Salve o dia 25 de Maio
Ciganos gostam de estar nas colinas para sentir a brisa perfumada, ouvir a revoada dos pássaros canoros e absorver o calor do Sol.
Ciganos gostam de deixar no deserto pegadas incontáveis, no ritmo dos dromedários, nas cores rutilantes de suas vestes, nas trilhas para os caminhos secretos, nos átrios de velhas ruínas impregnadas de história.
Ciganos gostam do mar, do cheiro marinho, das ondas sobrepostas, das estrelas iluminando o negro firmamento, do frio da noite, da clara Lua refletindo sua prata.
O valor da vida para os ciganos nos chega como um brinde abençoado. Eles nos mostram o poder do aqui, do agora, e o momento, como o mais precioso tempo das nossas vidas. Um cigano beija a sua amada ou uma cigana beija seu amado na testa, por profundo respeito, e olha em seus olhos selando seu amor e vínculo. Palavras não traduzem estes momentos e estes ficam guardados nos registros reencarnatórios, tal profundidade de compromisso que se estabelece.
E assim, ensinam o apreço pela vida em sociedade, respeitando seus iguais, as tradições, a famiília, sua hierarquia, lições de solidariedade, força, zêlo. Os Ciganos do astral, tal como no passado, gostam de fitas multicoloridas, dos pandeiros, lenços, xales, bailam em fogueiras mágicas, ciganas rodopiando sob as palmas e compassos dos ciganos à beira da roda. Usam as cartas, as moedas, borra de café, tiram a sorte, tilintam suas pulseiras ao comando das carroças engalanadas e daqui do outro lado às vezes conseguimos ouvi-los.
Há muitas lendas sobre o “Povo das Estrelas”. Alguns dizem que surgiram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, numa região chamada Gujaratna, localizada à margem direita do rio Send. Durante o primeiro milênio da era cristã, dispersaram-se pelo mundo e se dividiram em dois ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que chegou até a Síria, o Egito e a Palestina.
Outros dizem que vieram do interior da Terra e esperam que um dia possam regressar ao seu lugar de origem, num mito que nos parece incompreensível, mas há uma lenda do povo de Shamballa e de uma cidade chamada Agartha. Leiamos o que um autor descreve:
“Diz-se que, debaixo da terra, de todo o mundo existem cerca de 100 cidades, das quais a maior é Agartha. O Mundo subterrâneo seria conhecido como Shamballa. Os habitantes deste mundo, como sabemos a partir dos documentos, deixaram a superfície do mundo, 100.000 anos atrás, depois da catastrófica guerra entre atlantes e lemurianos, as duas grandes civilizações que dominaram a Terra naquele tempo” (www.curaeascensao.com.br)
O Povo Cigano tem um dom, de saber olhar profundamente nos olhos, e ler a mente e a alma do outro. A partir daí, e com o conhecimento da quiromancia, conseguem se integrar ao campo vibracional e lê o passado e o futuro do consulente. Quem começa a ler a mãos dos outros apenas a partir de um estudo das linhas da mão, não conseguirá acessar toda verdade a ser dita. Por outro lado, a cigana não terá permissão do astral para falar tudo o que sabe. Esta arte, é muito útil para os ciganos que já tem seus espíritos esclarecidos para trabalhar no astral junto com os Benfeitores da Luz, e inclusive na Umbanda, em geral chegando na vibração do Povo de Oriente, quando evoca-se o Orixá Xangô, ou Almas, caminhando frequentemente com os Pretos Velhos da Umbanda, e ainda na que se chama Linha da Esquerda, na vibração dos Exus. Esta falange abençoada integrou-se perfeitamente à Umbanda, porque milenarmente aprendeu a respeitar a Mãe Natureza e os seus ciclos, sua Energia, sua vibração.
Quem tem em sua coroa um cigano ou cigana, acaba absorvendo um pouco, ou muito, do modo de ser do cigano. Pois um guia cigano conduz o médium a dançar na alegria e na tristeza, ensinando-lhe a observar e apreciar todos os momentos como ensinamentos que não podem ser desperdiçados. Acabam refletindo na vida as atitudes, a passionalidade, o vínculo com a família, da mesma forma que refletirá as qualidades de um espírito cigano esclarecido, como possuir um código de ética, honra e justiça, seu amor à liberdade, que muitas vezes acaba incomodando o sistema.
O Povo Cigano reverencia com todo seu coração à Santa Sara Kali. Interessante é que esta santa católica, não foi canonizada como os outros santos católicos. Na verdade ela incorporou-se à história do catolicismo, entrando como uma serva núbia que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como “Saintes Maries de La Mer” . Interessante ressaltar, que há outras lendas onde o Santo Graal realmente aportou na Grã Bretanha, e está profundamente ligado às lendas de Avalon e do Rei Arthur. Lembrando que a história de Avalon conta sobre uma ordem de sacerdotisas de origem céltica e com conhecimento druidico. Os druidas por sua vez, foi outro povo que tinha como Lei Máxima as forças da Natureza, respeitando-a profundamente e realizando todo o tipo de magia a partir da manipulação das energias da mesma. Os ciganos também estão ligados à Kali – a deusa negra da mitologia hindu, da qual parece ter vindo o sincretismo católico associada a figura de Santa Sara.
