Pesquisa: Carlos Eduardo
Cennerelli
Paulo II
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
ANO 1918
Paulo II
O médium vê um homem moreno,
pálido, de olhos grandes, rosto redondo, altura regular,corpo cheio, cabelos
compridos e grisalhos. Está cabisbaixo. Veste habito escuro, tendo no pescoço
uma pala branca ou colarinho, e traz na cabeça a tiara. Circunda-o belíssima
luz roxa.
_________________
Tendes
na vossa presença o espírito de Paulo II, que vos vem trazer notícias suas e
narrar tudo quanto se passou com ele na vida espiritual. Vem à vossa presença o
espírito de Paulo II para dizer-vos que muito sofreu após a morte, grandes
foram as dores, cruéis os seus sofrimentos no mundo da verdade. Está perante
vós o espírito de Paulo II para vos dar uma lição de moral de grande e sabido
valor, narrando fielmente a sua vida pontifical e também a sua vida de espírito
desencarnado.
Sou de
todos os papas o que menos se conformou com os ensinamentos de Jesus, o que
mais se afastou da moral ensinada pelo Mestre, e maiores provas de fraqueza e
falta de fé demonstrou durante o seu pontificado.
Fui um papa desobediente às leis da Igreja, infiel
aos princípios da sagrada doutrina de Jesus, que desrespeitou e falseou,
desonrou e profanou, cometendo ações pouco dignas de serem praticadas por um
sacerdote incumbido de guiar e conduzir a cristandade para o caminho da
felicidade espiritual. Sou o espírito de um papa intolerante, orgulhoso,
prepotente e insubmisso à lei de Deus e que não teve escrúpulos em adulterar a
doutrina cristã, para saciar a sua volúpia de ouro, a sua sede de domínio e
desmedida ambição de gozar a vida material, cujos encantos o seduziam sempre,
fascinando-o até o delírio. Sou a alma de um sacerdote sem a mais
insignificante parcela de critério moral, de senso comum e de espírito de
justiça e caridade.
Sou o
espírito de um impulsivo, voluntarioso, que obedecia mais aos instintos
egoísticos, venais e grosseiros, que é voz da consciência e as aspirações da
Infinita Sabedoria, do bem, da justiça e do amor!
Tendes diante de vós o mais completo tipo de criminoso,
o mais acabado perfil de tirano e déspota, perverso e covarde! Ides julgar um
dos mais indignos chefes que tem tido a Igreja Católica.
Não podeis avaliar a soma de responsabilidades que
pesa sobre o pontificado de Paulo II, os crimes cometidos pelo papa que ora se
comunica convosco!
Não
podeis mentir nem conceber o grau de desmoralização a que atingiu a religião de
Jesus Cristo no tempo em que pontificou entre vós Paulo II.
Eu vos contarei, não detalhadamente como desejaria
faze-lo, mas largamente, em grandes e vigorosos traços; pintarei de maneira
sugestiva, uma série de quadros que vos darão a impressão exata da situação em
que se achavam a doutrina de Jesus Cristo e a cristandade terrena durante o
governo pontifício de Paulo II, aqui presente, para dar, perante Deus, que o
escuta, e os cristãos que o leem, a maior prova de humildade que um espírito
pode oferecer perante o mundo onde viveu, onde praticou os erros e as faltas
que o fizeram sofrer na eternidade!
Deus,
que invocarei sem cessar no correr desta comunicação, é testemunha do que venho
declarar à face do mundo; Deus será o fiador desta revelação que venho fazer
perante a cristandade; Ele me dará força e coragem para que não desfaleça em
meio do caminho, ao narrar vos as minhas misérias e fraquezas, os meus abusos e
delitos.
Jesus
que invoco neste instante, será também o meu protetor, o meu guia nesta
explanação que venho fazer diante dos meus irmãos da Terra, para mostrar-lhes a
verdade, desvendando-lhes o mistério que envolve as coisas d’além tumulo, e ao
mesmo tempo, fazer lhes sentir que já é tempo de se emancipar dessas crenças
funestas que nada lhes adianta na vida terrena, criando para eles, na eterna
vida, dias sombrios e amargurados. Direi hoje aos meus irmãos a verdade que não
tive coragem para sustentar e defender outrora.
‘Revelação
dos Papas’
(Obra
Mediúnica)
-
Comunicações d’Além Túmulo –
Sentei-me na cadeira papal à custa de esforços que
fiz para colocar sobre a minha cabeça a tiara, com a qual sonhara desde o
início da minha carreira sacerdotal, cheia esta de episódios dramáticos, cenas
trágicas em que figurei sempre como principal protagonista, representando os
mais indignos papéis.
Subi ao trono pontifício por um golpe de astucia,
ato criminoso praticado por mim e por aqueles que tinham interesses em
colocar-me no alto, para que, uma vez lá em cima, lhes desse a mão, os
guindasse também às culminâncias, onde, à farta, pudessem saciar a gula, os
apetites vorazes, satisfazendo as ambições criminosas que vinham alimentando nas
suas almas danadas, nas suas entranhas de verdadeiras bestas humanas.
Galguei a elevada posição de Pontifice Maximus à
custa do sangue de um adversário que me podia vencer com o seu prestigio e o
seu valor, cardeal possuidor de raro mérito e brilhantes e invejáveis virtudes,
inteligência culta, coração generoso, repleto dos mais puros e sinceros
sentimentos de fé, caridade, justiça e amor à doutrina de Jesus.
Presto-lhe aqui todas as minhas homenagens, hoje,
depois de haver recebido desse extraordinário e bondoso espírito a grande prova
de amor que acaba de dar-me, perdoando-me, intercedendo por mim junto a Deus e
a Jesus.
Eu o
proclamo daqui santo e puro, espírito eleito, digno e glorioso servo do Senhor!
Deus lhe concedeu a luz e a glória supremas de viver ao lado dos grandes, mas,
na sua imensa bondade, ele abandona constantemente o mundo da bem-aventurança
para vir ombrear com os humildes e os pequenos, os pobres da luz divina, para
ajudá-los, confortá-los nas suas provações.
