores pensamentos.
O imperador era acusado de proteger, criminosamente,
os interesses portugueses, a despeito das suas
ações em contrário.
Muitas vezes, em momentos de meditação, no Paço
de São Cristóvão, já ao tempo de suas segundas
nupcias, deixava ele vagar o espírito pelo mundo rico
das suas experiências, acerca dos homens e da vida,
para reconhecer que todo aquele ódio gratuito lhe advinha
da condição de português nato. O Brasil era reconhecido
ao seu feito, no que se referia à independência
política, mas não tolerava a origem do seu imperador,
em se tratando dos problemas da sua autonomia.
Dias após as "noites das garrafadas", em que os partidos
políticos se engalfinharam na praça pública, de 12
a 14 de março de 1831, D. Pedro compareceu a um Te-
Deum na igreja de São Francisco, sendo recebido, depois
da cerimônia religiosa, pelo povo que o rodeou,
com algumas demonstrações de desagrado.
Para aplacar os ânimos exaltados do partidarismo, D.
Pedro organiza novo ministério, todo composto de homens
de sua absoluta confiança. O povo, entretanto,
divisando dentro do novo gabinete ministerial somente
os que ele considerava os palacianos de São Cristóvão,
reuniu-se no Campo de Santana, capitaneado por demagogos
e, em poucos minutos, a revolução se alastrava
pela cidade inteira. Deputações populares são envia123
das ao imperador, que as recebe com serenidade e indiferença.
Entre os revoltosos estão os seus melhores
amigos. Os senhores da situação eram os mesmos a
quem o imperador havia amparado na véspera. O próprio
exército, que organizara com imenso desvelo, se
voltava contra ele naquela noite memorável. D. Pedro,
depois de ouvir à meia-noite as explicações do Major
Miguel de Frias, que viera a palácio em busca da sua
decisão quanto às exigências do povo, que lhe impunha
o antigo ministério, mandou chamar o chefe da guarda
do regimento de artilharia, aquartelado em São Cristóvão,
e lhe ordenou, com serena nobreza, que se reunisse
com os seus homens às tropas revoltadas, acrescentando
generosamente:
— Não quero que ninguém se sacrifique por minha
causa.
Depois da meia-noite, preferiu ficar só, na quietude
do seu gabinete. Ali, atentou no patrimônio das suas
experiências. Através do silêncio e da sombra, a voz de
seu pai, já na vida livre dos espaços, lhe falava brandamente
ao coração. Os mensageiros de Ismael auxiliamlhe
o cérebro esgotado na solução do grande problema
e, às duas horas da madrugada de 7 de abril de 1831,
sem ouvir sequer os. seus ministros e conselheiros, abdicava
na pessoa do filho, D. Pedro de Alcântara, que
contava então cinco anos, e ficaria sob a esclarecida
tutela de José Bonifácio.
124
BEZERRA DE MENEZES
O século XIX, que surgira com as últimas agitações
provocadas no mundo pela Revolução Francesa, estava
destinado a presenciar extraordinários acontecimentos.
No seu transcurso, cumprir-se-ia a promessa de
Jesus, que, segundo os ensinamentos do seu Evangelho,
derramaria as claridades divinas do seu coração sobre
toda a carne, para que o Consolador reorganizasse as
energias das criaturas, a caminho das profundas transições
do século XX.
Mal não haviam terminado as atividades bélicas da
triste missão de Bonaparte e já o espaço se movimentava,
no sentido de renovar os surtos de progresso
das coletividades. Assembléias espirituais, reunindo os
gênios inspiradores de todas as pátrias do orbe, eram
levadas a efeito, nas luzes do infinito, para a designação
de missionários das novas revelações. Em uma de tais
assembléias, presidida pelo coração misericordioso e
augusto do Cordeiro, fora destacado um dos grandes
discípulos do Senhor, para vir à Terra com a tarefa de
organizar e compilar ensinamentos que seriam revelados,
oferecendo um método de observação a todos os
estudiosos do tempo. Foi assim que Allan Kardec, a 3
de outubro de 1804, via a luz da atmosfera terrestre, na
cidade de Lião. Segundo os planos de trabalho do mundo
invisível, o grande missionário, no seu maravilhoso
esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma
plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente
para coadjuvá-lo, nas individualidades de João--
Batista Roustaing, que organizaria o trabalho da fé; de
125
Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico;
de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica
e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos
mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes,
cooperando assim na codificação kardeciana no
Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos.
Ia resplandecer a suave luz do Espiritismo, depois de
certificado o Senhor da defecção espiritual das igrejas
mercenárias, que falavam no globo em seu nome.
Todas as falanges do Infinito se preparam para a jornada
gloriosa.
As abnegadas coortes de Ismael trazem as suas inspirações
para as grandes cidades do país do Cruzeiro,
conseguindo interessar indiretamente grande número de
estudiosos.
As primeiras experiências espiritistas, na Pátria do
Evangelho, começaram pelo problema das curas. Em
1818, já o Brasil possuía um grande círculo homeopático,
sob a direção do mundo invisível. O próprio
José Bonifácio se correspondia com Frederico Hahnemann.
Nos tempos do segundo reinado, os mentores
invisíveis conseguem criar, na Bahia, no Pará e no Rio
de Janeiro, alguns grupos particulares, que projetavam
enormes claridades no movimento neo-espiritualista do
continente, talvez o primeiro da América do Sul.
Antes dessa época, quando prestes a findar o primeiro
reinado, Ismael reúne no espaço os seus dedicados
companheiros de luta e, organizada a ve-nerável assembléia,
o grande mensageiro do Senhor esclarece a
todos sobre os seus elevados objetivos.
126
— Irmãos, expôs ele, o século atual, como sabéis,
vai ser assinalado pelo advento do Consolador à face da
Terra. Nestes cem anos se efetuarão os grandes movimentos
preparatorios dos outros cem anos que hão de
vir. As rajadas de morticínio e de dor avassalarão a
alma da humanidade, no século próximo, dentro dos
imperativos das transições necessárias, que serão o sinal
do fim da civilização precária do Ocidente. Faz-se
mister amparemos o coração atormentado dos homens
nessas grandes amarguras, preparando-lhes o caminho
da purificação espiritual, através das sendas penosas. É
preciso, pois, preparemos o terreno para a sua estabilidade
moral nesses instantes decisivos dos seus destinos.
Numerosas fileiras de missionários encontram-se disseminadas
entre as nações da Terra, com o fim de levantar
a palavra da Boa-Nova do Senhor, esclarecendo
os postulados científicos que surgirão neste século, nos
círculos da cultura terrestre. Uma verdadeira renascença
das filosofias e das ciências se verificará no transcurso
destes anos, a fim de que o século XX seja devidamente
esclarecido, como elemento de ligação entre a
civilização em vias de desaparecer e a civilização do
futuro, que assentará na fraternidade e na justiça, porque
a morte do mundo, prevista na Lei e nos Profetas,
não se verificará por enquanto, com referência à constituição
física do globo, mas quanto às suas expressões
morais, sociais e políticas. A civilização armada terá de
perecer, para que os homens se amem como irmãos.
Concentraremos, agora, os nossos esforços na terra do
Evangelho, para que possamos plantar no coração de
seus filhos as sementes benditas que, mais tarde, frutifi127
carão no solo abençoado do Cruzeiro. Se as verdades
novas devem surgir primeiramente, segundo os imperativos
da lei natural, nos centros culturais do Velho
Mundo, é na Pátria do Evangelho que lhes vamos dar
vida, aplicando-as na edificação dos monumentos triunfais
do Salvador. Alguns dos nossos auxiliares já se
encontram na Terra, esperando o toque de reunir de
nossas falanges de trabalhadores devotados, sob a direção
compassiva e misericordiosa do Divino Mestre.
Houve na alocução de Ismael uma breve pausa.
Depois, encaminhando-se para um dos dedicados e
fiéis discípulos, falou-lhe assim:
— Desceras às lutas terrestres com o objetivo de
concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-
as para o alvo sagrado dos nossos esforços.
Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as
dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar
o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos
elevados propósitos de reforma e regeneração. Não
precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa
missão; mas, com a plena observância do código de
Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás
todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade,
consolidando os primordios de nossa obra,
que é a de Jesus, no seio da pátria do seu Evangelho. Se
a luta vai ser grande, considera que não será menor a
compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e
a vida.
Havia em toda a assembléia espiritual um divino silêncio.
O discípulo escolhido nada pudera responder,
com o coração palpitante de doces e esperançosas emo128
ções, mas as lágrimas de reconhecimento lhe caíam
copiosamente dos olhos.
Ismael desfraldara a sua bandeira à luz gloriosa do
Infinito, salientando-se a sua inscrição divina, que parecia
constituir-se de sóis infinitésimos. Urna vibração
de esperança e de fé fazia pulsar todos os corações,
quando uma voz, terna e compassiva, exclamou das
cúpulas radiosas do Ilimitado:
— Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos trabalhadores
de boa-vontade!
Relâmpagos de luminosidade estranha e misericordiosa
clareavam o pensamento de quantos assistiam
ao maravilhoso espetáculo, enquanto uma chuva
de aromas inundava a atmosfera de perfumes balsámicos
e suavíssimos.
Sob aquela bênção maravilhosa, a grande assembléia
dos operários do Bem se dissolveu.
Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831, em
Riacho do Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo
Bezerra de Menezes, o grande discípulo de Ismael, que
vinha cumprir no Brasil uma elevada missão.
A OBRA DE ISMAEL
O grande movimento preparatório do Espiritismo em
todo o mundo tinha, no Brasil, a sua repercussão, como
era natural.