O fato é que, embora tenhamos profunda reverência e admiração por este Povo, cujas origens infelizmente vão se apagando na atualidade da Terra, eles continuam muito vivos em sua atuação no astral, mas sempre rodeados de muitos mistérios aos quais ainda não foi dada a explicação. Mas serão sempre caminhantes e nossos companheiros, ligados por compromissos cármicos e evolutivos, nos auxiliando, nos dando apoio e Força, em sua maneira peculiar de nos mostrar o caminho e nos fazer observar, muito mais que proferir muitas palavras.
Aproximando-se a data em que se comemora e reverencia-se Santa Sara Kali, deixamos nosso apreço, nossa admiração, nossa crença a esta maravilhosa entidade, que vem de muito longe nos auxiliar, nós, humildes médiuns de Umbanda ainda entrelaçados na ambiência pesada deste orbe. Que sua Luz afaste de nós toda confusão e clareie, como uma alvorada magnífica em nossos corações, os conceitos de Bem, de retidão, de Esperança e de Fé. Não nos permita fechar o senho, deixar fugir o sorriso de nossas faces seja diante qualquer adversidade, pois temos de dar o exemplo ante o mundo, que acreditamos num amanhã melhor, na evolução dos espíritos e na superação da matéria. Deixamos nossa súplica sincera, que possamos ter as melhores qualidades dos ciganos, e burilar nossas próprias personalidades, sempre respeitando o outro, mas mantendo a noção de fraternidade, solidariedade, de amor, tecendo do lado de lá e do de cá, uma rede mágica, inquebrantável, de vibrações positivas, construtivas e luminosas.
Salve Ciganos da nossa Umbanda amada!
Salve Santa Sara que sempre vela por nos!
Opchá! Opchá!
Saravá Umbanda!
Fonte: http://povodearuanda.wordpress.com
DDia, Bandeira e Hino Cigano
A Bandeira Cigana
Assim como as diferentes nações que habitam nosso planeta os ciganos também possuem uma bandeira como forma de identificação de sua nacionalidade, mesmo não tendo um território demarcado geopoliticamente ao qual possam chamar de pátria. Isso se deve ao fato de que por inúmeras adversidades ao longo dos tempos este povo se viu obrigado a vagar de país em país por todo o mundo.
A Bandeira Cigana atual foi institída como símbolo internacional de todos os ciganos em 1971, pelo Comitê Cigano Internacional no I Congresso Cigano Mundial realizado em Londres, bem como o dia 8 de Abril ‘Dia Internacional dos Ciganos”. No Brasil, o Dia do Cigano é comemorado todo 24 de Maio.
Em sua composição podem ser observadas duas faixas; uma superior de cor azul e uma inferior de cor verde. No centro se localiza uma roda de carroça estilizada de cor vermelha que significam:
Faixa Azul – Representa o céu, os valores espirituais, o desenvolvimento, a ligação do consciente com o inconsciente.
Faixa Verde – Representa a natureza e tudo que ela nos oferece, a energia que alimenta a vida.
Roda Vermelha – A roda localizada no centro da bandeira simboliza a vida, as estradas percorridas em cima das carroças, a transformação e o movimento. Parece também que a disposição em 16 aros representa os 16 principais clãs ciganos ou ainda, a Sansara ou Roda Indiana (está ligado ao ciclo de existências que antecedem a libertação da alma).
O Hino Cigano
Neste mesmo congresso Jarko Janovic, um cigano iugoslavo, compôs o Hino Cigano Internacional (Djelém, Djelém) que narra o sofrimento aos quais os ciganos foram submetidos nos campos de concentração nazistas durante a II Guerra Mundial. O hino descreve este momento e a admirável capacidade dos ciganos de erguer a cabeça e não se deixar abater facilmente, voltando para as estradas da vida e seguindo seus caminhos.
JARKO JAVANOVIC
Em Romaní (idioma dos ciganos)
Djelém, Djelém (OPRÉ ROMÁ)
Djelém djelém lungóne droméntsa,
Maladilém baxtalé Rroméntsa.
Ah, Rromalé, katár tumén avén,
E tsahréntsa, baxtalé droméntsa.
Ah, Rromalé,
Ah, Chavalé.
Vi man sasí ekh barí famílija,
Mudardá la e Kalí Legíja;
Avén mántsa sa e lumnjátse Rromá
Kaj phutajlé e rromané droméntsa.
Áke vrjáma, ushtí Rromá akaná,
Amén xudása mishtó kaj kerása.
Ah, Rromalé,
Ah, Chavalé.
Tradução para o Português
Andei, Andei (LEVANTEM-SE ROM)
Andei, andei por longas estradas,
E encontrei os de sorte.
Ai ciganos, de onde vocês vem
Com suas tendas e crianças famintas?
Oh, velhos ciganos,
Oh, jóvens ciganos.
Eu também tive uma grande família,
Mas a Legião Negra a exterminou;
Homens e mulheres foram mortos
E também crianças pequenas
Ai velhos ciganos, ai jovens ciganos
Abra Senhor, as portas escuras
para que eu possa ver onde está minha gente
Voltarei a percorr os caminhos e
Andarei com os ciganos de sorte
Ai velhos ciganos, ai jovens ciganos
É hora, levantemo-nos,
É chegado o momento de agir.
Venham comigo ciganos do mundo
Ai velhos ciganos, ai jovens ciganos.
Partitura do Hino Cigano
Fonte: https://dancacigana.wordpress.com/bandeirahino/
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