Esse foi um dos meus maiores crimes; outros cometi
ainda durante o meu pontificado. Direi vós - mas todos esses crimes são
ignorados na Terra! Eu vos responderei - nada sabeis, meus irmãos, do que se
passa dentro desse palácio sinistro a que chamais - Vaticano; nada conheceis da
vida íntima dessa gente que na Terra se inculca santa e imaculada! Felizmente
para eles e para todos vós, soou já a hora em que a verdade vai brilhar com
todo o esplendor da sua pureza! Não poderão mais enganar-vos; passou o período
das ilusões e das falsidades e mentiras, raiou a aurora sublime do Espiritismo,
que há de restabelecer a verdade em toda parte e sobre todas as coisas.
Ouvi,
portanto, o que vos diziam os espíritos dos papas nesta “Revelação”.
Sentei-me na cadeira chamada de S. Pedro à custa
do sacrifício de uma vida preciosíssima; revesti-me dos ornamentos pontificais
com as mãos tintas do sangue de um companheiro, amigo e irmãos; empunhei o
cetro de rei da cristandade, tendo os pés sobre o túmulo de um sacerdote
merecedor de todas as honras e distinções, de todos os respeitos, de toda a
estima e de todo o amor.
Pontifiquei
após um ato abjeto, infame miserável e covarde! Não parou aí a minha fraqueza e
miséria; fui além, muito além!
Persegui os amigos daqueles que eu sacrificara à
minha ambição e à minha inveja, ao meu ódio e ao meu egoísmo. Sacrifiquei ainda
outras vidas; fiz calar as vozes que se fizeram ouvir protestando contra os
meus atos desumanos e covardes!
Não
perdoei os que diziam ser eu um verdadeiro criminoso celerado, indigno de
sentar-me na cadeira da verdade!
Fui além, muito além, sacrifiquei ainda os que não
quiseram pactuar com as minhas infâmias; roubei a vida aos que procuravam
punir-me pelos atentados que cometera. O veneno foi sempre a minha arma, o meu
instrumento de vingança. Os meus auxiliares nessas empresas funestas foram
contemplados, cumulados de honras, prêmios e galardões, tendo alguns desses
assassinos chegado a vergar a púrpura cardinalícia.
Os meus amigos tiveram a mais completa satisfação
de todas as suas ambições e viram realizados todos os seus sonhos por mais
absurdos que fossem. Nada lhes faltou, nada lhes neguei; tudo lhes concedi,
tudo lhes dei; somente não lhes pude dar a paz e a tranquilidade de consciência
na vida espiritual, onde, ao meu lado, padeceram cruéis tormentos, participando
das minhas dores e das minhas lágrimas.
Dei-lhes
tudo em minha vida, dispensando-lhes todos os favores e atenções; não lhes pude
dar, entretanto, depois da morte, a felicidade e o perdão quando ao meu lado os
imploraram, apelando para o meu prestígio pontifical, pedindo-me fizessem
cessar a sua tortura, mitigasse as suas dores, fizesse terminar o seu martírio.
Conquistei tudo quanto desejei em vida, realizando
quanto sonhara na Terra, ainda mesmo à custa do sacrifício do meu semelhante;
mas na vida eterna nada consegui, nada alcancei que não fosse à custa dos
maiores sacrifícios e horríveis tormentos, e, se não fosse a intervenção das
minhas próprias vítimas, principalmente dessa de quem há pouco vos falei
exaltando lhe as virtudes, a estas horas estaria eu ainda suportando os
horrores das trevas, gemendo, chorando, padecendo no inferno que eu mesmo abri
na minha própria consciência.
Outros crimes pratiquei ainda e Deus também nos
perdoou. Outras crueldades cometi também contra inocentes criaturas que
sacrifiquei ao meu capricho e a minha gula sensual!
Não respeitei o pudor das virgens confiadas à
guarda da Igreja que eu chefiava, não me preocupando com as consequências dos
meus atos voluptuosos, da minha concupiscência desmedida, que me levou a
prática das reprovadas e criminosas ações. Tudo isso que confesso aqui, diante
de Deus e na vossa presença, foi praticado por aqueles que se dizia
representante de Cristo na Terra, pelo grande pastor, chefe supremo da doutrina
de amor pela qual o Divino Mestre se deixou imolar para nos dar exemplos de
caridade, abnegação, humildade, amor e justiça. Foram esses os atos de
impiedade cometidos por Paulo II que se dizia pai e pastor dos rebanhos de
Jesus; foram essas atrocidades praticadas por aquele que devia ser a
personificação da pureza, da inocência, da virtude, da caridade e do amor!
Paulo
II foi, pois, um bárbaro, criminoso vulgar, réprobo, covarde e feroz assassino.
Cometeu
Paulo II essas torpezas seguro de que todos os seus crimes ficariam impunes,
que Deus não os levaria em conta, por terem sido praticados pelo papa, pelo
representante de Cristo da Terra.
Assim
também pensavam muitos antecessores meus, que se transviaram do caminho do
dever, certos de que nada lhes aconteceria na vida eterna, onde, supunham,
continuariam a gozar os privilégios e prerrogativas que desfrutaram na Terra.
Ilusão! Ilusão! Deus é justo e sábio e, por isso,
a Sua justiça atinge igualmente a todos sem distinção de classe, sem olhar a
posição hierárquica a que pertenceu o espírito quando no mundo.
Deus, na Sua infinita sabedoria, quer apenas ver
as causas que nos levaram à prática dos delitos, dos atos criminosos pelos
quais respondemos na Sua presença.
Ilusão! Ilusão! Nada se apaga do bem ou do mal que
praticamos na vida terrena; tudo fica gravado no infinito, onde os nossos atos
repercutem e deixam vestígios, clichês das nossas ações dignas ou reprovadas, e
um dia, quando chegarmos ao mundo dos espíritos, vamos nós mesmos ler o que
está escrito em caracteres luminosos e inapagáveis, os nossos erros, as culpas
que recaem sobre os nossos espíritos, o perdão ou a condenação que merecemos
pela miséria porque nos conduzimos na vida.