Por volta de 1840, ao influxo das falanges de Ismael,
chegavam dois médicos humanitários ao Brasil. Eram
Bento Mure e Vicente Martins, que fariam da medicina
homeopática verdadeiro apostolado. Muito antes da
129
codificação kardeciana, conheciam ambos os transes
mediúnicos e o elevado alcance da aplicação do magnetismo
espiritual. Introduziram vários serviços de beneficência
no Brasil e traziam por lema, dentro da sua
maravilhosa intuição, a mesma inscrição divina da bandeira
de Ismael — "Deus, Cristo e Caridade". Indescritível
foi o devotamente de ambos à coletividade brasileira,
à qual se haviam incorporado, sob os altos desígnios
do mundo espiritual.
Nas suas luminosas pegadas, seguiram, mais tarde,
outros pioneiros da homeopatía e do Espiritismo, na
Pátria do Evangelho. Foram eles, os médicos
homeópatas, que iniciaram aqui os passes magnéticos,
como imediato auxílio das curas. Hahnemann conhecia
a fonte infinita de recursos do magnetismo espiritual e
recomendava esses processos psicoterápicos aos seus
seguidores.
Os primeiros fenômenos de Hydesville, na América
do Norte, em 1848, não passaram despercebidos à corte
do segundo reinado. A febre de experimentações que se
lhes seguiu, nas grandes cidades européias, incendiou,
igualmente, no Rio de Janeiro, alguns cérebros mais
destacados no meio social. Em 1853, a cidade já possuía
um pequeno grupo de estudiosos, entre os quais se
podia notar a presença do Marquês de Olinda e do Visconde
de Uberaba. Em Salvador, esses núcleos de experimentação
também existiam, em idênticas circunstâncias.
Em 1860 surgem as primeiras publicações
espiritistas. Em 1865, o Dr. Luís Olímpio Teles de Menezes,
com alguns colegas, replicava pelo "Diário da
Bahia" a um artigo algo irônico de um cientista francês,
130
desfavorável ao Espiritismo, publicado na Gazette
Medícale e transcrito no jornal referido. As publicações
brasileiras não passaram despercebidas ao próprio Allan
Kardec, que delas teve conhecimento, com a mais
justa satisfação íntima.
A doutrina seguia marcha vitoriosa, através de todos
os ambientes cultos da Europa e da América, quando o
grande codificador se desprendeu dos laços que o retinham
à vida material, em 1869. Justamente nesse ano
surgira o primeiro periódico espírita brasileiro — "O
Eco de Além-Túmulo". O desaparecimento do mestre
deixara algo desorientado o campo geral da doutrina em
organização. Em Paris, como nos grandes centros mundiais,
quiseram inutilmente substituir-lhe a autoridade.
As falanges de Ismael estavam vigilantes.
Sugeriram aos espiritistas brasileiros a necessidade
de criar, no Rio, um núcleo central das atividades, que
ficasse como o órgão orientador de todos os movimentos
da doutrina no Brasil. Um dos emissários de Ismael,
que dispunha de maiores elementos no terreno das afinidades
mediúnicas, para se comunicar nos grupos particulares
organizados na cidade, adotou o pseudônimo
de Confúcio, sob o qual transmitia instrutivas mensagens
e valiosos ensinamentos. Em 1873 fundava-se,
com estatutos impressos e demais formalidades exigidas,
o "Grupo Confúcio", que constituiria a base da
obra tangível e determinada de Ismael, na terra brasileira.
Por esse grupo passaram, na época, todos os
simpatizantes da doutrina e, se efêmera foi a sua
existencia como sociedade organizada, memoráveis
foram os seus trabalhos, aos quais compareceu pesso131
almente o próprio Ismael, pela primeira vez, esclarecendo
os grandes objetivos da sua elevada missão no
país do Cruzeiro.
Nem todos os espiritistas modernos conhecem o fecundo
labor daqueles humildes arroteadores dos terrenos
inférteis da sociedade humana. A realidade é que
eles lutaram denodadamente contra a opinião hostil do
tempo, contra o anatema, o insulto e o ridículo e, sobretudo,
contra as ondas reacionárias das trevas do
mundo invisível, para levantarem bem alto a bandeira
de Ismael, como manancial de luz para todos os espíritos
e de conforto para todos os corações. As entidades
da sombra trouxeram a obra ingrata da oposição ao
trabalho produtivo da edificação evangélica no Brasil.
Bem sabemos que, assim como Aquiles possuía um
ponto vulnerável no seu calcanhar, o homem em si,
pela sua vaidade e fraqueza, também tem um ponto
vulnerável em todos os escaninhos da sua personalidade
espiritual, e os seres das trevas, se não conseguiram
vencer totalmente os trabalhadores, conseguiram desuni-
los no plano dos seus serviços à grande causa. O
"Grupo Confúcio" teve uma existência de três anos
rápidos.
Os mensageiros de Ismael, triunfando da discórdia
que destruía o grande núcleo nascente, fundavam sobre
ele, em 1876, a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus,
Cristo e Caridade", sob a direção esclarecida de Francisco
Leite de Bittencourt Sampaio, grande discípulo do
emissário de Jesus, que, juntamente com Bezerra, tivera
a sua tarefa previamente determinada no Alto. A ele se
reuniu Antônio Luiz Sayão, em 1878, para as grandes
132
vitórias do Evangelho nas terras do Cruzeiro. O trabalho
maléfico das trevas, no plano invisível, é arrojado e
perseverante. No seio desse redil de almas humildes e
simples, esclarecidas à luz dos princípios cristãos, onde
militavam espíritas lúcidos e sábios como Bittencourt
Sampaio, que abandonara os fulgores enganosos da sua
elevada posição na literatura e na política para se apegar
às claridades do ideal cristão, as entidades tenebrosas
conseguem encontrar um médium, pronto para a
dolorosa tarefa de fomentar a desarmonia e, estabelecida
de novo a discórdia, os mensageiros de Ismael reorganizam
as energias existentes, para fundarem, em
1880, a "Sociedade Espírita Fraternidade", com a qual
se carregava em triunfo o bendito lema do suave estandarte
do emissário do Divino Mestre. Em 1883, Augusto
Elias da Silva, na sua posição humilde, lançava o
"Reformador", coadjuvado por alguns companheiros e
com o apoio das hostes invisíveis. As mesmas reuniões
do grupo humilde de Antônio Sayão e Bittencourt Sampaio
continuam. Uma plêiade de médiuns curadores,
notáveis pela abnegação, iniciam, no Rio, o seu penoso
apostolado. Elias da Silva e seus companheiros notam,
entretanto, que a situação se ia tornando difícil com as
polêmicas esterilizadoras. A esse tempo, os emissários
do Alto prescrevem categoricamente aos seus camaradas
do mundo tangível:
— Chamem agora Bezerra de Menezes ao seu
apostolado!
Elias bate, então, à porta generosa do mestre venerável,
o que não era preciso, porque seu grande coração já
se encontrava a postos, no sagrado serviço da Seara de
133
Jesus, na face da Terra.
Bezerra de Menezes traz consigo a palma da harmonia,
serenando todos os conflitos. Estabelece a prudência
e a discrição entre os temperamentos mais veementes
e combativos.
A obra de Ismael, no que se referia às luzes sublimes
do Consolador, estava definitivamente instalada na Pátria
do Cruzeiro, apesar da precariedade do concurso
dos homens. As divergências foram atenuadas, para que
a tranqüilidade voltasse a todos os centros de experimentação
e de estudo. Os operários espalhavam-se pelo
Rio, cada qual com a sua ferramenta, dentro do grande
plano da unificação e da paz, nos ambientes da doutrina,
plano esse que eles conseguiram relativamente realizar,
mais tarde, organizando o aparelho central de suas
diretrizes, que se consolidaria com a Federação Espírita
Brasileira, onde seria localizada a sede diretora, no plano
tangível, dos trabalhos da obra de Ismael no Brasil.
por seus abnegados companheiros
de ação espiritual.
Os emissários invisíveis buscam, piedosamente, distribuir
os elementos de paz e de concórdia geral, harmonizando
todos os pensamentos para a edificação dos
monumentos da liberdade.
As agitações, porém, se avolumam em movimentos
espantosos, empolgando a nação inteira. De-balde Portugal
procurava reprimir a idéia da independência, que
se firmara em todos os corações.
Assim, enquanto os brasileiros discutiam e conspiravam
secretamente, a frota do Vice-Almirante Fran108
cisco Maximiano de Sousa, sob o comando do Coronel
Antônio Joaquim Rosado, com 1.200 homens, partia de
Lisboa para o Rio de Janeiro, com ordem terminante de
repatriar o Príncipe D. Pedro.
NO LIMIAR DA INDEPENDÊNCIA
Novamente em Portugal, D. João VI se deixa levar
ao sabor das circunstâncias.
Lisboa vivia então sob grande terror, devido aos julgamentos
sumários que se haviam verificado contra
todos os implicados no movimento que visava depor a
ditadura de Beresford. Inúmeros fuzilamentos se executaram,
sem que as sentenças de morte fossem bafejadas
pela sanção regia, constituindo verdadeiros assassínios,
com os mais hediondos requintes de crueldade.
O soberano, que trazia constantemente na memória a
figura de Luís XVI colada à guilhotina, sujeita-se a
todas as imposições dos revolucionários. Jura a Constituição
portuguesa, sem o assentimento da Rainha D.
Carlota, que é exilada para a Quinta do Ramalhão, onde
ficará com o filho D. Miguel, urdindo novos planos
inspirados pela sua desmesurada ambição.
105
Os portugueses influentes consideram o perigo da
independência brasileira. A mais preciosa gema que se
engastara à coroa da Casa de Bragança estava prestes a
desprender-se, para sempre. Todas as providências
contrárias à pretensão dos brasileiros são adotadas imediatamente.
