terça-feira, janeiro 04, 2011

Jupiter










Conversas familiares de além-túmulo

Revista Espírita, abril de 1858

Bernard Pallissy (9 de março de 1858).

DESCRIÇÃO DE JÚPITER

nota. - Sabíamos, por evocações anteriores, que Bernard Palissy, o célebre oleiro do sexto século, habita Júpiter. As respostas seguintes confirmam, em todos os pontos, o que nos foi dito, sobre esse planeta, em diversas épocas, por outros Espíritos, e por intermédio de diferentes médiuns. Pensamos que serão lidas com interesse, como complemento do quadro que traçamos em nosso último número. A identidade que elas apresentam com as descrições anteriores, é um fato notável que é, pelo menos, uma presunção de exatidão.

1. Onde te encontraste, deixando a Terra? - R. Nela ainda habitei.

2. Em que condições estavas? - R. Sob os traços de uma mulher, amante e devotada; não era senão uma missão.

3. Essa missão durou muito tempo? - R. Trinta anos.

4. Lembras do nome dessa mulher? - R. É obscuro.

5. A estima que se tem por tuas obras, te satisfaz, e isso compensa os sofrimentos que suportaste? - R. Que me importam as obras materiais de minhas mãos! O que me importa é o sofrimento que me elevou.

6. Com qual objetivo traçaste, pela mão do senhor Victorien Sardou, os admiráveis desenhos que nos deste sobre o planeta Júpiter, que tu habitas? - R. Com o objetivo de inspirar o desejo de vos tornardes melhores.

7. Uma vez que voltas sempre sobre a nossa Terra, que habitaste diversas vezes, deves conhecer bastante o seu estado físico e moral para estabelecer uma comparação entre ela e Júpiter; rogamos, pois, consentir em nos esclarecer sobre diversos pontos. - R. Sobre vosso globo, não venho senão em Espírito; o Espírito não tem mais sensações materiais.

ESTADO FÍSICO DO GLOBO

8. Pode-se comparar a temperatura de Júpiter com a de uma de nossas latitudes? - R. Não; ela é branda e temperada; sempre igual, e a vossa varia. Lembrai-vos os campos Elysées que vos foi descrito.

9. O quadro que os Antigos nos deram dos campos Elysées seria o resultado do conhecimento intuitivo que tinham de um mundo superior, tal qual Júpiter, por exemplo? - R. Do conhecimento positivo; a evocação permaneceu nas mãos dos sacerdotes.

10. A temperatura varia segundo as latitudes, como aqui? - R. Não.

11. Segundo os nossos cálculos, o Sol deve aparecer aos habitantes de Júpiter sob um ângulo muito pequeno, e dar-lhe, por conseqüência, pouca luz. Podes nos dizer se a intensidade da luz é igual a da Terra, ou se é menos forte? -- R. Júpiter está cercado de uma espécie de luz espiritual, em relação com a essência dos seus habitantes. A luz grosseira do vosso Sol não foi feita para eles.

12. Há uma atmosfera? - R. Sim.

13. A atmosfera é formada dos mesmos elementos da atmosfera terrestre? - R. Não; os homens não são os mesmos; suas necessidades mudaram.

14. Há água e mares? - R. Sim.

15. A água é formada dos mesmos elementos da nossa? - R. Mais etéreos.

16. Há vulcões? - R. Não; nosso globo não é atormentado como o vosso; a natureza não teve suas grandes crises; é uma morada de bem-aventurados. A matéria nele mal se toca.

17. As plantas têm analogia com as nossas? - R. Sim, porém mais belas.

ESTADO FÍSICO DOS HABITANTES

18. A conformação do corpo dos habitantes tem relação com a nossa? - R. Sim, é a mesma.

19. Podes nos dar uma idéia do seu talhe, comparado ao dos habitantes da Terra? - R. Grandes e bem proporcionados. Maiores do que os maiores dos vossos homens. O corpo do homem é como a marca do seu espírito: belo onde ele é bom; o envoltório é digno dele; não é mais uma prisão.

20. Os corpos ali são opacos, diáfanos ou translúcidos? - R. Há de uns e de outros. Uns têm tal propriedade, os outros tal outra, segundo sua destinação.

21. Concebemos isso para os corpos inertes, mas nossa questão é relativa aos corpos humanos. - R. O corpo envolve o Espírito sem escondê-lo, como um véu leve lançado sobre uma estátua. Nos mundos inferiores, o envoltório grosseiro oculta o Espírito aos seus semelhantes; mas os bons nada têm a esconder: podem ler no coração uns dos outros. Que seria isso se fosse assim nesse mundo!

22. Há sexos diferentes? - R. Sim; há por toda parte onde a matéria exista; é uma lei da matéria.

23. Qual é a base da alimentação dos habitantes? É animal e vegetal como aqui? - R. Puramente vegetal; o homem é o protetor

dos animais.

24. Foi-nos dito que haurem uma parte da sua alimentação no meio ambiente, do qual aspiram as emanações; isso é exato? - R. Sim.

25. A duração da vida, comparada à nossa, é mais longa ou mais curta? - R. Mais longa.

26. De quanto tempo é a vida média? - R. Como medir o tempo?

27. Não podes tomar um dos nossos séculos por termo de comparação? - R. Creio que em torno de cinco séculos.

28. O desenvolvimento da infância é proporcionalmente mais rápido do que entre nós? - R. O homem conserva a sua superioridade; a infância não comprime a sua inteligência, a velhice não a extingue.

29. Os homens estão sujeitos a doenças? - R. Não estão sujeitos aos vossos males.

30. A vida se divide entre a vigília e o sono? - R. Entre a ação e o repouso.

31. Poderias nos dar uma idéia das diversas ocupações dos homens? - R. Seria preciso dizer muito. Sua principal ocupação é encorajar os Espíritos que habitam os mundos inferiores a perseverarem no bom caminho. Não tendo infortúnio a aliviar entre eles, vão procurar onde se sofre; são os bons Espíritos que vos sustentam e vos atraem ao bom caminho.

32. Ali se cultivam certas artes? - R. São inúteis. Vossas artes são futilidades que distraem vossas dores.

33. A densidade específica do corpo do homem, lhe permite transportar-se, de um lugar ao outro, sem permanecer, como aqui, atado ao solo? - R. Sim.