Ilusão! Ilusão! Vos disse já e repito: Ilusão!
Tudo quanto pratiquei foi por mim mesmo lido no infinito, em presença dos
espíritos incumbidos de distribuir a justiça, perante os juízos que examinam as
nossas consciências quando abandonados o corpo material para entrar na vida
eterna e imortal.
Padeci pois, e muito, após a morte, e ainda hoje
esses recordações atormentam o meu espírito e perturbam a minha alma.
Deus me deu o meio de expurgar as minhas faltas;
por isso me encarnei na Terra nove vezes, depois de ter sido papa. Suportei
nessas existências as maiores provações e, graças a elas, hoje, gozo de alguma
felicidade e posso, em nome de Deus e de Jesus, que me ouvem nesta confissão,
dizer-vos: Meus amigos, abandonai as ilusões, não vos deixei enganar pelos
falsos ensinamentos; buscai a verdade onde ela existe de fato; não vos deixeis
iludir por essas crenças que nada tem de legítimas, que devem ser para vós
outros suspeitas, duvidosas, por emanarem de fonte também suspeita e duvidosa.
A verdade está no Espiritismo, que deveis
cultivar e estudar e cujos ensinos deveis aceitar, para poderdes um dia
encontrar a felicidade e a paz eternas.
Só esta doutrina poderá elucidar o vosso
espírito, iluminar as vossas consciências, esclarecer a vossa razão, dar-vos a
certeza e a segurança da verdade, dessa verdade que eu proclamo daqui como a
única e confiável, completa, indestrutível e absoluta.
Antes
de me retirar direi: não mateis, jamais sacrifiquei vidas, jamais procureis abater o vosso semelhante para
satisfação dos vossos interesses, jamais busqueis subir na escala social à
custa do sacrifício de quem quer que seja.
Não procureis alcançar a glória sacrificando
interesses alheios, humilhando os vossos irmãos, calcando aos pés os princípios
sagrados da justiça e do amor ao vosso semelhante, cuja vida e interesses
deveis respeitar sempre e sempre!
Não vos desvieis dos ensinamentos de Jesus, jamais
vos afasteis da verdade espírita, a única que existe e que poderá livrar-vos
dos sofrimentos e torturas por que passou o espírito de Paulo II que se retira
satisfeito por ter dito aqui toda a verdade, diante de Deus e em face do mundo
cristão, humilhando-se perante os seus irmãos da Terra, para os quais invoca
neste momento a Misericórdia Infinita e a proteção e amparo de Jesus Cristo - o
nosso Redentor.
Adeus,
e cumpri o que vos peço, para poderdes, um dia, ser felizes na eternidade, onde
vos espero para felicitar-vos, em nome de Jesus, por haverdes cumprido o que
hoje vos recomendo.
Paulo
II
Novembro
de 1915
Informações
Complementares
Nome
civil: Pietro Barbo.
Duração do papado: De 30 de Agosto de 1464 até 26 de Julho de
1471.
Concorreu com Torquemada – o famigerado inquisidor – no conclave
que o elegeu. Foi eleito também porque representou o ressurgimento do poder dos
italianos contra os espanhóis e franceses que ambicionavam o cargo para seus
pares.
BONIFÁCIO III, PAPA
‘Revelação dos
Papas’
(Obra
Mediúnica)
- Comunicações
d’Além Túmulo -
ANO: 1918
Publicada sob os auspícios da União Espírita Suburbana Rua
Dias da Cruz 177, Méier
Officinas
Graphicas d’A Noite Rua do Carmo, 29
BONIFÁCIO III, PAPA
TORNA-SE VISÍVEL À MÉDIUM UM HOMEM ALTO, DE ROSTO FINO E
CABELOS PRETOS; TRAJA CAPA SACERDOTAL DOURADA E TEM A TIARA PAPAL. A SUA FIGURA
ESTÁ CIRCUNDADA DE GRANDE IRRADIAÇÃO LUMINOSA, FORMADA DE LUZ BRILHANTE;
PURÍSSIMA.
Está ao vosso lado um dos chefes da cristandade, que muito concorreu para o seu
atraso e desvio do verdadeiro caminho.
Compareço aqui perante vós,
homens da Terra, para vos dar a certeza de que a alma não morre e, mesmo
desencarnada, continua a gozar ou sofrer, conforme o seu mérito ou demérito, e
que os anos e os séculos não fazem esquecer aqueles com os quais ela contraiu
dívidas ou assumiu compromissos.
A morte não apaga a recordação das coisas nobres e santas; só desaparece da
memória espiritual o que é pueril e fútil. As grandes obras, as boas ações, os
atos de caridade: de abnegação e sacrifício perduram para sempre, gravados na
alma liberta do corpo material. Os remorsos e as tristes lembranças dos
erros e das faltas acompanham também o espírito e o torturam na vida
espiritual; mas, à medida que a alma se depura, essas desagradáveis
reminiscências vão se apagando, para ceder legar às doces e consoladoras
lembranças do bem praticado pelo espírito na Terra.
Quem vos fala neste instante veio para a vida espiritual cheio de remorsos e
recordações cruéis, verdadeiros pesadelos a esvoaçarem na sua consciência
sombria.
RETIREI-ME DO MUNDO
CONVENCIDO DE QUE VIRIA SENTAR-ME AO LADO DE DEUS, PERTENCER À SUA CORTE
CELESTE, GOZAR AS DOÇURAS DO CÉU E OS BENS E AS CONSOLAÇÕES DA SANTIDADE.
ACREDITAVA QUE, POR TER SIDO PAPA, A VIDA ESPIRITUAL SERIA PARA MIM UMA ETERNA
PRIMAVERA, INTERMINÁVEL DELÍCIA, INFINITO GOZO, ETERNA PAZ E ETERNO PRAZER.
