terça-feira, maio 31, 2011

Origem da Música na Umbanda (Pontos Cantados)





ORIGEM DA MÚSICA NA UMBANDA
(PONTOS CANTADOS)


Saravá irmãos de fé!


A música está presente desde os mais remotos povos da antigüidade, desde os primatas, passando pelos árabes, egípcios, turcos, orientais, europeus, índios, africanos, etc. Como todos podem notar, a música é parte integrante de várias religiões, inclusive na Umbanda, é a forma de louvar o nosso amor, fé, e respeito à Deus.

Neste sentido, e como a Umbanda é uma religião brasileira, vou me concentrar apenas no Brasil, citando dois aspectos: Música Indígena e Música Afro.

A maioria dos povos indígenas, tem a música (a criação do som primitivo) como um presente dos deuses. Associam a sua música ao universo transcendente e mágico, sendo empregada em todos os rituais religiosos. A música indígena é ligada desde suas origens ancestrais, e usada com finalidades de culto, magia, cura, meio social/festividades.
Dentro das tribos indígenas, as músicas podiam surgir de sonhos (quando fornecida pela ancestralidade), e a criação de músicas novas cabia ao pajé de cada tribo, durante o transe mediúnico nos seus cultos.

Os rituais indígenas tribais são verdadeiros rituais musicais! Há restrição e prerrogativas para tocar determinado instrumento, por pessoa (sexo, idade, intérprete), finalidade, o tipo de melodia, e quando serão executadas. Exemplo: Tribo Indígena do Alto Xingu (região norte do Estado de Mato Grosso). Existe um ciclo de rituais de grande importância relacionados às flautas sagradas, sendo realizados apenas por homens e com um instrumental cuja visão é vedada às mulheres. A interpretação musical pode ser cercada de rituais menores, propiciatórios ou facilitadores, como a pintura de uma linha sobre o ouvido e lábio para facilitar o aprendizado de canções, colocar um ramo de enodoréu ( à orelha para não esquecer a melodia, e uma série de outras praxes).

A voz e o canto são dominantes na música indígena, mas existe um muito variado instrumental de apoio e séries de peças orquestrais autônomas. Na maioria dos casos a música é associada à dança ritual. O rítmo é fluente, em geral, binário ou ternário (estrofes), às vezes alternado em um mesmo verso. Existem canções para praticamente todos os momentos e atividades da vida, sendo praticadas em festas para homenagear os desencarnados, como canções para crianças, em festas regionais e festas guerreiras, em ritos de passagem, no culto dos espíritos e ancestrais, e nas festas de consagramento entre as tribos. Além disso, o som é relacionado à espacialidade física. As canções são um caminho, nomeiam os lugares, e articulam a cartografia da floresta ao movimento dos seus habitantes, além de estarem ligadas ao mundo espiritual dos pássaros.
Ainda com relação as flautas, existe uma curiosidade - têm como motivo essencial a cura xamânica. Dentre toda a música instrumental indígena as peças para as flautas sagradas ocupam uma posição de destaque. Estas flautas são elementos fundamentais na Tribo do Xingu, o que é expresso concretamente pela existência de uma CASA DAS FLAUTAS, onde são guardadas, casa que é também chamada de casa dos homens, um espaço exclusivamente masculino localizado sempre no centro das aldeias. Seu uso está cercado de tabus. Quando são tocadas, as mulheres e crianças se fecham em suas casas. Se uma mulher vê os instrumentos, é penalizada com um estupro coletivo (Triste, mas é a pura realidade da cultura desta tribo, se é que este tipo de violência contra a mulher ou qualquer outra pessoa, podemos chamar ou aceitar como “CULTURA”!).

O instrumental indígena, inclui instrumentos de percussão e sopro, mas classificações próprias dos índios fazem distinções diferentes, com dezenas de categorias para “coisas de fazer música”. Os instrumentos podem ser feitos de uma variedade de materiais, como sementes, madeiras, fibras, pedras, objetos cerâmicos, ovos, ossos, chifres e cascos de animais. Classificam-se em 3 tipos:

Idiofones: instrumentos que vibram por si mesmos ou por percussão ou atrito, podendo ser tocados diretamente, ou soarem em decorrência de movimentos indiretos. Incluem toras de madeira, bastões de percurssão, pedaços de tábuas, chocalhos, guizos, cabaças ou crânios cheios de pedrinhas, sementes, etc;

Membrafones: instrumentos que soam pela vibração de uma membrana distendida neles, como os tambores. São raros entre os indígenas brasileiros e acredita-se que os existentes, sejam cópias de antigos modelos conhecidos através dos primeiros europeus que aqui chegaram. (Como sabem, os atabaques não são de origem africana, mas sim de origem dos povos que invadiram a África no período de dominação antigo – Árabes. Em árabe a palavra at-tabaq significa “prato” e designa o instrumento de percurssão tambor, de forma cilíndrica, ligeiramente cônico, que possui bocal embaixo, e em cima é coberto por uma pele esticada de animais, podendo ser de couro de boi, veado ou bode).

Aerofones: soam pela ação do ar no seu interior. Podem ser agitados ou soprados. São os instrumentos mais numerosos e comuns. Sua diversidade é enorme, incluindo instrumentos com funcionamento semelhante às flautas, apitos, etc.

