A manifestação dos espíritos na Umbanda
por Manoel Lopes

Estaremos neste texto comentando sobre a visão doutrinária do Núcleo Mata Verde, sobre as manifestações dos espíritos nos trabalhos de umbanda.
É  necessário que o leitor já tenha amadurecido em seu íntimo a noção dos  SETE REINOS SAGRADOS, que nada mais são, do que fases do  processo evolutivo do planeta Terra.
Este conceito de sete reinos numa  segunda fase extrapola a formação do planeta e mostra-se como uma regra geral do  processo evolutivo em qualquer região do universo, com sete tipos de forças que  atuam nestes processos.
Quando falamos em evolução estamos nos referindo a  processos materiais e espirituais.
Em outra oportunidade estaremos  desenvolvendo o conteúdo referente a evolução espiritual pelos sete reinos  sagrados, onde iremos entender o mecanismo evolutivo das mônadas espirituais  agindo através de CAMPOS ESTRUTURAIS e desta forma assumindo  maiores responsabilidades espirituais como elementares, elementais,  almas-grupos, espíritos, mestres, anjos e orixás.
Agora iremos abordar as  roupagens fuidicas e atribuições de trabalho dos espíritos trabalhadores da  umbanda.
O espírito na sua essência não possui forma definida, podemos falar  em chamas, lampejos, luz etc…
Sabemos que o criador é único e por sua vontade  criou o universo material e o espiritual, que na tradição africana chamamos de  Ayiê e Orum.
Este conhecimento pertence a várias culturas e  religiões de nosso planeta, na primeira linha da Gênese Mosaica está  escrito:
“1. No principio Deus criou os Céus e a Terra. “
Podemos traduzir céus como o mundo espiritual (Orum) e a Terra como o universo material (Ayiê).
No livro dos espíritos na pergunta de número 27 encontramos a seguinte questão:
 ”27. Haveria, assim, dois elementos gerais do Universo, a  matéria e o espírito?
E a resposta fornecida pelo espírito:
Sim,  e acima de ambos Deus, o Criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas  são o princípio de tudo o que existe, a trindade  universal…”
Na doutrina seguida pelo Núcleo Mata Verde aceitamos  esta TRINDADE UNIVERSAL e entendemos Deus (Olorum,  Zambi ) como único criador de todo o universo, portanto em hipótese  alguma podemos aceitar uma visão politeísta para a umbanda.
Deus criou a  matéria e o espírito, mas esta matéria não tinha forma, é o que nos fala a  gênese mosaica:
“2. A terra estava informe e vazia…”
Sabemos que energia e matéria são elementos do universo e que uma se  transforma na outra, portanto podemos pensar em um universo material formado  somente por energia sem formas materiais, foi a partir de um segundo momento   pela vontade de Deus que o mundo material passou a possuir formas e  estruturas.
Deus disse:
“Faça-se a luz!” E a luz foi feita.
Este instante da criação universal é o que chamamos de REINO DO FOGO  em nosso estudo doutrinário.
É o primeiro reino da criação, é luz, é  calor, é força para provocar as mudanças necessárias.
A partir deste primeiro  reino caminhamos para o segundo reino, que é o chamdo REINO DA  TERRA, que sabemos que é o reino das formas, das regras, das leis, das  estruturas e aqui entendemos todas as leis e estruturas existentes no  universo; a lei de atração e repulsão elétrica e magnética, a lei da gravidade,  a lei de ação e reação, a lei do Karma etc…
São leis imutáveis, naturais,  universais e divinas.
Como tudo no universo material se manifesta através de  formas e estruturas, os espíritos para se manifestarem em nossa realidade  espaço-tempo, em nossa consciência, em nossa “tela mental”, em nossos sonhos  e em manifestações mediúnicas necessitam assumir formas, estruturas  e aparências.
Estas formas são chamadas de corpos espirituais e são de  natureza semelhante às estruturas que dão forma a matéria.
Na doutrina  dos SETE REINOS SAGRADOS chamamos estas estruturas de  “CAMPOS ESTRUTURAIS”, que em outra oportunidade iremos  desenvolver sua natureza mais a fundo.