34. Experimenta-se o dissabor e o desgosto da vida? - R. Não; o desgosto da vida não vem senão do desprezo de si mesmo.

35. Sendo os corpos dos habitantes de Júpiter menos densos do que os nossos, são formado de matéria compactada e condensada ou vaporosa? - R. Compacta para nós; mas para vós ela não o seria; é menos condensada.

36. O corpo, considerado como forma de matéria, é impenetrável? - R. Sim.

37. Os habitantes têm uma linguagem articulada como nós? -R. Não; há, entre eles, comunicação de pensamentos.

38. A segunda vista é, como se nos disse, uma faculdade normal e permanente entre vós? - R. Sim; o Espírito não tem mais entraves; nada está oculto para ele.

39. Se nada está oculto para o Espírito, conhece, pois, o futuro? (queremos falar dos Espíritos encarnados em Júpiter) - R. O conhecimento do futuro depende da perfeição do Espírito; tem menos inconvenientes para nós do que para vós; é-nos mesmo necessário, até um certo ponto, para o cumprimento de missões que temos a cumprir; mas dizer que conhecemos o futuro sem restrições, seria nos colocar na mesma posição que Deus.

40. Podeis revelar tudo o que sabeis do futuro? - R. Não; esperai até que tenhais merecido sabê-lo.

41. Comunicai-vos mais facilmente do que nós com os outros Espíritos? - R. Sim! sempre: a matéria não está mais entre eles e nós.

42. A morte inspira o horror e o pavor que causa entre nós? - R. Por que seria ela apavorante? O mal não existe mais entre nós. Só o mau vê o seu último momento com pavor; ele teme seu juiz.

43. Em que se tomam os habitantes de Júpiter depois da morte? - R. Crescem sempre em perfeição sem mais suportar provas.

44. Não há, em Júpiter, Espíritos que se submetem a provas para cumprirem uma missão? - R. Sim, mas isso não é mais uma prova; só o amor ao bem leva-os a sofrer.

45. Podem falir em sua missão? - R. Não, uma vez que são bons; não há fraqueza senão onde há defeito.

46. Poderias nomear-nos alguns Espíritos, habitantes de Júpiter, que cumpriram uma grande missão na Terra? - R. São Luís.

47. Poderias nomear-nos outros? - R. Que vos importa! Há missões desconhecidas que não têm por objetivo senão a felicidade de um só; estas são, por vezes, maiores: são as mais dolorosas.

OS ANIMAIS

48. Os corpos dos animais são mais materiais do que os dos homens? - R. Sim; o homem é o rei, o deus terrestre.

49. Entre os animais há os carniceiros? - R. Os animais não se despedaçam entre si; todos vivem submissos ao homem, amando-se mutuamente.

50. Mas há animais que escapam à ação do homem, como os insetos, os peixes, os pássaros? - R. Não; todos lhe são úteis.

51. Foi-nos dito que os animais são os servidores e operários que executam os trabalhos materiais, construindo as casas, etc.; isso é verdade? - R. Sim; o homem não se rebaixa mais servindo seu semelhante.

52. Os animais servidores são ligados a uma pessoa ou a uma família, ou são tomados e trocados à vontade, como aqui? -R. Todos são ligados a uma família particular; mudais por achar melhor.

53. Os animais servidores, ali, estão num estado de escravidão ou de liberdade; são uma propriedade, ou podem mudar de senhor à vontade? - R. Estão no estado de submissão.

54. Os animais trabalhadores recebem uma remuneração qualquer por seus esforços? - R. Não.

55. Desenvolvem-se as faculdades dos animais por uma espécie de educação? - R. Eles o fazem por si mesmos.

56. Os animais têm uma linguagem mais precisa e mais caracterizada do que a dos animais terrestres? - R. Certamente.

ESTADO MORAL DOS HABITANTES

57. As casas, das quais nos deste uma amostra por seus desenhos, estão reunidas em cidades, como aqui? - R. Sim; os que se amam se reúnem; só as paixões fazem solidão ao redor do homem. Se o homem, ainda que mau, procura seu semelhante, que não é para ele senão um instrumento de dor, por que o homem puro e virtuoso fugiria do seu irmão?

58. Os Espíritos são iguais ou de diferentes graus? - R. De diferentes graus, mas de uma mesma ordem.

59. Rogamos consentir reportar-te à escala espírita que demos no segundo número da Revista, e nos dizer a qual ordem pertencem os Espíritos encarnados em Júpiter? - R. Todos bons, todos superiores; o bem desce, algumas vezes, no mal; mas o mal jamais se mistura ao bem.

60. Os habitantes formam diferentes povos, como na Terra? -R. Sim; mas todos unidos entre si por laços de amor.

61. Assim sendo, as guerras ali são desconhecidas? - R. Pergunta inútil.

62. O homem poderá chegar, na Terra, a um bastante grande grau de perfeição, para abster-se de guerras? - R. Seguramente chegará; a guerra desaparece com o egoísmo dos povos e à medida que compreendem melhor a fraternidade.

63. Os povos são governados por chefes? - R. Sim.

64. Em que consiste a autoridade dos chefes? - R. No grau superior de perfeição.

65. Em que consistem a superioridade e a inferioridade dos Espíritos em Júpiter, uma vez que são todos bons? - R. Têm mais ou menos de conhecimentos e de experiência; se depuram em se esclarecendo.

66. Há, como na Terra, povos mais avançados do que os outros? - R. Não; mas nos povos há diferentes graus.

67. Se o povo mais avançado da Terra se visse transportado para Júpiter, que categoria nele ocuparia? - R. A classe dos macacos entre vós.

68. Os povos são governados por leis? - R. Sim.

69. Há leis penais? - R. Não há mais crime.

70. Quem faz as leis? - R. Deus as fez.

71. Há ricos e pobres, quer dizer, homens que têm abundância e o supérfluo, e outros a quem falta o necessário? - R. Não; todos são irmãos; se um tiver mais do que outro, ele partilhará; mas não se alegraria quando seu irmão desejasse.

72. Segundo isso, as fortunas ali seriam iguais para todos? - R. Eu não disse que todos eram ricos no mesmo grau; perguntastes se há os que têm o supérfluo e outros a quem falta o necessário.