Um período agitado surge na política da
época, entre os pólos antagônicos do absolutismo e da
democracia. As cortes portuguesas, com 130 deputados,
impunham a sua vontade despótica aos 72 deputados
brasileiros, que assistiam, com verdadeiro heroísmo, ao
desenvolvimento dos projetos de franca hostilidade à
direção do príncipe regente do Brasil, que, aos poucos,
se ia inflamando ao calor das idéias liberais. Aqueles
poucos deputados apresentam um projeto criando na
América um congresso independente das câmaras organizadas
na Europa, projeto que é recebido pelos portugueses
como um insulto à dignidade nacional. Declara
um dos parlamentares que D. Pedro deveria abandonar
o Paço de São Cristóvão, onde respirava a peçonha da
'bajulação dos inimigos do regime, e voltar a Lisboa, a
fim de aprimorar a sua educação em viagens pela Europa.
As agitações se intensificam num crescendo espantoso.
Alguns deputados brasileiros, como Araújo Lima
e Antônio Carlos, agredidos pela população, se vêem
coagidos a emigrar para a Inglaterra.
A caravana de Ismael desvela-se pelo cultivo das
idéias liberais no coração da pátria e, através de processos
indiretos, procura espalhar por todos os setores da
terra do Cruzeiro as sementes da fraternidade e do
amor.
Ê então que a personalidade espiritual daquele que
106
fora o Tiradentes procura o mensageiro de Jesus, solicitando-
lhe o conselho esclarecido, quanto à solução do
problema da independência:
— Anjo amigo — inquire ele — não será agora o
instante decisivo para nossa atuação? Por toda parte há
uma exaltação patriótica nos ânimos. As possibilidades
estão dispersas, mas poderíamos reunir todas as forças,
para o fim de derrubar as últimas muralhas que se
opõem à liberdade da Pátria do Evangelho.
— Meu irmão, pondera Ismael sabiamente — o momento
da emancipação brasileira não tardará no horizonte
de nossa atividade; todavia, precisamos articular
todos os movimentos dentro da ordem construtiva, a
fim de que não se percam as finalidades do nosso trabalho.
O problema da liberdade é sempre uma questão
delicada para todas as criaturas, porque todos os direitos
adquiridos se fazem acompanhar de uma série de
obrigações que lhes são correlatas. Cumpre considerar
que toda elevação requer a plena consciência do dever a
cumprir; daí a delicadeza da nossa missão, no sentido
de repartir as responsabilidades. Precisamos difundir a
educação individual e coletiva, dentro das nossas possibilidades,
formando os espíritos antes das obras. No
problema em causa, temos de aproveitar a autoridade
de um príncipe do mundo, para levar a efeito a separação
das duas pátrias com o mínimo de lutas, sem manchar
a nossa bandeira de redenção e de paz com o pungente
espetáculo das lutas fratricidas. Cerquemos o
coração desse príncipe das claridades fraternas da nossa
assistência espiritual. Povoemos as suas noites de sonhos
de amor à liberdade, desenvolvendo-lhe no espí107
rito as noções da solidariedade humana. Individualmente
considerado, não representa ele o tipo ideal, necessário
à realização dos nossos projetos; voluntarioso
e doente, não tem, para nós outros, um cérebro receptivo
que facilite o nosso trabalho; mas, ele encarna o
princípio da autoridade e temos de mobilizar todos os
elementos ao nosso alcance, para evitar os desvarios
criminosos de uma guerra civil. Trabalhemos mais um
pouco, junto ao seu coração irrequieto, procurando,
simultaneamente, abrir caminho novo à educação geral.
Em breves dias, poderemos concentrar as forças dispersas,
para a proclamação da independência e, após semelhante
realização, enviaremos nosso apelo ao coração
misericordioso de Jesus, implorando das suas bênçãos
novo rumo para nossa tarefa, a fim de que a liberdade,
bem aproveitada e bem dirigida, não constitua
elemento de destruição na pátria dos seus sublimes ensinamentos.
As sábias ponderações de Ismael foram rigorosamente
observadas por seus abnegados companheiros
de ação espiritual.
Os emissários invisíveis buscam, piedosamente, distribuir
os elementos de paz e de concórdia geral, harmonizando
todos os pensamentos para a edificação dos
monumentos da liberdade.
As agitações, porém, se avolumam em movimentos
espantosos, empolgando a nação inteira. De-balde Portugal
procurava reprimir a idéia da independência, que
se firmara em todos os corações.
Assim, enquanto os brasileiros discutiam e conspiravam
secretamente, a frota do Vice-Almirante Fran108
cisco Maximiano de Sousa, sob o comando do Coronel
Antônio Joaquim Rosado, com 1.200 homens, partia de
Lisboa para o Rio de Janeiro, com ordem terminante de
repatriar o Príncipe D. Pedro.
A INDEPENDÊNCIA
O movimento da emancipação percorria todos os
departamentos de atividades políticas da pátria; mas,
por disposição natural, era no Rio de Janeiro, cérebro
do país, que fervilhavam as idéias libertárias, incendiando
todos os espíritos. Os mensageiros invisíveis desdobravam
sua ação junto de todos os elementos, preparando
a fase final do trabalho da independência, através
dos processos pacíficos.
Os patriotas enxergavam no Príncipe D. Pedro a figura
máxima, que deveria encarnar o papel de libertador
do reino do Brasil. O príncipe, porém, considerando
as tradições e laços de família, hesitava ainda em optar
pela decisão suprema de se separar, em caráter definitivo,
da direção da metrópole.
Conhecendo as ordens rigorosas das Cortes de Lisboa,
que determinavam o imediato regresso de D. Pedro
a Portugal, reúnem-se os cariocas para tomarem as providências
de possível execução e uma representação
com mais de oito mil assinaturas é levada ao príncipe
regente, pelo Senado da Câmara, acompanhado de numerosa
multidão, a 9 de janeiro de 1822. D. Pedro, diante
da massa de povo, sente a assistência espiritual dos
109
companheiros de Ismael, que o incitam a completar a
obra da emancipação política da Pátria do Evangelho,
recordando-lhe, simultaneamente, as palavras do pai no
instante das despedidas. Aquele povo já possuía a consciência
da sua maioridade e nunca mais suportaria o
retrocesso à vida colonial, integrado que se achava no
patrimônio das suas conquistas e das suas liberdades.
Em face da realidade positiva, após alguns minutos de
angustiosa expectativa, o povo carioca recebia, por intermédio
de José Clemente Pereira, a promessa formal
do príncipe de que ficaria no Brasil, contra todas as
determinações das Cortes de Lisboa, para o bem da
coletividade e para a felicidade geral da nação. Estava,
assim, proclamada a independência do Brasil, com a
sua audaciosa desobediência às determinações da metrópole
portuguesa.
Todo o Rio de Janeiro se enche de esperança e de
alegria. Mas, as tropas fiéis a Lisboa resolvem normalizar
a situação, ameaçando abrir luta com os brasileiros,
a fim de se fazer cumprirem as ordens da Coroa. Jorge
de Avilez, comandante da divisão, faz constar, imediatamente,
os seus propósitos, e, a 11 de janeiro, as tropas
portuguesas ocupam o Morro do Castelo, que ficava a
cavaleiro da cidade. Ameaçado de bombardeio, o povo
carioca reúne as multidões de milicianos, incorpora-os
às tropas brasileiras e se posta contra o inimigo no
Campo de Santana. O perigo iminente faz tremer o coração
fraterno da cidade. Não fosse o auxílio do Alto,
todos os propósitos de paz se teriam malogrado numa
pavorosa maré de ruína e de sangue. Ismael açode ao
apelo das mães desveladas e sofredoras e, com o seu
110
coração angélico e santificado, penetra as fortificações
de Avilez e lhe faz sentir o caráter odioso das suas
ameaças à população. A verdade é que, sem um tiro, o
chefe português obedeceu, com humildade, à intimação
do Príncipe D. Pedro, capitulando a 13 de janeiro
e retirando-se com as suas tropas para a outra margem
da Guanabara, até que pudesse regressar com elas,
para Lisboa.
Os patriotas, daí por diante, já não pensam noutra
coisa que não seja a organização política do Brasil. Todas
as câmaras e núcleos culturais do país se dirigem a
D. Pedro em termos encomiásticos, louvando-lhe a generosidade
e exaltando-lhe os méritos. Os homens eminentes
da época, a cuja frente somos forçados a colocar
a figura de José Bonifácio, como a expressão culminante
dos Andradas, auxiliam o príncipe regente, sugerindo-
lhe medidas e providências necessárias. Chegando
ao Rio por ocasião do grande triunfo do povo, após a
memorável resolução do "Fico", José Bonifácio foi
feito ministro do reino do Brasil e dos Negócios Estrangeiros.
O patriarca da independência adota as medidas
políticas que a situação exigia, inspirando, com
êxito, o príncipe regente nos seus delicados encargos de
governo.
Gonçalves Ledo, Frei Sampaio e José Gemente Pereira,
paladinos da imprensa da época, foram igualmente
grandes propulsores do movimento da opinião,
concentrando as energias nacionais para a suprema
afirmação da liberdade da pátria.
Todavia, se a ação desses abnegados condutores do
povo se fazia sentir desde Minas Gerais até o'Rio Gran111
de do Sul, o predomínio dos portugueses, desde a Bahia
até o Amazonas, representava sério obstáculo ao incremento
e consolidação do ideal emanci-pacionista. O
governo resolve contratar os serviços das tropas mercenárias
de Lorde Cochrane, o cavaleiro andante da liberdade
da América Latina. Muitas lutas se travam nas
costas baianas e verdadeiros sacrifícios se impõem os
mensageiros de Ismael, que se multiplicam em todos os
setores com o objetivo de conciliar seus irmãos encarnados,
dentro da harmonia e da paz, sempre com a finalidade
de preservar a unidade territorial do Brasil,
para que se não fragmentasse o coração geográfico do
mundo.
José Bonifácio aconselha a D. Pedro uma viagem a
Minas Gerais, a fim de unificar o sentimento geral em
favor da independência e serenar a luta acerba dos partidarismos.