No momento limitamos a dizer que  “Campos Estruturais”, são estruturas de natureza mental e  emocional, geradas e mantidas pelos espíritos e que dão forma a matéria e também  ao corpo espiritual dos espíritos. Aceitamos na doutrina seguida pelo  Núcleo Mata Verde, que tudo que existe no universo material  possui um duplo de natureza espiritual, que chamamos de  campo estrutural, que pode ser entendido como um campo  organizador da matéria e de toda realidade humana.
Como mencionamos  acima, os espíritos para se manifestarem assumem um corpo espiritual, e como é  este corpo espiritual nos trabalhadores umbandistas?
Existem três etapas na  formação da aparência espiritual para os espíritos que trabalham na umbanda e  podemos afirmar para todos aqueles espíritos que de alguma forma necessitam se  apresentar em nossa realidade material.
Primeira etapa:
É a unicidade espiritual; o espírito é único e  indivisível.
Diferente do corpo material que é um organismo,  formado pelos diversos órgãos, o espírito em sua essência é único e indefinível.  (Atma)
Nesta sua natureza ele não consegue se manifestar aos humanos.
Segunda etapa:
Polaridade espiritual.
Nesta etapa o espírito elabora sua  roupagem fluídica, o perispírito dos Espíritas, ou o corpo  espiritual.
A polaridade é um conceito de natureza material, e o espírito  para se manifestar nesta realidade material de espaço-tempo necessita se  polarizar.
A polaridade se apresenta como Feminina ou  Masculina.
Podemos dizer  que o espirito cria um “campo  estrutural” que dará forma ao seu corpo espiritual que poderá ser de  mulher ou de homem.
Terceira etapa:
Triplicidade espiritual.
Aqui os espíritos escolhem a  melhor opção para realizarem suas atividades, e que melhor se adaptam as suas  características.
Na triplicidade o espírito poderá assumir a forma  de: criança, adulto ou velho.
Quarta etapa:
Qualidade vibracional espiritual.
Nesta etapa a opção é  setenária, dependo da sua natureza e dos conhecimentos  adquiridos no processo evolutivo o espírito vem trabalhar nos Terreiros  umbandistas vinculados a uma das sete vibrações existentes na  natureza, ou seja, conforme seus compromissos com os Orixás Regentes de cada  reino:
Ogum, Xangô, Iansã, Iemanjá, Oxossi, Oxalá, Omolu
Que são os regentes dos sete reinos sagrados:
Reino do Fogo, da Terra, do Ar, da Água, das Matas, da Humanidade, das Almas.
Podemos encontrar quarenta e duas formas básicas de manifestação. (  7x3x2)
Não iremos neste momento relacionar todas as possibilidades, mas  daremos um exemplo:
1)Linha de Cosme e Damião (Crianças):
Polaridade: Feminina
Triplicidade: Criança
Qualidade  Vibracional: Iemanjá
O espirito se manifestará como uma criança, menina que trabalha na vibração  de Iemanjá (Reino das águas), poderá, por exemplo, se identificar com o nome de  Mariazinha.
Mariazinha é o diminutivo de Maria, que significa Mãe e todas as  Mães, de alguma forma, estão ligadas a água.
Polaridade: Masculino
Triplicidade: Criança
Qualidade  Vibracional: Xangô
O espirito se manifestará como uma criança, menino que trabalha na vibração  de Xangô (Reino da Terra), poderá, por exemplo, se identificar com o nome de  Pedrinho.
Pedrinho é o diminutivo de Pedro, que significa Pedra e, portanto  ligado ao reino da Terra.
2)Linha dos Caboclos
Polaridade: Masculino
Triplicidade:  Adulto
Qualidade Vibracional: Oxossi
O espirito se manifestará como um adulto, homem que trabalha na vibração de Oxossi (Reino das Matas), poderá se identificar com o nome, por exemplo, de Caboclo Folha Verde.
Polaridade: Feminino
Triplicidade:  Adulto
Qualidade Vibracional: Iemanjá
O espirito se manifestará como uma Cabocla que trabalha na vibração de Iemanjá (Reino das águas), poderá se identificar como, por exemplo, como Cabocla do Mar.