PENSAVA QUE, POR ME TER SENTADO NA CADEIRA PAPAL, AO ENTRAR NA VIDA ETERNA
TERIA LOGO A FRONTE AUREOLADA DA LUZ DA GRAÇA DIVINA E FICARIA PARA SEMPRE EM
ATITUDE BEATÍFICA, CIRCUNDADO DE NUVENS E DE ANJOS, EMPUNHANDO A PALMA, QUE É O
SÍMBOLO DA GLÓRIA E DA PUREZA DOS SANTOS MÁRTIRES.
Grandes
foram as minhas decepções, imensas as minhas surpresas, enormes os meus
dissabores e as minhas desilusões, quando vi contrariados todos os meus desejos
e projetos formulados durante a vida material.
SENTI-ME HUMILHADO,
ABATIDO, AO VER OUTROS QUE, NA TERRA E AO MEU LADO, HAVIAM OCUPADO HUMILDE
POSIÇÃO SOCIAL, OBSCUROS E IGNORADOS, SEREM EXALTADOS, GLORIFICADOS E ELEVADOS
À MAIOR CATEGORIA ESPIRITUAL, COLOCADOS EM PLANO SUPERIOR ÀQUELE EM QUE SE
ACHAVA QUEM, AINDA HÁ POUCO, DIRIGIRA NO MUNDO OS DESTINOS DA CRISTANDADE.
DESLUMBROU-ME O ESPETÁCULO SUBLIME DA GLORIFICAÇÃO DOS HUMILDES, DA BONDADE
INFINITA DE DEUS E A CERTEZA DO PERDÃO QUE ELE CONCEDE IGUALMENTE A TODOS OS
QUE SE ARREPENDEM SINCERAMENTE E SE REGENERAM, ACEITANDO AS PROVAÇÕES IMPOSTAS
PELO ALTÍSSIMO, SUBMETENDO-SE AO PROCESSO DEPURADOR E REGENERADOR DAS
SUCESSIVAS EXISTÊNCIAS.
CHOREI AMARGAMENTE OS DIAS QUE PERDI A COGITAR DA SOLUÇÃO DE QUESTÕES PUERIS, A
MEDITAR SOBRE FALSOS DOGMAS, A REDIGIR BULAS E ENCÍCLICAS NAS QUAIS FIZERA EU
AFIRMAÇÕES ABSURDAS, INJUSTAS E DESCABIDAS. LAMENTEI O TEMPO SACRIFICADO EM
ORGANIZAR CONCÍLIOS PARA DECIDIREM QUESTÕES RELIGIOSAS QUE NENHUMA IMPORTÂNCIA
TINHAM E SÓ SERVIRAM PARA AUMENTAR A CONFUSÃO JÁ EXISTENTE, APRESSAR A
MARCHA DO ESPÍRITO DE DESORDEM QUE AMEAÇAVA DOMINAR O MUNDO CRISTÃO.
ARREPENDI-ME DE TER ACREDITADO, EM ABSOLUTO, NOS DOGMAS CUJAS DEFINIÇÕES DADAS POR
ANTECESSORES MEUS EU, REPUTAVA INFALÍVEIS E INCONTESTÁVEIS. EXPERIMENTEI O
PESAR QUE EXPERIMENTA TODO AQUELE QUE RECONHECE A INUTILIDADE DO SEU ESFORÇO E
SENTE O PESO DAS RESPONSABILIDADES E DOS COMPROMISSOS QUE ASSUMIU PERANTE DEUS
E OS HOMENS.
FOI DOLOROSA PARA MIM A HORA EXTREMA DA PASSAGEM DA TERRA PARA A VIDA
ESPIRITUAL: SOFRI GRANDES ABALOS, VIOLENTAS CONVULSÕES AGITARAM O MEU ESPÍRITO,
SACUDIRAM-ME A ALMA, GRANDES E NEGRAS SOMBRAS ENVOLVERAM A MINHA CONSCIÊNCIA,
CIRCUNDARAM O MEU ESPIRITO.
Padeci, chorei amargamente, andei aflito e errante durante longo tempo, sem
rumo, sem nada saber nem compreender do que me acontecia então. Implorava a
Deus que me desse calma, que me tirasse do meio daquele horror.
A consciência não cessava de acusar-me de ter cumprido mal o meu dever
sacerdotal, de haver afrontado a moral cristã e corrompido o espírito religioso
da época, criando mistérios inúteis, propagando doutrinas nocivas às criaturas,
ensinando falsidades, mentindo às consciências.
Tudo quanto eu praticara
de mal e injusto bailava na minha consciência, atormentava o meu espírito,
inquietava a minha alma. Todos os erros vinham acompanhados dos perniciosos
efeitos que produziram no mundo, todos os abusos se apresentavam com o fúnebre
cortejo e suas consequências funestas. Eu os contemplava perturbado,
aflito, procurando ainda justifica-los, dar-lhes razão de ser; isso, porém,
fazia aumentar a minha dor e o meu desespero: Sempre que a minha razão abatida,
vencida pelas torturas dos remorsos, tentava, a medo, condenar esses erros;
sempre que a minha consciência procurava, num rápido e fugaz lampejo de
lucidez, repudiar esse abominável passado, eu notava que um alívio, uma doce
calma vinha consolar-me em meio dos horrores das trevas. Comecei então a
compreender que era preciso repudiar todas aquelas lembranças, esquecer e
condenar esse passado criminoso, essa vida estéril de papa, esse pontificado
inútil para o mundo.
Senti vagos e indefinidos desejos de arrependimento, a necessidade urgente de
voltar as costas a existência tão perniciosa e apagar os vestígios que deixara
sobre a Terra, para cujo atraso eu concorrera com a minha ação pontifical.