Em seguida, outra viagem, com os mesmos
objetivos, realiza o príncipe regente a São Paulo. Os
bandeirantes, que no Brasil sempre caminharam na
vanguarda da emancipação e da autonomia, recebemno,
com o entusiasmo da sua paixão libertária e com a
alegria da sua generosa hospitalidade e, enquanto há
música e flores nos teatros e nas ruas paulistas, comemorando
o acontecimento, as falanges invisíveis se
reúnem no Colégio de Piratininga. O conclave espiritual
se realiza sob a direção de Ismael, que deixa irradiar
a luz misericordiosa do seu coração. Ali se encontram
heróis das lutas maranhenses e pernambucanas, mineiros
e paulistas, ouvindo-lhe a palavra cheia de ponderação
e de ensinamentos.
Terminando a sua alocução pontilhada de grande sabedoria, o mensageiro de Jesus sentenciou:
— A independência do Brasil, meus irmãos, já se encontra
definitivamente proclamada. Desde 1808, ninguém
lhe podia negar ou retirar essa liberdade. A
emancipação da Pátria do Evangelho consolidou-se,
porém, com os fatos verificados nestes últimos dias e,
para não quebrarmos a força dos costumes terrenos,
escolheremos agora uma data que assinale aos pósteros
essa liberdade indestrutível.
Dirigindo-se ao Tiradentes, que se encontrava presente,
rematou:
— O nosso irmão, martirizado há alguns anos pela
grande causa, acompanhará D. Pedro em seu regresso
ao Rio e, ainda na terra generosa de São Paulo, auxiliará
o seu coração no grito supremo da liberdade. Uniremos
assim, mais uma vez, as duas grandes oficinas do
progresso da pátria, para que sejam as registradoras do
inesquecível acontecimento nos fastos da história. O
grito da emancipação partiu das montanhas e deverá
encontrar aqui o seu eco realizador. Agora, todos nós
que aqui nos reunimos, no sagrado Colégio de Piratininga,
elevemos a Deus o nosso coração em prece, pelo
bem do Brasil.
Dali, do âmbito silencioso daquelas paredes respeitáveis,
saiu uma vibração nova de fraternidade e de
amor.
Tiradentes acompanhou o príncipe nos seus dias
faustosos, de volta ao Rio de Janeiro. Um correio providencial
leva ao conhecimento de D. Pedro as novas
imposições das Cortes de Lisboa e ali mesmo, nas margens
do Ipiranga, quando ninguém contava com essa
113
última declaração sua, ele deixa escapar o grito de "Independência
ou Morte!", sem suspeitar de que era dócil
instrumento de um emissário invisível, que velava pela
grandeza da pátria.
Eis por que o 7 de Setembro, com escassos comentários
da história oficial que considerava a independência
já realizada nas proclamações de 1.° de
agosto de 1822, passou à memória da nacionalidade
inteira como o Dia da Pátria e data inolvidável da sua
liberdade.
Esse fato, despercebido da maioria dos estudiosos,
representa a adesão intuitiva do povo aos elevados desígnios
do mundo espiritual.
D. PEDRO II
Definitivamente proclamada a independência do
Brasil, Ismael leva ao Divino Mestre o relato de todas
as conquistas verificadas, solicitando o amparo do seu
coração compassivo e misericordioso para a organização
política e social da Pátria do Evangelho.
Corriam os primeiros meses de 1824, encontrandose
a emancipação do país mais ou menos consolidada
perante a metrópole portuguesa. As últimas tropas reacionárias
já se haviam recolhido a Lisboa, sob a pressão
da esquadra brasileira nas águas baianas.
No Rio de Janeiro, transbordavam esperanças em
todos os corações; mas, os estadistas topavam com dificuldades
para a organização estatal da terra do Cruzeiro.
A Constituição, depois de calorosos debates e dos
famosos incidentes dos Andradas, incidentes que havi114
am terminado com a dissolução da Assembléia Constituinte
e com o exílio desses notáveis brasileiros, só fora
aclamada e jurada, justamente naquela época, a 25 de
março de 1824. Nesse dia, findava a mais difícil de
todas as etapas da independência e o coração inquieto
do primeiro imperador podia gabar-se de haver refletido,
muitas vezes, naqueles dias turbulentos, os ditames
dos emissários invisíveis, que revestiram as suas energias
de novas claridades, para o formal desempenho da
sua tarefa nos primeiros anos de liberdade da pátria.
Recebendo as confidencias de Ismael, que apelava
para a sua misericórdia infinita, considerou o Senhor a
necessidade de polarizar as atividades do Brasil num
centro de exemplos e de virtudes, para modelo geral de
todos. Chamando Longinus à sua presença, falou com
bondade:
— Longinus, entre as nações do orbe terrestre, organizei
o Brasil como o coração do mundo. Minha assistência
misericordiosa tem velado constantemente pelos
seus destinos e, inspirando a Ismael e seus companheiros
do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das nações
ricas e poderosas fragmentasse o seu vasto território,
cuja configuração geográfica representa o órgão do
sentimento no planeta, como um coração que deverá
pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva
e cuja evolução terá de dispensar, logicamente, a
presença contínua dos meus emissários para a solução
dos seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os
povos têm a sua maioridade, como os indivíduos, e se
bem não os percam de vista os gênios tutelares do
mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a
115
liberdade de ação, a fim de aferirmos o aproveitamento
das lições que lhes foram prodigalizadas.
"Sente-se o teu coração com a necessária fortaleza
para cumprir uma grande missão na Pátria do Evangelho?"
— Senhor — respondeu Longinus, num misto de expectativa
angustiosa e de refletida esperança — bem
conheceis o meu elevado propósito de aprender as vossas
lições divinas e de servir à causa das vossas verdades
sublimes, na face triste da Terra. Muitas existências
de dor tenho voluntariamente experimentado, para gravar
no íntimo do meu espírito a compreensão do vosso
amor infinito, que não pude entender ao pé da cruz dos
vossos martírios no Calvário, em razão dos espinhos da
vaidade e da impenitência, que sufocavam, naquele
tempo, a minha alma. Assim, é com indizível alegria,
Senhor, que receberei vossa incumbência para trabalhar
na terra generosa, onde se encontra a árvore magnânima
da vossa inesgotável misericórdia. Seja qual for o
gênero de serviços que me forem confiados, acolherei
as vossas determinações como um sagrado ministério.
— Pois bem — redargüiu Jesus com grande piedade
— essa missão, se for bem cumprida por ti, constituirá
a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do
esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem
o máximo de renúncias e devotamentos. Serás imperador
do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita maioridade,
como nação. Concentrarás o poder e a autoridade
para beneficiar a todos os seus filhos. Não é preciso
encarecer aos teus olhos a delicadeza e sublimidade
desse mandato, porque os reis terrestres, quando bem
116
compenetrados das suas elevadas obrigações diante das
leis divinas, sentem nas suas coroas efêmeras um peso
maior que o das algemas dos forçados. A autoridade,
como a riqueza, é um patrimônio terrível para os espíritos
inconscientes dos seus grandes deveres. Dos teus
esforços se exigirá mais de meio século de lutas e dedicações
permanentes. Inspirarei as tuas atividades; mas,
considera sempre a responsabilidade que permanecerá
nas tuas mãos. Ampara os fracos e os desvalidos, corrige
as leis despóticas e inaugura um novo período de
progresso moral para o povo das terras do Cruzeiro.
Institui, por toda parte, o regime do respeito e da paz,
no continente, e lembra-te da prudência e da fraternidade
que deverá manter o país nas suas relações com as
nacionalidades vizinhas. Nas lutas internacionais, guarda
a tua espada na bainha e espera o pronunciamento da
minha justiça, que surgirá sempre, no momento oportuno.
Fisicamente consideradas, todas as nações constituem
o patrimônio comum da humanidade e, se algum
dia for o Brasil menosprezado, saberei providenciar
para que sejam devidamente restabelecidos os princípios
da justiça e da fraternidade universal. Procura aliviar
os padecimentos daqueles que sofrem nos martírios do
cativeiro, cuja abolição se verificará nos últimos tempos
do teu reinado. Tuas lides terminarão ao fim deste
século, e não deves esperar a gratidão dos teus contemporâneos;
ao fim delas, serás alijado da tua posição por
aqueles mesmos a quem proporcionares os elementos
de cultura e liberdade. As mãos aduladoras, que buscarem
a proteção das tuas, voltarão aos teus palácios transitórios,
para assinar o decreto da tua expulsão do solo
117
abençoado, onde semearás o respeito e a honra, o amor
e o dever, com as lágrimas redentoras dos teus sacrifícios.
Contudo, amparar-te-ei o coração nos
angustiosos transes do teu último resgate, no planeta
das sombras. Nos dias da amargura final, minha luz
descerá sobre os teus cabelos brancos, santificando a
tua morte. Conserva as tuas esperanças na minha misericórdia,
porque, se observares as minhas recomendações,
não cairá uma gota de sangue no instante amargo
em que experimentares o teu coracão igualmente trespassado
pelo gládio da ingratidão. A posteridade, porém,
saberá descobrir as marcas dos teus passos na Terra,
para se firmar no roteiro da paz e da missão evangélica
do Brasil.
Longinus recebeu com humildade a designação de
Jesus, implorando o socorro de suas inspirações divinas
para a grande tarefa do trono.
Ele nasceria no ramo enfermo da família dos Braganças;
mas, todas as enfermidades têm na alma as suas
raízes profundas. Se muitas vezes parece permanecer a
herança psicológica, é que o sagrado instituto da família,
dentro da lei das afinidades, freqüentemente se perpetua
no infinito do tempo. Os antepassados e seus descendentes,
espiritualmente considerados, são, às vezes,
as mesmas figuras sob nomes vários, na árvore
genealógica, obedecendo aos sábios dispositivos da lei
de reencarnação. Foi assim que Longinus preparou a
sua volta à Terra, depois de outras existências tecidas
de abnegações edificantes em favor da humanidade, e,
no dia 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro, nascia
de D. Leopoldina, a virtuosa esposa de D. Pedro,
118
aquele que seria no Brasil o grande imperador e que, na
expressão dos seus próprios adversários, seria o maior
de todos os republicanos de sua pátria.