73. Essas duas respostas nos parecem contraditórias; rogamos concordá-las. - R. A ninguém falta o necessário; ninguém tem o supérfluo, quer dizer que a fortuna de cada um está em relação com a sua condição. Estais satisfeitos?

74. Compreendemos agora; mas perguntaremos, ainda, se aquele que tem o menos não é infeliz relativamente àquele que tem o mais? - R. Não pode ser infeliz, desde que não é nem invejoso, nem ciumento. A inveja e o ciúme fazem mais infelizes do que a miséria.

75. Em que consiste a riqueza em Júpiter? - R. Que vos importa!

76. Há desigualdades de posições sociais? - R. Sim.

77. Em que são fundadas? - R. Nas leis da sociedade. Uns são mais ou menos avançados na perfeição. Aqueles que são superiores têm, sobre os outros, uma espécie de autoridade, como um pai sobre os filhos.

78. Desenvolvem-se as faculdades do homem pela educação? - R. Sim.

79. O homem pode adquirir bastante perfeição na Terra, para merecer passar imediatamente para Júpiter? - R. Sim, mas o homem, na Terra, está submetido a imperfeições para que esteja em relação com seus semelhantes.

80. Quando um Espírito que deixa a Terra deve ser reencarnado em Júpiter, fica errante durante algum tempo antes de ter achado o corpo ao qual deve se unir? - R. Fica durante um certo tempo, até que esteja liberto de suas imperfeições terrestres.

81. Há várias religiões? - R. Não; todos professam o bem, e todos adoram um único Deus.

82. Há templos e um culto? - R. Por templo há o coração do homem; por culto o bem que ele faz.

  • Revista Espírita

    Jornal de Estudos Psicológicos

    PUBLICADA SOB A DIREÇÃO DE

    ALLAN KARDEC

    Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.

    Terceiro Ano – 1860

  • OUTUBRO 1860
  • Marte (Georges)
  • Júpiter (Georges)
  • Os puros Espíritos (Georges)
  • Morada dos bem-aventurados (Georges)

    Marte

    (Médium, senhora Costel.)

    Marte é um planeta inferior à Terra da qual é um esboço grosseiro; não é necessário habitá-lo. Marte é a primeira encarnação dos demônios mais grosseiros; os seres que o habitam são rudimentares; têm a forma humana, mas sem nenhuma beleza; têm todos os instintos do homem sem o enobrecimento da bondade.

    Entregues às necessidades materiais, eles bebem, comem, lutam, se unem carnalmente. Mas como Deus não abandona nenhuma de suas criaturas, no fundo das trevas de sua inteligência jaz, latente, o vago conhecimento de si mesmo, mais ou menos desenvolvido. Esse instinto basta para torná-los superiores uns aos outros, e preparar a sua eclosão para uma vida mais completa. A sua é curta, como a dos efêmeros. Os homens, que não são senão matéria, desaparecem depois de uma curta duração. Deus tem horror ao mal, e não o tolera senão como servindo de princípio ao bem; abrevia o seu reino e a ressurreição triunfa dele.

    Neste planeta a terra é árida; pouca verdura; uma folhagem sombria que a primavera não rejuvenesce; um dia igual e cinza; o sol, apenas aparente, nunca prodigaliza as suas festas; o tempo escoa monótono, sem as alternativas e as esperanças das estações novas; não há inverno, não há verão. O dia, mais curto, não se mede do mesmo modo; a noite reina mais longa. Sem indústrias, sem invenções, os habitantes de Marte gastam sua vida para conquista de seu alimento. Suas moradias grosseiras, baixas como covil de feras, são repelentes pela incúria e pela desordem que aí reinam. As mulheres lançam-se sobre os homens; mais abandonadas, mais famélicas, não são senão suas mulheres. Elas têm apenas o sentimento maternal; colocam no mundo com facilidade, sem nenhuma angústia; alimentam e guardam suas crianças junto delas até o completo desenvolvimento de suas forças, e as repelem sem remorso, sem uma lembrança.

    Eles não são canibais; suas contínuas batalhas não têm por objetivo senão a posse de um terreno mais ou menos abundante em caça. Caçam em planícies intermináveis. Inquietos e móveis como os seres desprovidos de inteligência, se deslocam sem cessar. A igualdade de sua estação, por toda a parte a mesma, comporta por conseqüência as mesmas necessidades e as mesmas ocupações; há pouca diferença entre os habitantes de um hemisfério a outro.

    A morte não tem para eles nem terror nem mistério; consideram somente como a podridão do corpo que queimam imediatamente. Quando um desses homens vai morrer, ele é logo abandonado e sozinho, estendido, pensa pela primeira vez; um vago instinto se apodera dele; como a andorinha advertida de sua próxima migração, ele sente que tudo não está acabado, que vai recomeçar alguma coisa desconhecida. Ele não é bastante inteligente para supor, temer ou esperar, mais calcula às pressas suas vitórias ou seus defeitos; pensa num número de animais que abateu, e se regozija ou se aflige segundo os resultados obtidos. Sua mulher (eles não têm mais que uma cada vez, mas podem mudar tanto quanto lhes sejam conveniente) agacha-se sobre o limiar da porta, lança pedras no ar; quando formam um pequeno montículo, ela julga que p tempo decorreu e se arrisca a olhar no interior; se suas previsões estão realizadas, se o homem está morto, ela entra sem um grito, sem uma lágrima, despoja-o das peles de animais que o envolve, e vai friamente advertir seus vizinhos que carreguem o corpo e o queimem, apenas resfriado.

    Os animais, que suportam por toda parte o reflexo humano, são mais selvagens, mais cruéis que por toda parte alhures. O cão e o lobo não são senão uma mesma espécie, e sem cessarem em luta com o homem, se entregam a combates obstinados. Aliás, menos numerosos, menos variados sobre a Terra, os animais são o resumo de si mesmos.

    Os elementos têm a cólera cega do caos; o mar furioso separa os continentes sem navegação possível; o vento ruge e curva as árvores até o solo. As águas submergem as terras ingratas que elas não fecundam. O terreno não oferece as mesmas condições geológicas da Terra; o fogo não esquenta; os vulcões são ali desconhecidos; as montanhas, apenas elevadas, não oferecem nenhuma beleza; elas cansam o olhar e desencorajam a exploração; por toda aparte, enfim, monotonia e violência; por toda a parte, a flor sem a cor e o perfume, por toda a parte homens sem previdência, matando para viver.