Comecei a ver claro onde até então vira apenas sombras e mistérios: principiei
a recordar os verdadeiros ensinamentos de jesus, as suas máximas, e a
interpreta-los de modo diverso daquele por que fizera durante a vida;
principiei a ver o erro e a incoerência dos ensinos que havia dado aos homens,
o absurdo dos dogmas, a inconsistência dos argumentos de que se serve a Igreja
para explicar a justiça e a sabedoria infinitas. Tive então horror de mim
mesmo, senti ímpetos de eliminar-me, destruir-me, se possível fosse.
Apoderou-se de mim furiosa
indignação, que só foi acalmada quando bons espíritos, que vieram ao meu
encontro, mostraram-me o inconveniente dessa exaltação. Senti-me pequeno,
insignificante, nulo, ante as sublimes verdades que então me foram reveladas,
ante os esplendores que a mim foi permitido contemplar.
Sofri ainda algum tempo, pois as ilusões não me abandonaram de pronto; elas
foram, pouco a pouco, desaparecendo e, também pouco a pouco, fui recuperando a
calma e a paz do meu espírito e a tranquilidade da minha consciência.
Quando a luz se fez para
mim, completa e brilhante, pedi a Deus a graça, e Ele m'a concedeu, de voltar
ao mundo para expurgar os meus crimes, apagar os vestígios dos meus erros, os
traços funestos das minhas faltas. Deus me concedeu esse favor e, por isso, já
aqui voltei cinco vezes, depois que me sentei na cadeira de S. Pedro, da qual
conservo as mais tristes recordações.
Essas existências me deram a felicidade que hoje gozo, a paz que ora desfruto
na vida eterna.
Ai tendes o que se passa na existência espiritual com os que foram pastores dos
rebanhos sagrados do Senhor, a histeria resumida da vida de um papa
desencarnado; ai tendes mais uma prova da Justiça e da Bondade infinitas, que
castigam sempre, mas sem condenar às penas eternas do inferno - que só existe
na fantasia dos homens interessados em conservar erros e manter abusos, em
mentir e enganar os seus irmãos cuja direção espiritual lhes foi confiada.
Jesus, o imaculado, ensinou e pregou sempre a humildade - como a maior das
virtudes que salvam o homem e elevam a sua alma ao paraíso e à gloria, e a
caridade - que, também no dizer do Mestre, é uma das mais belas virtudes que
podem levar a alma da criatura à felicidade eterna.
Repito aqui o conselho, pedindo cultiveis apaixonadamente essas duas virtudes,
santificadas pelos lábios do Mestre, que é para poderdes, um dia, merecer a
proteção e o amparo de Deus e vos aproximardes daquele que é o vosso pai e o
vosso arrimo, a vossa única esperança, o vosso único consolo, e o único que vos
pode dar a verdadeira e única felicidade. Cultivai, pois, a caridade; praticai
o bem; dai exemplos de humildade e de obediência à Vontade e Sabedoria Eternas.
Acreditai na imortalidade da alma e abandonai as falsas crenças do diabo e do
inferno, lembrando-vos que o diabo sois vós mesmos, assim como o inferno reside
também em vós, quando a consciência está impura pelos desejos pecaminosos,
pelos erros praticados, nos crimes que desejais cometer a toda hora, nos
falsos sentimentos que alimentais na vossa alma, nos instintos bárbaros, nas
tendências perversas que não tendes força e energia para sufocar e contrariar.
E essa mesma consciência vos dará o céu, se souberdes conserva-la limpa,
expurgada de remorsos, se iluminardes com a luz da caridade, do bem e do amor
ao vosso semelhante.
Ai tendes o céu e o inferno dentro de vós mesmos: destruí o inferno e edificai
o céu, onde haveis de viver, um dia, felizes e contentes. Que Deus vos
ajude na realização destes votos que faz o vosso irmão.
Bonifácio III,
papa
Setembro de
1915
INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES
CURTO PONTIFICADO:
DE 19 DE
FEVEREIRO A 12 DE NOVEMBRO DE 607. MANTINHA EXCELENTES RELAÇÕES COM O IMPERADOR
FOCAS (CITADO POR EMMANUEL EM ‘A CAMINHO DA LUZ ‘(FEB)) DE QUEM OBTEVE UM
DECRETO AFIRMANDO QUE O BISPO DE ROMA TORNAVA-SE BISPO UNIVERSAL OU SEJA PAPA.
Copérnico
Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo –
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918
Copérnico
O médium vê um homem velho, tendo a cabeça
envolvida
em grande massa de luz branca com raios prateados.
O espírito é muito luminoso.
............................
Estais, meus amigos, diante do espírito do vosso
irmão Copérnico, o astrônomo.
Venho, em nome de Deus, anunciar aos homens de boa
vontade coisas que precisam conhecer, para que não mais vivam na dúvida que
leva à pratica de erros e crimes.
Venho, em nome do nosso Pai de Amor, dizer aos
homens que os tempos são chegados para a Terra, que ora completa mais um giro
em torno do grande astro que a conduz no espaço infinito.
Venho, em nome de Jesus, proclamar que a Terra não
é o único mundo habitado, o único planeta em que palpitam seres vivos e uma
humanidade cumpre a sua provação.
Anuncio-vos que não é só na Terra que existem
homens, animais, plantas, pássaros, flores, rios e montanhas.
Não é somente no vosso mundo que se sofre, padece,
goza e ama: há no Universo milhões de mundos habitados por criaturas mais
imperfeitas que as da Terra e, em muitos, outras, mais perfeitas que vós
outros.
Venho proclamar aqui a grandeza da obra do
Criador, anunciando que existem mundos em que a vida é mais brilhante, mais
bela, mais alegre e mais risonha que a da Terra, onde tudo termina com a morte,
todas as coisas são limitadas, onde não existe o absoluto, pois tudo ai se
contém na relatividade.
Proclamo aqui os grandes mistérios que até ontem
pareceram insondáveis para vós outros, mas hoje Deus manda revelar às
criaturas.