Mensagem de D.Pedro
Meus Irmãos;
A paz vos seja multiplicada.
Como dissestes, por duas vezes, durante este encontro, acaso é nome que Deus usa quando não quer assinar.
A lembrança do meu nome para o patrocínio desta casa não se deu ao acaso, como não foi ao acaso, que se deu o respingo daquele sangue em um dos meus olhos. Não penseis, todavia, que eu tenha a auréola que se me atribuiu, a de São Longínius( D. Pedro reencarnado na figura de Longínius, soldado romano que feriu Jesus com a lança, quando da sua crucificação). Não, ao contrário, muito longe estou de a possuir.
Quando no fim de minha tarefa frente a este país fui chamado do Plano Espiritual, recebi sérias advertências e ponderações sobre o que fiz, sobre o que devia ter feito, sobre o que não devia ter feito. Hoje, aqui estou convosco, lado a lado, lutando pela mesma causa, ostentando a mesma bandeira. Sabeis que não estamos sozinhos. Este País vive o seu momento crucial, é um parto doloroso. É necessário que nós o auxiliemos como seus filhos que somos, é necessário que tomemos posição em prol da regeneração deste povo. Ele é bom na sua essência, infelizmente, suas elites não correspondem ao que ele é, e, eu fiz parte dessas elites.
Quero pedir-vos que oreis por mim porque me compete, antes da próxima encarnação terrena, estar ao lado do nosso povo transmitindo-lhe a intuição de nossos maiores.
É chegada a hora. Uma hora crucial, uma hora difícil, uma hora dura, mas é a hora em que ultrapassaremos, em definitivo, a fronteira entre o bem e o mal. Amparemo-nos uns nos outros e peçamos ao Cristo que nos ampare porque, embora os dias sejam escuros, embora a tempestade esteja à vista, a aurora vem lá longe. Os novos tempos são promissores e virão muito mais brevemente do que supomos.
Oremos, Trabalhemos, Vigiemos e Estudemos.
Vosso Irmão,
Pedro de Alcântara
Mensagem psicofônica recebida por Luiz Antonio Millecco Filho, em 02 de julho de 2000,
na reunião comemorativa do 47º aniversário da Sociedade Pró Livro Espírita em Braille.Fonte Revista Kardebraille - Agosto de 2000 - Nº 100
Como o Grito do Ipiranga é Visto na Espiritualidade
Em seu famoso livro "Brasil, Coração do mundo, Pátria do Evangelho", pela psicografia de Chico Xavier e cobertura do Espírito de Humberto de Campos, o grito da Independência é assim visto.
"O movimento da emancipação percorria todos os departamentos de atividades política da pátria brasileira; mas, por disposição natural, era no Rio de Janeiro, cérebro do país, que fervilhavam as idéias libertárias, incendiando todos os espíritos. Os mensageiros invisíveis desdobravam sua ação, junto de todos os elementos, preparando a fase final do trabalho da Independência, através de processos pacíficos.
As patriotas enxergavam no príncipe D. Pedro, a figura máxima, que deveria encarnar o papel de libertador do Reino do Brasil. O príncipe, porém, considerando as tradições e laços de família, hesitava ainda em optar pela decisão suprema de se separar, em caráter definitivo, da direção da Metrópole.
Conhecendo as ordens vigorosas das Cortes de Lisboa, que determinavam o imediato regresso de D. Pedro a Portugal, reúnem-se os cariocas para tomarem as providências de possível execução e uma representação com mais de oito mil assinaturas, foi levada ao Príncipe-Regente, pelo Senado da Câmara, acompanhada de numerosa multidão, 9 de janeiro de 1822. D. Pedro, diante da massa de povo, sentiu a assistência espiritual dos companheiros do Espírito de Ismael, encarregado na Espiritualidade Maior pelos destinos do Brasil, que o incitam a completar a obra da emancipação política da Pátria do Evangelho, recordando-lhe simultaneamente, as palavras do pai no instante das despedidas.
Aquele povo já possuía a consciência da sua maioridade e nunca mais suportaria o retrocesso à vida-colonial, integrado que se achava no patrimônio das suas conquistas e das suas liberdades. Em face da realidade positiva, após alguns minutos de angustiosa expectativa, o povo carioca recebia por intermediário de José Clemente Pereira, a promessa formal do Príncipe de que ficaria no Brasil, contra todas as determinações das Cortes de Lisboa, para o bem da coletividade e para a felicidade geral da Nação. Estava, assim, proclamada a independência do Brasil, com a sua audaciosa desobediência às determinações da Metrópole portuguesa.
Todo o Rio de Janeiro se encheu de esperança e de alegria, mas as tropas fiéis a Lisboa, resolvem normalizar a situação, ameaçando abrir luta com os brasileiros, a fim de se fazer cumprirem as ordens da coroa. Jorge de Avilez, Comandante da Divisão, faz constar, imediatamente, os seus propósitos e, a 11 de janeiro, as tropas portuguesas ocupam o Morro do Castelo, que ficava a cavaleiro da cidade. Ameaçado de bombardeio, o povo carioca reúne as multidões de milicianos, incorpora-os às tropas brasileiras e se posta contra o inimigo no campo de Santana. O perigo eminente faz tremer o coração fraterno da cidade. Não fosse o auxílio do Alto, todos os propósitos de paz se teriam malogrado numa pavorosa maré de ruína e de sangue. O Espírito de Ismael acode ao apelo das mães desoladas e sofredoras e, com o seu coração sublime e santificado, penetra nas fortificações de Avilez e lhe faz sentir o caráter odioso de suas ameaças à população. A verdade é que, sem um tiro, o chefe português obedeceu com humildade, à intimação do Príncipe D. Pedro, capitulando a 13 de janeiro e retirando-se com suas tropas para a outra margem da Guanabara, até que pudesse regressar com elas, para Lisboa.
Os patriotas, daí por diante, já não pensam noutra coisa que não seja a organização política do Brasil. Todas as Câmaras e núcleos culturais do país, se dirigem a D. Pedro em termos encomiásticos, louvando-lhe a generosidade e exaltando-lhe os méritos. Os homens eminentes da época, a cuja frente somos forçado a colocar a figura de José Bonifácio, como a expressão culminante dos Andradas, auxiliam o Príncipe-Regente, sugerindo-lhe medidas e providências necessárias. Chegando ao Rio por ocasião do grande triunfo do povo, após à memorável resolução do "Fico", José Bonifácio foi feito Ministro do Reino do Brasil e dos Negócios Estrangeiros. O Patriarca da Independência adota as medidas políticas que a situação exigia, inspirando, com êxito, o Príncipe Regente nos seus delicados encargos de governo.
Gonçalves Ledo. Frei Sampaio e José Clemente Pereira, paladinos da imprensa da época, foram igualmente grandes propulsores do movimento da opinião, concentrando as energias nacionais para a suprema afirmação da liberdade da Pátria.
Todavia, se à ação desses abnegados condutores do povo se faziam sentir desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, o predomínio dos portugueses, desde a Bahia até o Amazonas, representava sério obstáculo ao incremento e consolidação do ideal emancipacionista. O Governo resolve contratar os serviços das tropas mercenárias de Lord Cochrane, o cavaleiro-andante da liberdade da América latina. Muitas lutas se travam nas costas baianas e verdadeiro sacrifício se impõe aos Mensageiros de Ismael, que se multiplicam em todos os setores com o objetivo de conciliar seus irmãos encarnados, dentro da harmonia e da paz, sempre com a finalidade de preservar a unidade territorial do Brasil, para que se não fragmentasse o coração geográfico do mundo.
José Bonifácio aconselha D. Pedro uma viagem a Minas Gerais, a fim de unificar o sentimento geral em favor da independência e serenar a luta acerba dos partidarismos. Em seguida, outra viagem, com os mesmos objetivos, realiza o Príncipe Regente a São Paulo. Os bandeirantes, que no Brasil sempre caminharam na Vanguarda da Emancipação e da autonomia, recebem-no com o entusiasmo da sua paixão libertária e com a alegria da sua generosa hospitalidade e, enquanto há música e flores nos teatros e ruas paulistas, comemorando o acontecimento, as falanges se reúnem no colégio de Piratininga.
O conclave espiritual se realiza sob a direção do Espírito de Ismael, que deixa irradiar a luz misericordiosa do seu coração. Ali se encontram heróis das lutas maranhenses e pernambucanas, mineiros e paulistas, ouvindo-lhe a palavra cheia de ensinamentos e ponderação. Terminando a sua alocução pontilhada de grande sabedoria, o Mensageiro de Jesus sentenciou:
- A Independência do Brasil, meus irmãos, já se encontra definitivamente proclamada. Desde 1808, ninguém lhe podia negar ou retirar essa liberdade. A emancipação da Pátria do Evangelho consolidou-se, porém, com os fatos verificados nestes últimos dias, e, para não quebrarmos a força dos costumes terrenos, escolheremos agora uma data que assinale aos pósteros, essa liberdade indestrutível.
Dirigindo-se a Tiradentes, que se encontrava presente, arrematou:
- O nosso irmão, martirizado há alguns anos pela grande causa, acompanhará D. Pedro em seu regresso ao Rio e, ainda na terra generosa de S. Paulo, auxiliará o seu coração no grito supremo da liberdade. Uniremos assim mais uma vez, as duas grandes oficinas do progresso da pátria, para que sejam as registradoras do inesquecível acontecimento nos fastos da História. O grito da emancipação partiu das montanhas e deverá encontrar aqui o seu eco realizador. Agora, todos nós que aqui nos reunimos, no sagrado Colégio de Piratininga, elevemos a Deus o nosso coração em prece pelo bem do Brasil.