    Georges.

    Nota. Por servir de transição entre o quadro de Marte e de Júpiter, seria necessário o de um mundo intermediário, da Terra, por exemplo, mas que conhecemos suficientemente. Em observando-a, é fácil reconhecer que mais se aproxima de Marte do que de Júpiter, pois que no seio mesmo da civilização se encontram ainda seres tão abjetos e tão desprovidos de sentimentos de humanidade, que vivem no mais absoluto embrutecimento, não pensam senão nas necessidades materiais, sem nunca terem voltado seus olhos para o céu, e que parecem virem de Marte em linha direta.

    Júpiter

    (Médium, senhora Costel.)

    O planeta Júpiter, infinitamente maior do que a Terra, não apresenta o mesmo aspecto. Ele está inundado de uma luz pura e brilhante, que ilumina sem ofuscar. As árvores, as flores, os insetos, os animais dos quais os vossos são o ponto de partida, ali são enobrecidos e aperfeiçoados; ali a natureza é mais grandiosa e mais variada, a temperatura é igual e deliciosa; a harmonia das esferas encanta os olhos e os ouvidos. A forma dos seres que o habitam a mesma que a vossa, mas embelezada, aperfeiçoada, e sobretudo purificada. Não estamos submetidos às condições materiais de vossa natureza: não temos nem as necessidades, nem as enfermidades que lhes são as conseqüências. Somos almas revestidas de um envoltório diáfano que conserva as marcas das nossas migrações passadas: aparecemos aos nossos amigos tais como nos conheceram, mas iluminados por uma luz divina, transfigurados pelas nossas impressões interiores que sempre são elevadas.

    Júpiter é dividido, como a Terra, em um grande número de regiões variadas de aspecto, mas não de clima. As diferenças de condições ali são estabelecidas unicamente pela superioridade moral e inteligente; não há nem senhores nem escravos; os graus mais elevados não são marcados senão pelas comunicações mais diretas e mais freqüentes com os Espíritos puros, e pelas funções mais importantes que nos são confiadas. Vossas habitações não podem vos dar nenhuma idéias das nossas, uma vez que não temos as mesmas necessidades. Cultivamos artes chegadas a um grau de perfeição desconhecido entre vós. Gozamos de espetáculos sublimes, entre os quais o que admiramos mais à medida que o compreendemos melhor, é a inesgotável variedade de criações, variedades harmoniosas que têm seu ponto de partida e se aperfeiçoam no mesmo sentido. Todos os sentimentos ternos e elevados da natureza humana, nós os encontramos aumentados e purificados, o desejo incessante que temos de chegar à classe dos puros Espíritos não é um tormento, mas uma nobre ambição que nos impele a nos aperfeiçoarmos. Estudamos incessantemente com amor para sermos elevados até eles, o que fazem também os seres inferiores para chegarem a nos igualar. Os vossos pequenos ódios, os vossos mesquinhos ciúmes nos são desconhecidos; um laço de amor e fraternidade nos une: os mais fortes ajudam os mais fracos. No vosso mundo tendes necessidade da sombra do mal para sentir o bem, da noite para admirar a luz, da enfermidade para apreciar a saúde. Aqui, esses contrastes não são necessários; a eterna luz, a eterna bondade, a eterna calma da alma nos enche de uma eterna alegria. Eis o que o espírito humano tem mais dificuldade de compreender; foi engenhoso para pintar os tormentos do inferno, mas nunca pôde representar as alegrias do céu, e por que isto? Porque sendo inferior, não suportou senão penas e misérias, e não entreviu as celestes dar idades; não pode vos falar daquilo que não conhece, como o viajante descreve os países que percorreu; mas, a medida que se eleva e se depura, o horizonte se ilumina e ele confunde o bem que tem diante de si, como compreendeu o mal que ficou atrás dele. Outros Espíritos já procuraram vos fazer compreender, tanto quanto a vossa natureza o permite, o estado de mundos felizes, a fim de vos excitar a seguir um único caminho que pode a eles conduzir; mas há entre vós os que são de tal modo agarrados à matéria que preferem ainda as alegrias materiais da Terra, às alegrias puras que esperam o homem que sabe delas desligar-se. Que aí gozem, pois, enquanto aí estão! Porque um triste retorno os espera, talvez mesmo desde esta vida. Aqueles que escolhemos por nossos intérpretes são os primeiros a receber a luz; infelizes deles, sobretudo, se não aproveitam o favor que Deus lhes concede, porque a sua justiça pesará sobre eles!

    GEORGES.

    Os puros Espíritos

    (Médium, senhora Costel.)

    Os puros Espíritos são aqueles que, chegados ao mais alto grau de perfeição, são julgados dignos de serem admitidos aos pés de Deus. O esplendor infinito que os rodeia, não os dispensa de sua parte de utilidade nas obras de criação: as funções que eles têm a cumprir correspondem à extensão de suas faculdades. Estes Espíritos são os ministros de Deus; eles regem, sob suas ordens, os mundos inumeráveis; dirigem do alto os Espíritos e os humanos; estão ligados entre eles, por um amor sem limites, este ardor se estende sobre todos os seres que procuram chamar e tornar dignos da suprema felicidade. Deus irradia sobre eles e lhe transmite as suas ordens; eles o vêem sem serem oprimidos por sua luz.

    Sua forma é etérea, não têm mais nada de palpável; eles falam aos Espíritos superiores e lhes comunicam a sua ciência; tornaram-se infalíveis E nas suas fileiras que são escolhidos os anjos guardiães que descem com bondade seus olhares sobre os mortais, e os recomendam aos Espíritos superiores que os amaram. Estes escolhemos agentes de sua direção nos Espíritos da segunda ordem. Os puros Espíritos são iguais; e não poderia ser de outro modo, uma vez que não são chamados a essa classe senão depois de atingirem o mais alto grau de perfeição. Há igualdade, mas não uniformidade, porque Deus não quis que nenhuma de suas obras fossem idênticas. Os Espíritos puros conservam a sua personalidade, que somente adquiriram a perfeição mais completa, no sentido do seu ponto de partida.