Não há nada mais belo que o espetáculo que se
oferece à vista dos espíritos adiantados - o da migração dos espíritos de
mundos inferiores para o espaço infinito e deste para aqueles. E quem observar
tais cenas, tão comoventes quadros, poderá dizer aos seus irmãos da Terra
alguma coisa que os oriente e instrua.
Sede
sempre bons e humildes perante Deus e Jesus, e só assim podereis, um dia, gozar
a doce ventura de contemplar o sublime espetáculo de que a pouco vos falei.
Sede
sempre caridosos, praticando atos de bondade e amor, para com os vossos
semelhantes, a fim de poderdes desfrutar a inaudita felicidade de apreciar as
imigrações e emigrações dos espíritos, que saem e entram nos mundos de
provações ou se elevam aos mundos de categoria superior, nos quais tudo é luz,
paz, doçura e amor.
Cumpri
o vosso dever cristão semeando o bem, divulgando a verdade na Terra, espalhando
por toda a parte os ensinamentos de Jesus, para que possais alcançar a glória
de contemplar o desdobrar das estrelas, o caminhar dos planetas, as revoluções
dos sóis e as gravitações de todos os corpos que enchem o Universo, onde a
Terra é minúsculo grão de areia a rolar por entre turbilhões de mundos
habitados por gente mais bela, mais sabia, mais virtuosa, mais consciente e
segura da sua existência nesse mesmo Universo, gente mais humilde e mais
confiante em Deus do que vós outros.
Nada mais sublime e encantador; nenhum espetáculo
há na Terra que se possa comparar a essa fantástica mecânica celeste, na qual
tudo se move impulsionado pela vontade infinita do nosso Pai Celestial!
Nada mais sublime que o rolar dos mundos na
eternidade, para quem pode de um só golpe de vista, abranger parte desse
Universo que vos cerca, vendo, a cada passo, operarem-se as transformações da
matéria cósmica, que se distribui de acordo com os pontos ou mundos para os
quais ela é atraída e guiada pelos espíritos que dirigem as formações, os
agrupamentos atômicos, os agregados moleculares, os compostos químicos, nos
sistemas em constituição.
Nada mais grandioso e belo que o gravitar dos
sóis, em torno dos quais correm os planetas dos múltiplos sistemas, conduzindo
os seus satélites pelo infinito além! Sonho indescritível, visão incomparável
essa que desfruta o espírito ao se lhe depararem os grandes mundos em marcha,
coloridos, matizados da luz dos sóis que os atraem!
Como é surpreendente essa massa fluídica que se
estende no vosso céu, nas noites sombrias - e a que chamais "Via-Láctea -
ou Estrada de S. Thiago" - para quem pode, em dado momento, distinguir os
movimentos graciosos dos mundos, das estrelas e dos sóis de que se compõe essa
imensa nebulosa, corpos esses que marcham descrevendo no infinito figuras
geométricas, que se combinam, se ajustam, se casam, formando desenhos
estranhos, contornos originalíssimos, encadeamentos de formas gigantescas e
traçados de uma inédita e singular aparência!
Ver caminhar esses sóis; assistir às evoluções
desses mundos; contemplar, já as colorações dos corpos que ali se agrupam,
formando os sistemas, as cadeias luminosas, já os esplendores das constelações,
que se prendem umas às outras, e, ainda, as inumeráveis combinações das luzes
cometas, dos bólidos, dos meteoros luminosos, cruzando sem cessar em todas as
direções e por toda a eternidade - são cenas, espetáculos que deliciam a vista,
arrebatam a alma, comovem o espírito, sensibilizam aqueles que tem a ventura de
poder abranger com a vista espiritual tão sublimes e indescritíveis belezas!
Quem
deixará de aperfeiçoar-se, quem não desejará avançar na estrada do progresso, a
fim de poder, um dia, penetrar em regiões tais, assistir a esses formidáveis e
emocionantes espetáculos, a essas epopeias de luz e de cor, a esse concerto em
que se empenham - em harmoniosa e sedutora música - os mundos criados por Deus
que os enche de luz e encanto e os mantém e equilibra no espaço sem fim?
Quem não trocará as sombras do inferno, aberto nas
consciências, por essas auroras boreais e eternas, por esses deslumbrantes
crepúsculos, por essas intérminas alvoradas de dias que não findam nunca, por
esse amanhecer eterno que desfrutam as almas dos humildes e dos bons? Quem não preferirá
a vida luminosa do espírito feliz dos mensageiros do Senhor, que vão por todo o
Universo - de mundo a mundo, de sol a sol, de estrela a estrela, de constelação
a constelação - a gozar as doçuras de tão sublimes espetáculos, que os deleitam
e os embalam, provocando nas suas almas doces espasmos, estases deliciosos, a
contemplação das cenas encantadoras, dos acontecimentos extraordinários
ocorridos a cada passo no Universo?
Quem
poderá resistir ao desejo de viver a vida ideal do espírito liberto de todos os
prejuízos da matéria, aquele que, após a morte, se sente arrebatado às sublimes
regiões onde gravitam os sóis e as constelações?
Quem,
meus irmãos, quererá trocar o viver dos bem aventurados pelo dos espíritos
inferiores, esses que, perturbados, ficam chumbados à superfície dos mundos
onde terminam a última provação, com a consciência envolta em trevas, cegos,
aflitos, tendo apenas diante de si os remorsos, as figuras esquálidas e
esqueléticas das suas vítimas, ouvindo o coro das maldições e anátemas que caem
sobre as suas cabeças?
Quem,
meus irmãos; trocará o esplendor das auroras pelos negrumes das borrascas, a
luz do sol pelos densos nevoeiros?
Quem
permutará o céu pelo inferno? Ninguém, de certo!
Sinto não me seja ainda permitido revelar-vos
todas as maravilhas que se ocultam aos vossos olhos; mas direi alguma coisa
para saciar vossa sede de saber, de conhecer as coisas do além.
O espaço que vos cerca está cheio de mundos em que
muitos de vós já viveram antes de vir para a Terra, de onde haveis de sair para
desfrutar melhor vida em outros planetas que vedes também gravitando em torno
do vosso.