Zumbidores: soam quando agitados no ar. Consistem de um cabo decorado ligado por uma corda a uma pequena peça de madeira oval. Ao ser girada rapidamente a peça produz um zumbido forte. Em muitas tribos tem relação direta com a desencarnação, sendo utilizados em cerimônias funerárias e proibidos às mulheres ou crianças. Em outras, porém, pode servir de brinquedo infantil.

Para entender melhor a música de origem africana, temos:

Na antiguidade, a área cultural da África negra extendia-se muito mais para norte como podemos constatar em pinturas rupestres no Deserto do Sahara (o divisor da “África Negra” – ao sul; para “África Branca” – ao norte). Antes da formação dos grandes impérios, na região ao sul do Sahara, tínhamos o deslocamento de populações inteiras, que procuravam outros territórios para ocuparem, o que provocava guerras étnicas entre os clãs, famílias-aldeia ou cidades-estado. Desses confrontos resultavam os prisioneiros de guerra, que, dentro da visão de mundo africana, não eram obrigados a rejeitar seus deuses, perder suas línguas ou alterar seu modo de produção. O “escravo” se integrava ao clã, família ou cidade-estado. Ou seja, havia o Patriarca, o Antepassado, os Filhos, os Empregados e os “Escravos. Há de se ressaltar o seguinte:
O “escravo africano na África”, ocupava outra função no interior do circuito escravocrata! Geralmente sendo prisioneiro de guerra, o “escravo” é integrado na dinâmica da etnia que dominou seu grupo de origem. Ele é incorporado dentro deste sistema. Ele não é nadificado na valorização de sua existência. Ele não é transformado em mercadoria ou instrumentalizado para aumentar o acúmulo de capital. Há, inclusive, o caso de um “escravo” que chegou a Rei em uma das monarquias africanas. Enfim, são culturas diferentes que tratam seus subordinados de maneira diferentes, resultando num grande erro o emprego equivalente da palavra “escravo” para a situação africana e para a situação européia (diferente do que ocorreu no Brasil)
Voltando a música…. As seguintes regiões de estilos musicais: Sudão ocidental, Bantu equatorial, Caçadores africanos, Bantu do sul, Bantu do centro, Bantu do norte, Sudão oriental, Costa da Guiné, Afro-americano, Sudão muçulmano, Etíope, Alto Nilo e Madagascar. As culturas musicais da costa da Guiné (Yoruba e Fon, por exemplo), da região do Congo/Angola e com menor expressão do sudeste africano têm extenções em várias partes do novo mundo.

Assim como no Brasil que teve o período de colonização portuguesa, na África não foi diferente… Na África, o comércio, a escravatura e a colonização islâmica, tivéram como resultado a islamização da música africana em muitas regiões. O maior exemplo é a região do Sudão e de Uganda, com forte influência árabe, aonde vários encontramos vários instrumentos de origem árabe introduzidos na cultura africana, como o violino de uma corda, o atabaque, etc. Ou seja, muitas regiões do continente africano sofreram mudanças decisivas ao longo de sua história. Os árabes já percorriam o continente africano desde o século X !!! (lembrando que o período de escravidão indígena e africana no Brasil surgiu nos séculos XVI e XVII, ou seja, mais de 500 anos de diferença entre a dominação dos árabes na África, e a dos portuguêses no Brasil).

Sendo assim, a música e a cultura, tanto no Brasil, como na África, suas raízes sofreram modificações ao longo dos tempos! E assim, a Umbanda herdou os atabaques em alguns terreiros, outros herdaram o bater das palmas, cânticos, etc.

Na Umbanda, a música encontra-se nos “Pontos Cantados”, representam uma forma de prece, de mantra, de proteção, que tem a função de abrir, desenvolver e finalizar os trabalhos. É a forma de criar um ambiente harmonioso e propício para o plano superior realizar seus trabalhos nos terreiros. Tem como característica, dinamizar os reinos da natureza, elevando-nos espiritualmente, as forças que os regem. É a forma que usamos para saudar os guias espirituais, entidades e orixás. É também o elo de ligação entre os médiuns e sua mediunidade, ativando os seus chacras, evocando espíritos superiores; ou seja, aproxima a falange espiritual dos trabalhos nas giras, assim como também aumenta a concentração da assistência durante o ritual. E todo esse elo de vibração, harmoniza o campo estrutural do terreiro, elevando-o ao astral superior, tendo a capacidade de afastar as “energias negativas”.

Quanto a origem, eles podem ser:

Pontos de Raiz, que são ditados pelas entidades, dos quais não podem ser alterados pois já tem uma finalidade específica;

Pontos Terrenos, criados pelo ser humano para saudar a entidade espiritual, a falange ou o Orixá. (Não se espantem se encontrarem pontos “distuosos”, ”sem pé nem cabeça”, que nada tem a ver com a Umbanda, pois há muitos lugares criando uma imagem negativa de nossa amada religião).

Na Umbanda dos 7 Reinos Sagrados, acredito que também podemos atribuir certas características aos pontos cantados, do quais mudam de ritmo conforme os trabalhos espirituais, e ou seguindo as vibrações:

Reino do Fogo: Ogum – sons vibrantes;
Reino da Terra: Xangô – sons graves e em tons baixos;
Reino do Ar: Iansã – sons estimulantes e vibrantes;
Reino da Água: Iemanjá – sons suaves, emotivos;
Reino das Matas: Oxóssi – sons mais marcados que lembram a harmonia da natureza;
Reino da Humanidade – sons de paz e elevação espiritual;
Reino das Almas – sons calmos que criam ambiente transcendental e/ou magísticos- místicos

fonte: http://www.mataverde.org




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