    Não é permitido dar maiores detalhes sobre esse mundo supremo.

    GEORGES




  • Morada dos bem-aventurados

    (Médium, senhora Costel.)

    Falemos das últimas espirais de glória habitadas pelos puros Espíritos. Ninguém as alcança antes de ter atravessado os círculos dos Espíritos errantes. Júpiter é o mais alto grau da escala; quando um Espírito, por longo tempo purificado pela sua permanência nesse planeta, é julgado digno da suprema felicidade, é advertido por um redobramento da energia; um fogo sutil anima todas as partes delicadas de sua inteligência que parece irradiar e se tornar visível; ofuscante, transfigurado, ele ilumina o dia que parece tão radioso aos olhos dos habitantes de Júpiter; seus irmãos reconhecem o eleito do Senhor e, trêmulos, se ajoelham diante de sua vontade. Entretanto, o Espírito escolhido se eleva, e os céus, em sua suprema harmonia, lhe revelam belezas indescritíveis.

    À medida que ele sobe, compreende, não mais como na erraticidade, não mais vendo o conjunto das coisas criadas, como em Júpiter, mas abarcando o infinito. Sua inteligência transfigurada se lança como uma flecha para Deus, sem estremecimento e sem terror, como num foco imenso alimentado por milhares de objetos diversos. O amor, nesses diversos Espíritos, reveste a cor de sua personalidade experimentada; eles se reconhecem, se regozijam uns pelos outros. Suas virtudes, refletidas, repercutem, por assim dizer, as delícias da visão de Deus e aumentam incessantemente a felicidade de cada eleito. Mar de amor que cada afluente engrossa, essas forças puras não permanecem mais inativas do que as forças de outras esferas. Investidos logo do dom da ubiqüidade, eles abraçam, ao mesmo tempo, os detalhes infinitos da vida humana desde a sua eclosão até as suas derradeiras etapas. Irresistível como o dia, sua visão penetra por toda a parte ao mesmo tempo, e, ativos como a força que os move, eles espargem as vontades do Senhor. Como de uma urna cheia se escapa a vaga benfazeja, sua bondade universal aquece os mundos e confunde o mal.

    Estes diversos intérpretes têm por ministros do seu poder os Espíritos já depurados. Assim, tudo se eleva, tudo se aperfeiçoa, e a caridade irradia sobre os mundos que ela alimenta como seu poderoso seio.

    Os puros Espíritos têm, por atribuição a posse de tudo que é bem e verdade, porque possuem Deus, o próprio princípio. O pobre pensamento humano limita a tudo o que ele compreende e não admite o infinito que a felicidade não limita. Depois de Deus, que pode aí haver? Deus ainda, Deus sempre; o viajante vê os horizontes sucederem aos horizontes e um não é senão o começo do outro; assim o infinito se desenrola incessantemente. A alegria mais imensa dos puros Espíritos é precisamente essa extensão tão profunda quanto a própria eternidade.

    Não se pode descrever uma graça, uma chama, um raio, não posso descrever os puros Espíritos. Mais vivos, mais belos, mais brilhantes que não o são as imagens mais etéreas, uma palavra resume seu ser, seu poder e suas alegrias: Amor! Enchei desta palavra os espaço que separa a Terra do céu e não tereis ainda senão a idéia de uma gota d'água no mar. O amor terrestre por grosseiro que seja, só pode vos fazer conhecer a sua divina realidade.

    GEORGES.



  • As habitações do planeta Júpiter

    Revista Espírita, agosto de 1858

    (pelo senhor Victorien Sardou)


    Um grande motivo de espanto para certas pessoas, convencidas aliás da existência dos Espíritos (não vou aqui me ocupar das outras), é que tenham, como nós, suas habitações e suas cidades. Não me pouparam as críticas: "Casas de Espíritos em Júpiter!... Que gracejo!..." - Gracejo, se assim se o deseja; nada tenho com isso. Se o leitor não encontra aqui, na verossimilhança de explicações, uma prova suficiente de sua verdade; se não está surpreso, como nós, quanto ao perfeito acordo dessas revelações espíritas com os dados mais positivos da ciência astronômica; se não vê, numa palavra, senão uma hábil mistificação nos detalhes que seguem e nos desenhos que os acompanham, convido-o a se explicar com os Espíritos, dos quais não sou senão um instrumento e o eco fiel. Que ele evoque Palissy ou Mozart ou um outro habitante dessa morada bem-aventurada, que o interrogue, que controle minhas afirmações pelas suas, enfim, que discuta com ele: porque, por mim, não faço senão apresentar aqui o que me foi dado, senão repetir o que me foi dito; e para esse papel absolutamente passivo, creio-me ao abrigo tanto da censura como também do elogio.

    Feita essa reserva, e uma vez admitida a confiança nos Espíritos, aceita como verdade a única doutrina verdadeiramente bela e sábia que a evocação dos mortos nos revelou até hoje, quer dizer, a migração das almas de planetas em planetas, suas encarnações sucessivas e seu progresso incessante pelo trabalho, as habitações de Júpiter não terão mais motivo para nos espantar. Desde o momento em que um Espírito se encarna em um mundo submetido, como o nosso, a uma dupla revolução, quer dizer, à alternativa de dias e de noites e ao retorno periódico das estações, do momento em que ele possui um corpo, esse envoltório material, tão frágil que seja, não pede senão uma alimentação e roupas, mas também um abrigo ou, pelo menos, um lugar de repouso, conseqüentemente uma moradia. Com efeito, é bem o que nos foi dito. Como nós, e melhor do que nós, os habitantes de Júpiter têm seus lares comuns e suas famílias, grupos harmônicos de Espíritos simpáticos, unidos no triunfo depois de sê-lo na luta: daí as habitações tão espaçosas, as quais se pode aplicar, com justiça, o nome de palácios. Ainda como nós, esses Espíritos têm suas festas, suas cerimônias, suas reuniões públicas: daí certos edifícios especialmente destinados a esses usos. É preciso prever, enfim, encontrar nessas regiões superiores toda uma Humanidade ativa e laboriosa, como a nossa, submetida como nós às suas leis, às suas necessidades, aos seus deveres; mas com essa diferença de que o progresso, rebelde aos nossos esforços, torna-se uma conquista fácil para os Espíritos desligados, como eles o são, de nossos vícios terrestres.