Encontra-se aqui, bem perto, de vós, um mundo em
que a vida é doce e suave sonho, uma eterna festa, paraíso florido a rolar na
imensidade conduzindo no seu seio uma humanidade feliz e ditosa, que já mereceu
de Deus a graça de, não mais suportar dores físicas, e em cujo meio só se vive
do amor e para o amor.
E é ali nesse lugar que habitam muitos espíritos
que estão sendo chamados para vir se empenhar na obra do vosso progresso e
salvação.
O mundo de que vos falo foi já, como o vosso,
atrasado e sombrio, mas a sua humanidade tanto se esforçou, que hoje esse globo
irradia no espaço infinito.
Quantas doçuras, quantos gozos desfruta essa gente! Que suave e delicioso
viver, o dessas almas felizes, que ali trabalham pelo progresso de outros
mundos, enviando os seus filhos para as grandes missões de caridade e amor!
Mundos de gozo há diversos em torno de vós,
brilhando aos vossos olhos enamorados, deslumbrando as vossas vistas, seduzindo
as vossas almas, quando os contemplais às horas mortas, silenciosas da noite,
em que os vossos irmãos repousam das fadigas diurnas e vós outros sois, por qualquer
motivo, levados a velar!
E como esse que acabei de descrever, contam-se
outros onde não mais o homem suporta as contingências da vida material,
grosseira, que viveis aí na Terra, onde não mais a criatura paga esse cruel e
impiedoso tributo de sangue, que estais agora pagando nesse planeta.
Não! Ali já não existe a guerra, nem os homens
trucidam os semelhantes; lá, em tais mundos, só o amor os prende, enlaçando as
almas; a discórdia não divide os homens; as ambições não arrastam as criaturas
a sacrificarem os seus semelhantes; o ódio, a inveja, o orgulho, a vaidade, as
misérias e podridões não cavam a desgraça dos espíritos que ali estacionam,
aguardando a hora em que Deus houver por bem envia-los para outro mundo ainda
melhor, onde a felicidade seja mais completa e o espírito viva mais em contato
com o seu Criador!
Mundos, meus amigos, existem, e não muito longe do
vosso, onde se vive, sem essa luta constante em que vos empenhais
quotidianamente.
Andam ali as criaturas sem necessidade do alimento
grosseiro de que careceis no vosso planeta, para manter o corpo material que
reveste o vosso espírito.
Tudo, para esses seres, é adquirido sem esforço,
sem os sacrifícios que fazeis constantemente para as vossas conquistas, para
alcançardes o bem estar, a fortuna e os meios de prover a vossa subsistência.
Não se fatigam tanto os que vivem nessas terras,
pois a sobriedade e a moderação são ali as mais apreciadas virtudes; o
interesse de cada um chega somente ao ponto em que começa o do semelhante, e
também a virtude consiste em possuir para repartir e não para acumular,
amontoar e negar ao semelhante quando, aflito, apela para a nossa caridade e
amor fraternal.
Ali se vive da felicidade alheia, regozija-se com
as vitórias, triunfos e conquistas dos semelhantes. A dor é partilhada pelos
companheiros, ninguém chora que não veja a lágrima borbulhar nos olhos amigos,
ninguém luta sozinho ou fica abandonado ao levantar o fardo da existência, a
criatura sente logo a mão amiga que a ajuda, auxiliando-a na tarefa que tomou
sobre os ombros.
Ali só Deus governa - dizem os habitantes desses
mundos, tudo parte do Criador - afirmam os que residem nesses planetas
adiantados!
A mentira e a calúnia não encontram agasalho nos
corações dessa gente feliz; a verdade brilha e sobrepuja todas as coisas;
ninguém se compraz em difundir o erro e lançar a confusão entre as criaturas,
como acontece no vosso e noutros mundos da mesma categoria.
Quem deixará, pois, de progredir, de trilhar o
caminho reto do dever, para poder desfrutar essa felicidade nos mundos onde a
vida corre fácil, bela e feliz?
Mundos existem, meus irmãos, nos quais as artes e
as ciências atingiram um grau tão elevado, alcançaram tal adiantamento, que as
artes e as ciências da Terra ficariam envergonhadas de ser confrontadas com as
suas coirmãs desses ditosos mundos.
Quem vos poderá dar uma ideia do que sejam as arte
e as ciências nesses mundos?"
Ainda que eu vos falasse empregando todos os
recursos dialéticos e literários, não compreenderíeis nada do que vos dissesse
a tal respeito, no correr desta comunicação.
--
Ciência e arte são duas manifestações espirituais
que muito se aperfeiçoaram com o evoluir dos espíritos, à medida que os
horizontes se vão alargando e os meios de percepção vão também se aperfeiçoando
à proporção que os espíritos se purificam, todas as suas manifestações parecem
impregnadas da pureza das almas onde encontraram berço.
Todos os sentimentos do homem se aprimoram,
completam-se, quintessenciam-se cada vez mais, chegando a adquirir qualidades e
predicados divinos, coparticipantes da eterna perfeição.
Mundos existem onde a vida não mais se acha
contida nos limites acanhados dos corpos perecíveis, ao contrário, ela irradia
por toda parte, e não' só os seres, mas também as coisas têm uma sensibilidade
muito mais intensa que no vosso mundo.
Tudo nessas esferas está animado do espírito
divino, que se manifesta por toda parte, em todos os atos e ações da vida, em
todas as manifestações, quer de ordem material, quer de ordem moral.
Há nesses mundos inteligências em todas as coisas;
tudo possui uma linguagem, uma mímica; todas as coisas encerram em si uma
ideia, abrigam um pensamento.
Todos os seres se comunicam pelo pensamento, todas
as coisas obedecem e respondem ao pensar do homem.
Na atmosfera desses mundos pairam sempre luzes
eternas, que irradiam sobre as criaturas, transmitindo-lhes o pensamento
divino, emanado da Fonte Suprema de onde também provêm essas luzes, por meio
das quais os homens ali se comunicam diretamente com o seu Criador.