3)Linha dos Preto-Velhos
Polaridade: Masculino
Triplicidade:  Velho
Qualidade Vibracional: Oxossi
O espirito se manifestará como um velho que trabalha na vibração de Oxossi  (Reino das Matas), poderá, por exemplo, se identificar como Vovô  Sebastião na linha dos preto-velhos ou como um Caboclo  Velho.
Sebastião é o nome de São Sebastião, que é o sincretismo de Oxossi na  Umbanda.
Polaridade: Feminino
Triplicidade:  Velho
Qualidade Vibracional: Iemanjá
O espírito se manifestará como uma preta-velha que trabalha na vibração de  Iemanjá (reino das águas), poderá, por exemplo, se identificar como Vovó  Maria.(poderá também se manifestar como uma cabocla velha)
Não  pretendemos agora explorar todas as possibilidades existentes, mas em breve  faremos um trabalho divulgando todas as possíveis combinações existentes e  algumas sugestões de nomes de trabalho.
É preciso registrar que Crianças e  Preto-Velhos por usarem nomes de origem ocidental cristã, normalmente dificultam  um pouco a identificação de suas vibrações de trabalho pelo seu nome, mas a  grande maioria utiliza nomes de santos ligados ao sincretismo o que é um caminho  para a identificação.
Já os Caboclos e Caboclas, por utilizarem elementos da  natureza em seus nomes fica mais fácil a identificação.
Lembrando que pela  forma de trabalhar, pelos objetos utilizados, pelas cores, pelos pontos riscados  é possível fazer esta identificação; mas a maneira mais segura e objetiva é  perguntar ao espírito em quais das sete vibrações ele trabalha.
Também  encontramos Caboclos que trabalham com mais de uma vibração; em nossa vivência  identificamos entidades que trabalham em até três tipos de vibrações.
Alguns  exemplos simples:
Um Caboclo Pedra Preta, é um espírito que se manifesta como Homem, adulto que trabalha com as vibrações do Reino da Terra (pedra) e do Reino das Almas (cor Preta), ou seja, é um Caboclo que trabalha nas irradiações dos Orixás Xangô e Omolu.
Um Ogum Sete Ondas, é um espírito que se manifesta como homem, adulto que trabalha com as vibrações do Reino do Fogo (Ogum) e do Reino das Águas (ondas), ou seja, ele trabalha nas irradiações dos Orixás Ogum e Iemanjá.
Em relação aos Orixás é interessante fazer um comentário de que estes sete  reinos são regidos pelos sete principais Orixás Primordiais e  que através da mescla destas vibrações primordiais encontramos as demais  vibrações, que podemos chamar de vibrações secundárias.
São Orixás que atuam  em dois ou mais reinos e sua existência necessita destas vibrações  básicas.
Como exemplo, sem querer criar polêmicas, podemos exemplificar com o  Orixá Logunedé, que não é cultuado na Umbanda.
Logunedé ou  Logun Ede, do iorubá Lógunède, é um orixá africano que na maioria dos mitos  costuma ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e  Oxóssi Inlè ou Érinle.
Segundo as lendas, vive seis meses  nas matas caçando com Oxossi e seis meses  nos rios pescando com Oxum.
Fica claro  pelas lendas que sua natureza é ligada ao REINO DAS MATAS e ao  REINO DAS ÁGUAS, ou seja, sua existência necessita destas duas  vibrações.
Na doutrina dos Sete Reinos é considerado um  Orixá secundário.
Secundário no sentido de não possuir uma  única vibração em sua natureza e não no sentido de importância  religiosa.
Como já mencionamos em outros textos de estudo, todos os Orixás  encontrados na África podem ser identificados através do estudo e analise das  sete vibrações principais.
Finalizando lembramos que estes princípios se  aplicam em qualquer linha de trabalho da umbanda, sejam exus, ciganos, baianos,  etc… sempre teremos: crianças (Mirim), adultos e velhos, homens ou mulheres e  sempre vinculados aos sete reinos.
Saravá!
São Vicente, 14/11/2010
Manoel Lopes
Fonte e direito: http://www.mataverde.org
 
 
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