    Não deveria me ocupar aqui senão da arquitetura das suas habitações, mas para a própria inteligência dos detalhes que vão seguir, uma palavra de explicação não será inútil. Se Júpiter não é abordável senão pelos bons Espíritos, não se segue que seus habitantes sejam todos excelentes no mesmo grau: entre a bondade do simples e a do homem de gênio, é permitido contar muitas nuanças. Ora, toda a organização social desse mundo superior repousa precisamente sobre essas variedades de inteligências e de aptidões; e, em razão de leis harmoniosas, que seria muito longo explicar aqui, aos Espíritos mais elevados, os mais depurados, é que pertence a alta direção de seu planeta. Essa supremacia não se detém aí; ela se estende até os mundos inferiores, onde esses Espíritos, por suas influências, favorecem e ativam sem cessar o progresso religioso, gerador de todos os outros. E necessário acrescentar que, para esses Espíritos depurados, não poderia ser questão senão de trabalho de inteligência, que sua atividade não se exerce mais do que no domínio de seu pensamento, e que adquiriram bastante império sobre a matéria para não serem, senão fracamente, entravados por ela no livre exercício de suas vontades? Os corpos de todos esses Espíritos, e, aliás, de todos os Espíritos que habitam Júpiter, é de uma densidade tão leve que não se pode lhe encontrar termo de comparação senão nos fluidos imponderáveis; um pouco maior do que o nosso, do qual reproduz exatamente a forma, porém mais pura e mais bela, se nos oferece sob a aparência de um vapor (emprego com pesar essa palavra que designa uma substância ainda muito grosseira), de um vapor, digo, imperceptível e luminoso, luminoso sobretudo nos contornos do rosto e da cabeça; porque aqui a inteligência e a vida irradiam como um foco ardente; e é bem esse clarão magnético entrevisto pelos visionários cristãos e que nossos pintores traduziram pelo nimbo e pela auréola dos santos.

    Concebe-se que um tal corpo não dificulte, senão fracamente, as comunicações extra-mundanas desses Espíritos, e que lhes permite mesmo, em seu planeta, um deslocamento pronto e fácil. Ele escapa tão facilmente à atração planetária e sua densidade difere tão pouco da atmosfera, que pode aí se mover, ir e vir, descer ou subir, ao capricho do Espírito e sem outro esforço que o da sua vontade. Tanto que algumas personagens que Palissy consentiu me fazer desenhar, estão representadas ao rasante do solo, ou à flor da água, ou muito elevadas no ar, com toda liberdade de ação e de movimentos que emprestamos aos nossos anjos. Essa locomoção é tanto mais fácil para o Espírito quanto mais esteja depurado, e isso se concebe sem dificuldade; também nada é mais fácil, aos habitantes do planeta, que estimar, à primeira vista, o valor de um Espírito que passa; dois sinais falarão por ele: a altura do seu vôo e a luz mais ou menos brilhante de sua auréola.

    Em Júpiter, como por toda parte, aqueles que voam mais alto são os mais raros; abaixo deles, é preciso contar várias camadas de Espíritos inferiores, em virtude como em poder, mas naturalmente livres para igualá-los, um dia, em se aperfeiçoando. Escalonados e classificados segundo seus méritos, estes são votados mais particularmente aos trabalhos que interessam ao próprio planeta, e não exercem, sobre os mundos inferiores, a autoridade todo-poderosa dos primeiros. Eles respondem, é verdade, a uma evocação, com palavras sábias e boas, mas à pressa que tem em nos deixar, ao laconismo de suas palavras, é fácil de compreender que têm muito a fazer alhures, e que não estão ainda bastante libertos para irradiarem, ao mesmo tempo, sobre dois pontos tão distantes um do outro. Enfim, depois dos menos perfeitos desses Espíritos, mas separados deles por um abismo, vêm os animais que, como os únicos serviçais e os únicos obreiros do planeta, merecem uma menção toda especial.

    Se designamos sob esse nome de animais os seres bizarros que ocupam a base da escala, foi porque os próprios Espíritos o puseram em uso e, aliás, nossa própria língua não tem termo melhor para nos oferecer. Essa designação os deprecia um pouco para baixo; mas chamá-los de homens seria fazer-lhes muita honra: com efeito, são Espíritos votados à animalidade, talvez por longo tempo, talvez para sempre; porque nem todos os Espíritos estão de acordo sobre esse ponto, e a solução do problema parece pertencer a mundos mais elevados do que Júpiter, mas, qualquer que seja o seu futuro, não há com que se enganar quanto ao seu passado. Esses Espíritos, antes de irem para lá, emigraram sucessivamente em nossos baixos mundos, do corpo de um animal para o de um outro, em uma escala de aperfeiçoamento perfeitamente graduada. O estudo atento dos nossos animais terrestres, seus costumes, seus caracteres individuais, sua ferocidade longe do homem, e sua domesticação lenta mas sempre possível, tudo isso atesta suficientemente a realidade dessa ascensão animal.

    Assim, para qualquer lado que se volte, a harmonia do Universo se resume sempre numa única lei: o progresso por toda parte e para todos, para o animal como para a planta, para a planta como para o mineral; progresso puramente material no início, nas moléculas insensíveis do metal ou do calhau, e mais e mais inteligente à medida que remontamos à escala dos seres e que a individualidade tende a se libertar da massa, a se afirmar, a se conhecer. - Pensamento elevado e consolador, se assim não fora jamais; porque prova que nada é sacrificado, que a recompensa é sempre proporcional ao progresso alcançado; por exemplo, que o devotamento do cão que morre por seu senhor não será estéril para o seu Espírito, porque terá seu justo salário além deste mundo.

    É o caso dos Espíritos animais que povoam Júpiter; aperfeiçoaram-se ao mesmo tempo que nós, conosco e com a nossa ajuda. A lei é mais admirável ainda: ela faz tão bem do seu devotamento ao homem a primeira condição para a sua ascensão planetária, que a vontade de um Espírito de Júpiter pode chamar para si todo animal que, em uma das suas vidas anteriores, lhe haja dado provas de afeição. Essas simpatias que formam, no Mais Alto, famílias de Espíritos, agrupam também, ao redor das famílias, todo um cortejo de animais devotados. Por conseqüência, nosso apego neste mundo por um animal, o cuidado que tomamos para abrandá-lo e humanizá-lo, tudo isso tem a sua razão de ser, tudo isso será pago: é um bom servidor que formamos antecipadamente para um mundo melhor.