São mundos superiores, são centros espirituais,
esses onde a vida se reveste de toda essa poesia e encanto. É ali a pátria dos
gloriosos, dos imortais, é dali que emana a inspiração, irradia o pensamento
puro e santo sobre os outros mundos.
É desses centros que baixam sobre os mundos
grosseiros a inspiração e o estro divinos - fonte onde as almas que já podem
ascender, embora ligeira e furtivamente, às luminosas regiões, vão beber a
poesia, o ideal sublime da arte pura e casta, que só aos eleitos é permitido
transmitir aos homens.
Quem deixará de empregar esforços, combatendo as
suas imperfeições, contrariando as más tendências, emancipando-se dos vícios e
abusos - para ir desfrutar esse ambiente divino de poesia, luz, verdade e amor?
Quem não quererá ser puro, para gozar tantas
delícias; quem preferirá mergulhar-se no lodo do charco, na podridão dos
monturos, a banhar-se na luz suavíssima e pura dos mundos espirituais, a viver
mergulhado nas ondas alvíssimas do éter divino, ouvindo as doces vibrações que
cortam o espaço, as harmonias celestiais entoadas por todos os seres e
repetidas por todos os elementos que vivem na superfície dos deliciosos mundos
espirituais?
Quem há de trocar a luz das auroras pelas trevas
das noites tenebrosas?
Quem há de abandonar uma estrada florida, para
palmilhar um caminho espinhoso, onde os pés se abrirão em chagas?
Quem haverá, aqui na Terra, que prefira
reencarnar-se neste mundo atrasado, onde a vida é penosa e cruel, a viver em
qualquer desses outros de cujas vidas acabo de dar-vos uma pálida ideia?
Qual de vós, meus irmãos, desejará condenar-se a
si mesmo a viver a vida penosa e atrasada dos mundos de provações inferiores,
quando poderia gozar a vida dos grandes espíritos, desfrutar as delícias do
viver dos eleitos e bem aventurados?
Quem terá a coragem de afirmar que a vida da Terra
é a única e a mais feliz?
Só a insensatez ou a ignorância da verdade
espírita seria dado faze-lo...
Mundos divinos ainda existem além, nos quais a
felicidade e o encanto do viver das almas não posso, não sei mesmo descrever,
pois nunca lá fui e tão cedo lá não entrarei.
Conheço essa vida pelo que deduzo das vidas dos
outros mundos que lhes são imediatamente inferiores, onde já se pode
confabular, quase diretamente, com os que habitam aqueles planos celestiais.
Mundos divinos! quando lá chegaremos nós, meus
amigos?
Quando seremos perfeitos para gozar as
indefiníveis delícias desse viver de santos, desse existir de almas divinas?
Quando, meus irmãos, poderemos nós voar até essas
celestes regiões, onde só existe amor, misericórdia, justiça, sabedoria, luz e
verdade - Deus, enfim?
Quem lá chegará? Quem logrará a ventura de subir
tão alto, de galgar esses céus, escalar essas regiões feitas somente das
claridades divinas?
Quem poderá, meus irmãos, alcançar essas glórias?
Mundos de Deus! terras benditas! regiões imaculadas!
planos de luz! casas do Senhor! moradas dos justos!
Que a
vossa luz caia sobre nós; que os vossos doces e mágicos fluídos desçam sobre os
meus irmãos da Terra, inspirando-os para o bem e para a virtude; que a luz dos
vossos sóis ilumine o caminhar desta pobre humanidade terrena, guiando-lhe os
passos na ascensão gloriosa em demanda dessas paragens benditas!
Fazei
descer sobre este planeta os suaves clarões da glória divina, para espancarem
as trevas da noite profunda que reina em torno dos meus irmãos da Terra!
Abri
as vossas fontes de energias e luz e fazei jorrar essas sagradas forças sobre
os meus queridos irmãos, a fim de que possam marchar com firmeza e resolução no
caminho da salvação, na estrada do bem, na trilha do dever; da caridade, da
luz, da paz e do amor! Oh! mundos de amor, focos de justiça, fontes de luz,
mananciais inesgotáveis de doçuras e afetos sem par!
Céus Infinitos! sacrários de esperança! Escrínios
eternos de caridade e de amor! derramai sobre a Terra todas essas virtudes que
transbordam de vós; inundai de bênçãos e de luz esta Terra, este mundo de
sofrimentos, martírios e lágrimas; entornai sobre esta pobre gente o bálsamo e
as consolações da fé, os grandes lenitivos da misericórdia infinita, o conforto
da sabedoria e da infinita piedade do coração de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Rolai,
mundos divinos, rolai! levando convosco esta prece que o espírito de Copérnico
profere aqui, na superfície da Terra, clamando justiça, suplicando perdão,
pedindo luzes, implorando a infinita misericórdia de Deus para este planeta,
para este mundo, onde tem cumprido parte das suas provações e onde deseja ainda
reencarnar-se para auxiliar o caminhar da humanidade terrena para esses mundos
de luz e amor!
Dá que
possa o espírito que está na tua presença, Senhor! renascer ainda um dia neste
vale de lágrimas; concede a esta alma que está diante de Ti e do Teu Filho - o
divino Jesus, voltar à Terra para viver, trabalhar e morrer para o bem, para a
salvação e o resgate deste mundo de trevas!
Que
Deus, na Sua divina bondade, nos ouça, meus irmãos, e nos dê a paz e a salvação
eternas.
Adeus.
Copérnico
Janeiro de 1917
Informações
Complementares
Nicolau
Copérnico
(Toruń,
19 de Fevereiro de 1473 - Frauenburgo, 24 de Maio de 1543) foi um astrônomo e
matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar.
Foi
também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista,
astrólogo e médico. Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o
centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente Teoria Geocêntrica (que
considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais importantes
hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida
da astronomia moderna.
Fonte: Wikipedia
Fim