Dali, do âmbito silenciosa daquelas paredes respeitáveis, saiu uma vibração nova de fraternidade e de amor.
Tiradentes acompanhou o Príncipe nos seus dias faustosos, de volta ao Rio de Janeiro. Um correio providencial leva ao conhecimento de D. Pedro, as novas proposições das Cortes de Lisboa e, ali mesmo, nas margens do Ipiranga, quando ninguém contava com essa última declaração, ele deixa escapar o grito de "Independência ou Morte", sem suspeitar de que era dócil instrumento de um emissário invisível, que velava pela grandeza da Pátria.
Eis por que o 7 de setembro, com escassos comentários da História oficial, que considerava a independência já realizada nas Proclamações de 1.° de agosto de 1822, passou à memória da nacionalidade inteira, como o dia da Pátria e data inolvidável da sua liberdade.
Esse fato, despercebido da maioria dos estudiosos, representa a adesão intuitiva do povo aos elevados desígnios do Mundo Espiritual.
Revista Internacional de Espiritismo – Outubro de 1972
O Brasil e sua Missão Histórica
de Coração do Mundo e Pátria do Evangelho
Bezerra
Prossegue o Brasil na sua missão histórica de “Pátria do Evangelho” colocada no “Coração do Mundo”.
Nem a tempestade de pessimismo que avassala, nem a vaga de dúvida que açoita os corações da nacionalidade brasileira impedirão que se consume o vaticínio da Espiritualidade quanto ao seu destino espiritual.
Apesar dos graves problemas que nos comprometem em relação ao porvir — não obstante o cepticismo que desgoverna as mentes em relação aos dias do amanhã — o Brasil será o pulsante coração espiritual da Humanidade, encravado na palavra libertadora de Jesus, que fulge no Evangelho restaurado pelos Benfeitores da Humanidade.
Não se confunda a missão histórica do País com a competição lamentável, em relação às megalópoles do mundo, que triunfam sobre as lágrimas das nações vencidas e escravizadas pela política financeira e econômica internacional.
Não se pretenda colocar o Brasil no comando intelectual do Orbe terrestre, através de cerebrações privilegiadas, que se encarreguem de deflagrar as guerras de aniquilamento da vida física.
Não se tenha em mente a construção de um povo, que se celebrize pelos triunfos do mundo exterior, caracterizando-se como primeiro no concerto das nações.
Consideremos a advertência de Jesus, quando se reporta que “os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros”.
Sem dúvida, o cinturão da miséria sócio-econômica que envolve as grandes cidades brasileiras alarma a consciência nacional. A disputa pela venda de armas, que vem colocando o País na cabeceira da fila dos exportadores da morte, inquieta-nos. Inegável a nossa preocupação ante a onda crescente de violência e de agressividade urbana...
Sem dúvida, os fatores do desrespeito à consciência nacional e a maneira incorreta com que atuam alguns homens nas posições relevantes e representativas do País fazem que o vejamos, momentaneamente, em uma situação de derrocada irreversível.
Tenha-se, porém, em mente que vivemos uma hora de enfermidades graves em toda a Terra, na qual, o vírus da descrença gera as doenças do sofrimento individual e coletivo, chamando o homem a novas reflexões.
A História se repete!...
As grandes nações do passado, que escravizaram o mundo mediterrâneo, não se eximiram à derrocada das suas edificações, ao fracasso dos seus propósitos e programas; assírios e babilônios ficaram reduzidos a pó; egípcios e persas guardam, nos monumentos açoitados pelos ventos ardentes do deserto, as marcas da falência pomposa, das glórias de um dia; a Hélade, de tão gloriosas conquistas no mar Egeu e na circunferência em torno das suas ilhas, legou, à posteridade, o momento de ilusório poder, porém, milênios de fracassos bélicos e desgraças políticas.
As maravilhas da Humanidade reduziram-se a escombros: o Colosso de Rodes foi derrubado por um terremoto; o Túmulo de Mausolo arrebentou-se, passados os dias de Artemísia; o Santuário de Zeus, em Olímpia, e a estátua colossal foram reduzidos a poeira; os jardins suspensos de Semíramis arrebentaram-se e ficaram cobertos da sedimentação dos evos e das camadas de areia sucessivas da história. Assim, aconteceu com outros tantos monumentos que assinalaram uma época, porém foram fogos-fátuos de um dia ou névoa que a ardência da sucessão dos séculos se encarregou de demitizar e de transformar.
Mas, o Herói Silencioso da Cruz, de braços abertos, transformou o instrumento de flagício em asas para a libertação de todas as criaturas, e a luz que fulgurou no topo da cruz converteu-se em perene madrugada para a Humanidade de todos os tempos.
O Brasil recebeu das Suas mãos, através de Ismael, a missão de implantar no seu solo virgem de carmas coletivos, com pequenas exceções, a cruz da libertação das consciências de onde o amor alçará o vôo para abraçar as nações cansadas de guerras, os povos trucidados pela violência desencadeada contra os seus irmãos, os corações vencidos nas pelejas e lutas da dominação argentária, as mentes cansadas de perquirir e de negar, apontando o rumo novo do amor para que restaurem no coração a esperança e a coragem para a luta de redenção.
Permaneçam confiantes, os espíritas do Brasil, na missão espiritual da “Pátria do Cruzeiro”, silenciando a vaga de pessimismo que grassa e não colocando o combustível da descrença, nem das informações malsãs, nas labaredas crepitantes deste fim de século prenunciador de uma madrugada de bênçãos que teremos ensejo de perlustrar.
Jesus, meus filhos, confia em nós e espera que cumpramos com o nosso dever de divulgá-lO, custe-nos o contributo do sofrimento silencioso e das noites indormidas em relação à dificuldade para preservar a pureza dos nossos ideais, ante as licenças morais perturbadoras que nos chegam, sutis e agressivas, conspirando contra nossos propósitos superiores.
Divulgá-lO, vivo e atuante, no espírito da Codificação Espírita, é compromisso impostergável, que cada um de nós deve realizar com perfeita consciência de dever, sem nos deixarmos perturbar pelos hábeis sofistas da negação e pelas arengas pseudo-intelectuais dos aranzéis apresentados pela ociosidade dourada e pela inutilidade aplaudida.
Em Jesus temos “o ser mais perfeito que Deus nos ofereceu para servir-nos de modelo e guia”; o meio para alcançar o Pai, Amorável e Bom; o exemplo de quem, renunciando-se a si mesmo, preferiu o madeiro de humilhação à convivência agradável com a insensatez; de quem, vindo para viver o amor, fê-lo de tal forma que toda a ingratidão de quase vinte séculos não lhe pôde modificar a pulcridade dos sentimentos e a excelsitude da mensagem.
Ser espírita é ser cristão, viver religiosamente o Cristo de Deus em toda a intensidade do compromisso, caindo e levantando, desconjuntando os joelhos e retificando os passos, remontando as carnes dilaceradas e prosseguindo fiel em favor de si mesmo e da Era do Espírito Imortal.
Chamados para esta luta que começa no país da consciência e se exterioriza na indimensionalidade geográfica, além das fronteiras do lar, do grupo social, da Pátria, em direção do mundo, lutai para serdes escolhidos. Perseverai para receberdes a eleição de servidores fiéis que perderam tudo, menos a honra de servir; que padeceram, imolados na cruz invisível da renúncia, que vos erguerá aos páramos da plenitude.
Jesus, meus filhos — que prossegue crucificado pela ingratidão de muitos homens — é livre em nossos corações, caminha pelos nossos pés, afaga com nossas mãos, fala em nossas palavras gentis e só vê beleza pelos nossos olhos fulgurantes como estrelas luminíferas no silêncio da noite.
Levai esta bandeira luminosa: “Deus, Cristo e Caridade” insculpida em vossos sentimentos e trabalhai pela Era Melhor, que já se avizinha, divulgando o Espiritismo Libertador onde quer que vos encontreis, sem o fanatismo dissolvente, mas, sem a covardia conivente, que teme desvelar a verdade para não ficar mal colocada no grupo social da ilusão.
Agora, quando se abrem as portas para apresentar a mensagem do Cristo e de Kardec ao mundo, e logo mais, preparei-vos para que ela seja vista em vossa conduta, para que seja sentida em vossas realizações e para que seja experimentada nas Casas que momentaneamente administrais, mas que são dirigidas pelo Senhor de nossas vidas, através de vós, de todos nós.
O Brasil prossegue, meus filhos, com a sua missão histórica de “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”, mesmo que a descrença habitual, o cinismo rotulado de ironia, o sorriso em gargalhada estrídula e zombeteira tentem diminuir, em nome de ideologias materialistas travestidas de espiritualismo e destrutivas em nome da solidariedade.
Que nos abençoe Jesus, o Amigo de ontem — que já era antes de nós —, o Benfeitor de hoje — que permanece conosco —, e o Guia para amanhã — que nos convida a tomar do Seu fardo e receber o Seu jugo, únicos a nos darem a plenitude e a paz.
Muita paz, meus filhos!
São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre
BEZERRA
Fonte: Reformador – setembro, 1989 (Edição especial)
Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Brasil, a Nova Pátria do Evangelho. 3. Origens Espirituais do Povo Brasileiro. 4. Holandeses, Franceses e Espanhóis. 5. A Procura do Ouro. 6. Prenúncio da Liberdade. 7. A Independência do Brasil. 8. Maioridade Política Brasileira (I). 9. Maioridade Política Brasileira (II). 10. Conclusão. 11. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é captar a influência do plano espiritual nos processos decisórios de política econômica, principalmente aquela que nos foge da mente quando estudamos a História Econômica do Brasil só pelo aspecto material. Então, procuramos dar como conhecida a história material e tentamos visualizar, resumidamente, a interrelação dos dois planos da vida, valendo-nos das citações de ordem material somente para uma melhor compreensão da linha mestra que se formou desde o descobrimento do Brasil até os nossos dias.