    Será também um operário; porque aos seus semelhantes está reservado todo trabalho material, toda tarefa corporal: fardo ou alvenaria, semeadura ou colheita. E, para tudo isso, a Suprema Inteligência proveu por um corpo que participa, ao mesmo tempo, da superioridade da besta e da do homem. Isso podemos julgar por um esboço de Palissy, que representa alguns desses animais muito atentos a jogarem bolas. Eu não poderia melhor compará-los senão aos faunos e aos sátiros da Fábula; o corpo ligeiramente peludo é todavia aprumado como o nosso; as patas desapareceram em alguns para darem lugar a certas pernas que lembram ainda a forma primitiva, a dois braços robustos, singularmente ligados e terminados por verdadeiras mãos, se nelas considero a oposição dos dedos. Coisa bizarra, a cabeça, ao contrário, não é tão aperfeiçoada quanto o resto! Assim, a fisionomia reflete bem alguma coisa de humano, mas o crânio, mas o maxilar e, sobretudo, a orelha, nada têm que diferem sensivelmente do animal terrestre; fácil é, pois, distingui-los entre si: este é um cão, aquele um leão. Propriamente vestidos com blusas e vestes muito semelhantes às nossas, não esperam mais do que a palavra para lembrarem, de muito perto, certos homens deste mundo; mas, eis precisamente o que lhes falta, assim como o que não poderiam fazer. Hábeis para se compreenderem entre si por uma linguagem que nada tem da nossa, não se enganam mais sobre as intenções dos Espíritos que os comandam; um olhar, um gesto bastam. A certos recursos magnéticos, dos quais nossos domadores de animais já têm o segredo, o animal adivinha e obedece sem murmurar, e o que é mais, de bom grado, porque está sob o encanto. Assim é que se lhe impõe toda grande tarefa, e que com a sua ajuda tudo funciona regularmente de um extremo ao outro da escala social: o Espírito elevado pensa, delibera, o Espírito inferior aplica com a sua própria iniciativa, o animal executa. Assim a concepção, o emprego e o fato se unem numa mesma harmonia, e conduzem todas as coisas para seu fim mais próprio, pelos meios mais simples e mais seguros.

    Peço desculpas por esta digressão: era indispensável ao meu objetivo, que agora posso abordar.

    À espera das cartas prometidas, que facilitarão singularmente o estudo de todo o planeta, podemos, pelas descrições feitas pelos Espíritos, fazer-nos uma idéia de sua grande cidade, da cidade por excelência, desse foco de luz e de atividade que concordam em designar sob o nome, estranhamente latino, de Julnius.

    "Sobre o maior dos nossos continentes, disse Palissy, em um vale de setecentas a oitocentas léguas de largura, para contar como vós, um rio magnífico descendo das montanhas do norte, e aumentado por uma multidão de torrentes e de ribeirões, forma, em seu percurso, sete a oito lagos, dos quais o menor mereceria, entre vós, o nome de mar. Foi sobre as margens do maior desses lagos, batizado por nós com o nome de a Pérola, que nossos ancestrais lançaram os primeiros fundamentos de Julnius. Essa cidade primitiva ainda existe, venerada e conservada como uma preciosa relíquia. Sua arquitetura difere muito da nossa. Explicar-te-ei tudo isso a seu tempo: saiba apenas que a cidade moderna está a uns cem metros mais abaixo da antiga. O lago, encaixado nas altas montanhas, se derrama no vale por oito cataratas enormes, que formam igualmente correntes isoladas e dispersas em todos os sentidos. Com a ajuda dessas correntes, nós mesmos cavamos, na planície, uma multidão de riachos, de canais e de tanques, não reservando a terra firme senão para nossas casas e nossos jardins. Disso resultou uma espécie de cidade anfíbia, como vossa Veneza, e da qual não se poderia dizer, à primeira vista, se está edificada sobre a terra ou sobre a água. Não te digo nada hoje de quatro edifícios sagrados, construídos sobre a própria vertente das cataratas, de sorte que a água jorra em abundância de seus pórticos: aí estão obras que vos pareceriam inacreditáveis pela grandeza e audácia.

    "É a cidade terrestre que descrevo aqui, a cidade de alguma sorte material, a das ocupações planetárias, a que chamamos, enfim, a Cidade baixa. Ela tem suas ruas, ou antes, seus caminhos, traçados para o serviço interior; tem suas praças públicas, seus pórticos e suas pontes lançadas sobre os canais para a passagem dos servidores. Mas a cidade inteligente, a cidade espiritual, a verdadeira Julnius, enfim, não é na terra que é preciso procurá-la, é no ar.

    "Ao corpo material de nossos animais, incapazes de voarem, (1), é preciso a terra firme; mas o que nosso corpo fluídico e luminoso exige, é uma residência aérea como ele, quase impalpável e móvel ao gosto de nosso capricho. Nossa habilidade resolveu esse problema, com a ajuda do tempo e das condições privilegiadas que o Grande Arquiteto nos havia dado. Compreenda bem que essa conquista dos ares era indispensável a Espíritos como os nossos. Nosso dia é de cinco horas, e nossa noite de cinco horas igualmente; mas tudo é relativo, e para seres prontos para pensarem e agirem como nós o somos, para Espíritos que se compreendem pela linguagem dos olhos e que sabem se comunicar, magneticamente, à distância, nosso dia de cinco horas igualaria já em atividade uma de vossas semanas. Era ainda muito pouco, na nossa opinião; e a imobilidade da morada, o ponto fixo da sede era um entrave para todas as nossas grandes obras. Hoje, pelo deslocamento fácil dessas moradas de pássaros, pela possibilidade de transportar, nós e os outros, em tal lugar do planeta e tal hora do dia que nos aprazasse, nossa existência é pelo menos dobrada, e com ela tudo o que pode criar de útil e de grande.