2. BRASIL, A NOVA PÁTRIA DO EVANGELHO
Por volta do último quartel do século catorze, Jesus dispôs-se a visitar o planeta Terra, a fim de verificar o processo realizado pela sua doutrina de amor. Após observar que o mundo político, econômico e social do ocidente estava conturbado pelo egoísmo, orgulho e vaidade dos habitantes das grandes potências européias, Jesus, juntamente com Helil, traçam um novo roteiro para o desenvolvimento espiritual dos terráqueos. Para isso, Helil deveria reencarnar em Portugal e direcionar o povo português às conquistas marítimas, com o objetivo de descobrir as terras-virgens da América.
Encarnado no período 1394-1460, como o heróico infante de Sagres, operou a renovação das energias portuguesas, expandindo as suas possibilidades realizadoras para além mar, criando as condições necessárias para o futuro descobrimento da "Pátria do Evangelho", que aconteceu em 1500, por Pedro Álvares Cabral.
Helil, depois do seu desencarne, continuou a luta pela causa do Evangelho. Sua influência espiritual junto a D. Duarte e D. Afonso V não fora marcada pelo êxito, porém, com relação a D. João II, consegue que diversas expedições sejam organizadas e enviadas ao mar.
A grande expedição de Cabral deixou Portugal no dia sete de março de 1500. Em alto mar, as noites do grande expedicionário são povoadas de sonhos sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas inquietas cedem ao impulso de uma orientação imperceptível, desviando os caminhos das Índias para o coração geográfico do Brasil.
Compreendemos, também, que enquanto outros países se fragmentavam o fato do Brasil permanecer com o coração geográfico completo é porque havia realmente a preocupação de Jesus em arrebanhar toda a população, que deveria estar envolta com o lema: "Deus, Cristo e Caridade". (Xavier, 1977, cap. I e II)
3. ORIGENS ESPIRITUAIS DO POVO BRASILEIRO
Para uma compreensão mais ampla da formação espiritual do povo brasileiro, devemos lembrar que os séculos quinze e dezesseis foram marcados pela influência do "capitalismo comercial", que impulsionou as grandes potências européias ao mar, a fim de colonizar a nova terra. O Brasil, recebe assim, imigrantes das várias regiões do mundo.
Dentro desse quadro, Jesus entregava o comando do Brasil a Ismael, cuja missão era reunir os sedentos de justiça divina (degregados), os simples de coração (índios), os humildes e aflitos (escravos) sob a influência dos missionários para que o alicerce espiritual fosse edificado sobre a rocha firma, de modo que com o passar dos anos não houvesse fragmentação. (Xavier, 1977, cap. III)
4. HOLANDESES, FRANCESES E ESPANHÓIS
Para que pudéssemos ter essa formação mesclada deveríamos aceitar as várias influências das grandes companhias de comércio, cujas sedes se localizavam na Europa, principalmente em França, Holanda e Inglaterra.
Primeiramente vieram os franceses, que encantados com a beleza da Bahia de Guanabara, estabeleceram aí a sua feitoria, onde Villegaignon, com sua mentalidade religiosa e honesta, capta a confiança dos indígenas por três anos, pois em 1558 são expulsos por Mem de Sá.
De 1580 a 1640 recebemos a influência indireta da Espanha, porque como sabemos Portugal ficou sob a direção deste país, desestimulando a colonização das terras brasileiras.
Em 1624, a pretexto da guerra com a Espanha, os holandeses invadem o Brasil, originando cenas dolorosas, porém não organizadas pelas falanges do mundo invisível.
Em 1637, entregava em Pernambuco o General holandês João Maurício, príncipe de Nassau, cuja estada no Brasil fora preparada no plano espiritual com a intenção de desenvolver os germes do amor, respeito, tolerância e liberdade. Assim, os escravos tornam-se livres à sombra de sua bandeira, os índios encontram, no seu coração, o apoio de um nobre e leal amigo e todos obtém um novo clarão de justiça no caminho a seguir.
Em 1661, os holandeses deixam o Brasil sem lutas cruéis, mas ficou a semente da gratidão e do amor por um dos abnegados servidores do Cristo. (Xavier, 1977, cap. VIII)
5. A PROCURA DO OURO
Sabemos da história econômica que a razão básica da manutenção do domínio político português nas terras brasileiras era a possibilidade de descobrir imensos tesouros de metais preciosos. No plano espiritual, essa missão de expandir o espaço conquistado foi entregue a Fernão Dias Paes, que antes de reencarnar fora consolado por Ismael acerca da causa sinistra do ouro, recebendo instruções de que a procura desse metal seria um fator de desenvolvimento econômico, porque edificar-se-iam cidades e fomentar-se-iam a pecuária e a agricultura.
A missão seria árdua e exigiria o máximo de disciplina e para exemplificá-la viu-se na contingência de enforcar o próprio filho, quando esteve encarnado.
Paralelamente às bandeiras, outros movimentos realizavam-se na busca desse metal, criando um clima de ilusões, ambição e comentários acerca da riqueza, que levava os indivíduos à guerra, às revoluções e às emboscadas tendo como resultado a aflição, o sofrimento e a morte, inclusive com a possibilidade de despovoamento de Portugal. Citamos, como exemplo, a guerra das Emboabas, a Guerra dos Mascates.
Ao mesmo tempo que no plano material estávamos envoltos com um pequeno derramamento de sangue, no plano espiritual, os agentes invisíveis estavam amparando-nos e podemos perceber claramente pelo Tratado de Methuen que, o Brasil, ao transferir a posse do ouro à Inglaterra, vetava as investidas das grandes potências européias que cobiçavam nossas riquezas. (Xavier, 1977, cap. X)
6. PRENÚNCIO DA LIBERDADE
Os preparativos da Revolução Francesa, isto é, as discussões a respeito da liberdade influenciaram sobremaneira a classe dos poucos intelectuais brasileiros, que observando a ganância pelo ouro por parte dos padres — para aumentar o luxo das igrejas, dos magistrados — para aumentar suas fortunas que levariam a Portugal e do fisco — para incrementar a receita de Portugal, resolvem por em prática esses ideais políticos e econômicos.
Dos vários encontros realizados para tal finalidade, escolheu-se a personalidade de Tiradentes para ser o líder do movimento. Os desejos de liberdade foram vetados por autoridades portuguesas tão logo ficaram sabendo do ocorrido, mandando imediatamente extinguir a figura que se sobressaia nas ditas articulações. A morte de Tiradentes do ponto de vista espiritual representava o resgate de delitos cruéis do passado, quando inquisidor da Igreja.
Os estudos e discussões acerca de nossa doutrina mostra-nos que o acaso não existe e que os fatos se sucedem no devido tempo. Assim, verificamos que os intelectuais brasileiros quanto os da França foram precipitados com as reivindicações de liberdade, contrariando a vontade de Deus, o qual prefere que cada qual vença a si mesmo e seja avessos à guerra e à Revolução. Percebemos, mais uma vez, a mão protetora de Ismael, pois enquanto em França assistíamos à perda de muitas vidas, no Brasil tivemos apenas um enforcamento. (Xavier, 1977, cap. XIV)
7. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
A conseqüência da Revolução Francesa, para nós, foi a vinda da família real ao Brasil, que seria o estopim inicial de nossa emancipação política, porque D. João VI estando no Brasil começou a tomar resoluções políticas que iriam criar condições de desenvolvimento econômico.
Primeiramente, abrem-se os portos para a livre concorrência com a Inglaterra e, posteriormente, para as nações amigas. Em segundo lugar, declaram-se livres as indústrias nacionais. Mesmo com grande parte da corte colada ao orçamento da despesa, o Brasil caminhava para o alto destino que o eterno lhe assinalara.
D. João VI estava envolto com a mãe demente, esposa desleal, filho perdulário, excesso de despesas administrativas, revolução constitucionalista de Portugal e problemas pessoais de alta responsabilidade, quando teve de voltar a sua Pátria natal, deixando D. Pedro I, como príncipe-regente, o qual deveria cumprir a constituição da junta Revolucionária de Lisboa.
O plano espiritual presidindo a todos os acontecimentos instrui-nos que o problema da liberdade é delicado, sendo preciso formar os Espíritos antes das obras, pois todos os direitos adquiridos exigem responsabilidade e nem sempre estamos aptos a enfrentá-los. Expõe-nos, também, que D. Pedro não era a pessoa indicada para o processo de libertação do povo brasileiro, mas ele encarnava o princípio da autoridade e caberiam ao próprio plano espiritual — povoar suas noites de sonho, a fim de colocá-lo em condições de assumir atitudes corretas e justas segundo a vontade de Deus.
D. Pedro atendendo à frase de seu pai, quando deixou o Brasil. "Pedro, se o BRASIL se separar de Portugal, antes seja para ti, que me respeitarás, do que para alguns desses aventureiros". — resolve iniciar a separação dos dois países, sem prever que Avilez, representante de Portugal tencionava criar barreiras a esse intento. Durante esse período negro vemos a presença de Ismael manipulando as preces e as vibrações das mães sofredoras e concentrando-as na mente e coração de Avilez, deixando o caminho livre a D. Pedro para a consolidação da liberdade.
A presença de Ismael, dos abnegados cooperadores do plano espiritual e principalmente, da figura de Tiradentes, em espírito, acompanhavam através de viagens e contatos com diversos líderes políticos em várias regiões do país, culminando com a famosa frase: "INDEPENDÊNCIA OU MORTE", a sete de setembro de mil oitocentos e vinte e dois. (Xavier, 1977, cap. XVI a XVIII)
8. MAIORIDADE POLÍTICA BRASILEIRA (I)
O aumento das responsabilidades brasileiras deveria ser provido por alma nobre e valorosa. O plano espiritual estava atento e começou a dialogar com *Longinus, a fim de cientificá-lo da grande missão que os mensageiros de Ismael estavam lhe propondo e se saísse vencedor não precisaria retornar neste planeta de expiação e provas. Reencarnaria, assim como D. Pedro II e se incumbiria de polarizar as atenções do povo a sua pessoa no que dizia respeito aos exemplos e virtudes, renúncia e sacrifícios abnegação e desprendimento.
· * LONGINUS FOI O SOLDADO ROMANO QUE DESFERIU UMA LANÇADA EM JESUS NA CRUCIFICAÇÃO E QUE DEPOIS, APÓS MUITAS EXISTÊNCIAS E JÁ INDENTIFICADO COM O MESTRE JESUS, REENCARNARIA NO BRASIL COMO D. PEDRO II.
Enquanto no outro plano da vida estes assuntos eram ventilados, aqui, D. Pedro I, depois de consolidada a Independência, tratava de dar continuidade ao processo de liberdade da Pátria do Evangelho, sempre assessorado pelas falanges de Ismael, que aproveitavam o minuto psicológico para auxiliá-lo nesta consolidação. Apesar de lutar pelos interesses do Brasil foi acusado injustamente de proteger os de Portugal, e por esta razão, inspirado pelos agentes do invisível, abdica na pessoa do filho, a sete de abril de mil oitocentos e trinta e um.
Após a abdicação de D. Pedro I o país sob o comando dos regentes interinos atravessou momentos de crise, notando-se o desenrolar da guerra civil ao Norte e o movimento republicano no Rio Grande do Sul. As falanges de Ismael eram obrigadas a aumentar os reforços intuindo os homens da regência a praticarem os mais sublimes atos de renúncia pelo bem coletivo a fim de que a luz do porvir na pátria não se transformasse em trevas e não paralisasse os interesses do Senhor para com a nossa terra natal.
D. Pedro II reencarna dentro dessa conjuntura e aos quinze anos de idade adquire o poder de governar o país. Para bem cumprir sua missão, abstraia-se dos textos legais e norteava suas decisões mais pela imprensa do que pelos seus ministros, desgostando os políticos da época. Conseguiu com seu caráter evolucionista um grande progresso de liberdade de opinião e a calma voltara ao Brasil. Por não seguir as inspirações do mundo invisível, interfere na liberdade do Uruguai, ocasionando com isto a guerra do Paraguai, pois este país se sentindo ameaçado na sua segurança declarou-se contra o Brasil, iniciando uma contenda que durou cinco anos de martírio e sofrimentos. (Xavier, 1977, cap. XX)
9. A MAIORIDADE POLÍTICA BRASILEIRA (II)
À medida que o tempo passava, as repercussões internacionais e a experiência dos políticos brasileiros clamava por uma mudança estrutural do nosso modelo de economia política, muito embora D. Pedro II fosse um exemplo de discórdia e benevolência. Os políticos da época pressionaram-no e nos primeiros meses de 1888, sob a influência dos mentores invisíveis da pátria, o imperador é afastado do trono, voltando a Regência à Princesa Isabel, promulgando a treze de maio de mil oitocentos e oitenta e oito a lei que extinguia o cativeiro no Brasil.
Ao se extinguir a servidão, o Brasil passava ao regime de maioridade política, isto é, os habitantes deste território receberiam doravante influências indiretas do plano espiritual, mas seriam responsáveis diretos pelos seus erros e acertos. Denominamos República à oficialização desse índice de maioridade, firmado a quinze de novembro de 1889 por Deodoro da Fonseca e uma plêiade de inteligências cultas e vigorosas.
É útil recordarmos o grau de evolução de Longinus, que deixou a coroa sem derramamento de sangue, repeliu todas as sugestões dos Espíritos apaixonados pelo poder, não aceitou dinheiro pelo seu exílio, porém levou consigo um punhado de terra brasileira que muito soubera amar.
O plano espiritual, afim de corroborar este grau de liberdade adquirido, delegava autoridade aos grandes médiuns, que seriam os portadores da luz do Cristo, com a função de concentrar as energias do povo, dirigindo-as para o alvo sagrado da evolução material e espiritual. Dentre eles citamos a personalidade de Bezerra de Menezes, aclamado na noite de julho de1895 diretor de todos os trabalhos de Ismael no Brasil. (Xavier, 1977, cap. XXI a XXX).
10. CONCLUSÃO
Este estudo da História Econômica do Brasil, à luz da espiritualidade, deu-nos a oportunidade de aumentarmos os nossos conhecimentos a respeito do povo, do governo e dos agentes do mundo invisível
acompanhamos o desenrolar dos fatos históricos e percebemos que a maioridade política se desenvolve da mesma forma que o livre-arbítrio no campo individual; que as decisões que julgávamos individuais abrangem uma amplitude mais ampla, porque aquele que decide recebe influências dos ministros, da imprensa, da esposa, e muito mais do plano espiritual, que até a proclamação da república a ascendência espiritual era direta, passando depois a fazer por sugestões telepáticas; que ainda hoje estamos com a boa influência, embora o livro de Humberto de Campos só explica até o período republicano.
Vimos, por fim, que o poder é transitório, que as paixões inflamam os indivíduos, que pouco é o que sabemos e, por essa razão, devemos ter muita humildade, a fim de podermos trilhar o caminho da felicidade, o qual nos conduzirá ao Cristo e à caridade.
11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. 9 ed., São Paulo, Editora Nacional, 1969.
FURTADO, M. B. Síntese da Economia Brasileira. 2 ed., Rio de Janeiro, LTC, 1983.
XAVIER, F. C. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (pelo Espírito Humberto de Campos). 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
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Não haverá GIRA. Estaremos realizando obras de manutenção no imóvel. | De 01/03 à 10/03 – TERREIRO FECHADO 15/03 - sexta-feira – Saúde 20/03 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 22/03 - sexta-feira – Caboclos 29/03 - sexta-feira - Exus | 03/04 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 05/04 - sexta-feira – Pretos-Velhos 12/04 - sexta-feira – Saúde 17/04 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 23/04 - terça-feira – Saudação à Ogum Às 20h 26/04 - sexta-feira - Malandros |
MAIO | JUNHO | JULHO |
30/05 - sexta-feira – Pretos-Velhos 10/05 - sexta-feira – Saúde 13/05 - segunda-feira – Festa dos Pretos-Velhos às 20h 17/05 - sexta-feira – Caboclos 22/05 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 24/05 - sexta-feira – Saudação à Santa Sara com Corrente de Ciganos 31/05 - sexta-feira - Exus | 05/06 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 07/06 - sexta-feira – Pretos-Velhos 13/06 - quinta-feira – Saudação à Santo Antonio com Corrente de Exus às 20h 19/06 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 21/06 - sexta-feira – Caboclos 28/06 – sexta-feira – Malandros | 03/07 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 05/07 - sexta-feira – Pretos-Velhos 14/07 – domingo – SEMINÁRIO das 10h30min às 18h 17/07 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 19/07 - sexta-feira – Caboclos 26/07 – sexta-feira – Exus e Saudação à Nanã |
AGOSTO | SETEMBRO | OUTUBRO |
02/08 - sexta-feira – Pretos-Velhos 07/08 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 09/08 - sexta-feira – Saúde 16/08 - sexta-feira – Saudação à Obaluaê / Omolu 18/08 – Domingo – Calunga às 09h 21/08 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 23/08 – sexta-feira – Caboclos 30/08 - sexta-feira - Malandros | 04/09 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 06/09 - sexta-feira – Pretos-Velhos 13/09 - sexta-feira – Saúde 18/08 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 20/09 - sexta-feira – Caboclos 27/09 – sexta-feira –Distribuição de doces às 15h Não tem Gira 29/09 – Festa de São Cosme e São Damião às 16h | 02/10 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 04/10 - sexta-feira – Pretos-Velhos 11/10 – sexta-feira – Saúde 12/10 – Sábado – Cachoeira/Mata 16/10 - quarta-feira – Café com Vovó Catarina 18/10 - sexta-feira – Caboclos 25/10 - sexta-feira – Exus |
NOVEMBRO | DEZEMBRO | |
01/11 - sexta-feira – Esteira Das Almas 06/11 - quarta-feira – Estudo da Umbanda 08/11 - sexta-feira – Saúde 15/11 - sexta-feira – Dia Nacional da Umbanda – Orixás – 20h 20/11 – quarta-feira – Café com Vovó Catarina 22/11 - sexta-feira – Festa aos Malandros 25/11 - segunda-feira /Calunga 17h 30/11 – Sábado - Praia - | 08/12 – Domingo – Saudação aos Orixás – Encerramento das Atividades/ 2019 | Atenção: As Giras têm início às 20h e as fichas são distribuídas a partir das 19:45 até às 21h. As consultas não são cobradas. “Dai de graça o que de graça recebestes de Deus”. A Tenda Espírita Mamãe Oxum é um Templo Sagrado, respeite-o como tal. Evite roupas ousadas como shorts, mini blusas, vestidos muito decotados ou curtos. Respeitem as Entidades. Mãe Márcia “Anêrê de Oxum” |
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Mensagens em Vídeos e Slides Show
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- O Evangelho e a Umbanda
- Final dos Tempos
- O Trabalho de Cura
- Aruanda - Robson Pinheiro
- Tambores de Angola
- Umbanda para Crianças
- Signos Ciganos
- A Vida depois da Vida
- Quando Chega a Hora
- Toques do Preto Velho
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- A Morte não Existe
- A Matematica da Reencarnação
- O Encanto dos Orixás - Leonardo Boff
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- Pão Nosso (Belíssimo com fundo musical)
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