    (1) É preciso, todavia, deles excetuar certos animais munidos de asas e reservados para o serviço aéreo, e para os trabalhos que exigiriam, entre nós, o emprego de madeiramentos. São uma transformação da ave, como os animais descritos mais acima são uma transformação dos quadrúpedes.)

    "Em certas épocas do ano, acrescentou o Espírito, em certas festas, por exemplo, verias aqui o céu obscurecido pelo enxame de habitações que vêm de todos os pontos do horizonte. É um curioso conjunto de casas esbeltas, graciosas e leves, de toda forma, de toda cor, balançando em toda altura, e continuamente a caminho da cidade baixa para a cidade celeste: Alguns dias depois o vazio se faz pouco a pouco e todos esses pássaros voam.

    "Nada falta a essas moradias flutuantes, nem mesmo o encanto da verdura e das flores. Falo de uma vegetação sem exemplo entre vós, de plantas, de arbustos mesmo destinados, pela natureza de seus órgãos, a respirar, a se alimentar, a viver, a se reproduzir no ar.

    "Nós temos, disse o mesmo Espírito, dessas moitas de flores enormes, das quais não poderíeis imaginar nem as formas nem as nuanças, e de uma leveza de tecido que as torna quase transparentes. Balançando no ar, onde longas folhas as sustem, e armadas de gavinhas semelhantes às da videira, se reúnem em nuvens de mil tintas ou se dispersam ao sabor do vento, e preparam encantador espetáculo aos passeadores da cidade baixa... imagine a graça dessas jangadas de verdura, desses jardins flutuantes que nossa vontade pode fazer e desfazer e que duram, às vezes, toda uma estação! Longas fiadas de cipó de ramos floridos se destacam dessas alturas e pendem até a terra, pencas enormes se agitam sacudindo seus perfumes e suas pétalas que se desfolham... Os Espíritos que atravessam o ar aí se detêm na passagem: é um lugar de repouso e de reencontro, e, querendo-se, um meio de transporte para rematar a viagem sem fadiga e em companhia."

    Um outro Espírito estava sentado sobre uma dessas flores no momento em que eu o evoquei.

    "Nesse momento, disse-me ele, é noite em Julnius, estou sentado à parte sobre uma dessas flores do ar que não desabrocham aqui senão à claridade de nossas luas. Sob meus pés toda cidade baixa dorme; mas sobre minha cabeça e ao meu redor, a perder de vista, não há senão movimento e alegria no espaço. Dormimos pouco: nossa alma é muito desligada para que as necessidades do corpo sejam tirânicas; e a noite é antes feita para nossos servidores do que para nós. É a hora das visitas e das longas conversas, de passeadores solitários, de fantasias, da música. Não vejo senão moradas aéreas resplandecentes de luzes ou jangadas de folhas e de flores carregadas de bandos alegres... A primeira de nossas ruas clareia toda a cidade baixa: é uma doce luz comparável a de vosso luar; mas, do lado do lago, a segunda se eleva, e esta tem reflexos esverdeados que dão a todo o rio o aspecto de um grande gramado..."

    É sobre a margem direita desse rio, "cuja água, disse o Espírito, te ofereceria a consistência de um leve vapor (1), " que está construída a casa de Mozart, que Palissy consentiu fazer-me desenhar sobre cobre. Não dou aqui senão a fachada sul. A grande entrada está à esquerda, sobre a planície; à direita está o rio; ao norte e ao sul estão os jardins. Perguntei a Mozart quem eram os seus vizinhos. - "Mais alto, disse, e mais baixo, há dois Espíritos que tu não desconheces; mas à esquerda, não estou separado senão por uma grande campina do jardim de Cervantes."

    (1) A densidade de Júpiter sendo de 0,23, quer dizer, um pouco menos de um quarto da Terra, o Espírito nada disse aqui senão de muito verossímil. Concebe-se que tudo é relativo, e que sobre esse globo etéreo tudo seja etéreo como ele.

    A casa tem, pois, quatro faces como as nossas, do que seria errado, todavia, fazer uma regra geral. Ela está construída com uma certa pedra que os animais tiram das pedreiras do norte, é das quais o Espírito compara a cor a esses tons esverdeados que toma, freqüentemente, o azul do céu no momento em que o sol se deita. Quanto à sua duração pode-se dela fazer uma idéia por esta observação de Palissy, que ela derreteria sob nossos dedos humanos tão rápida quanto um floco de neve: ainda está aí uma das matérias mais resistentes do planeta! Sobre essa parede os Espíritos esculpiram ou incrustaram os estranhos arabescos que nosso desenho procura reproduzir. São ou ornamentos escavados nas pedras e coloridos em seguida, ou incrustações limitadas à solidez da pedra verde, por um procedimento que está muito em voga agora, e que conserva nos vegetais toda a graça de seus contornos, toda a finura de seus tecidos, toda a riqueza de seu colorido.

    "Uma descoberta, acrescentou o Espírito, que fareis algum dia e que mudará entre vós muitas coisas."

    A grande janela da direita apresenta um exemplo de gênero de ornamentação, uma de suas bordas não é outra coisa senão um caniço enorme do qual se conservaram as folhas. Ocorre o mesmo com o coroamento da janela principal, que apresenta a forma de claves de sol: são plantas sarmentosas enlaçadas e petrificadas. E por esse procedimento que eles obtêm a maioria dos coroamentos de edifícios, de grades, de balaústres, etc. Freqüentemente mesmo, a planta é colocada na parede, com suas raízes, em condições de crescer livremente. Ela cresce, se desenvolve; suas folhas desabrocham ao acaso, e o artista não a congela no lugar senão quando adquiriu todo o desenvolvimento desejado para a ornamentação do edifício: a casa de Palissy é quase inteiramente decorada desse modo.

    Destinada primeiro unicamente aos móveis, depois às molduras de portas e de janelas, esse gênero de ornamento se aperfeiçoou pouco a pouco e acabou por invadir toda a arquitetura. Hoje, não são apenas a flor e o arbusto que se petrificam no estado, mas a própria árvore da raiz ao topo; e os palácios, como os edifícios sagrados quase nada mais têm de outras colônias.

    Uma petrificação da mesma natureza serve também para a decoração das janelas. De flores ou de folhas muito amplas, são habilmente despojadas de sua parte carnuda: não resta mais do que uma rede de fibras, tão fina quanto a mais fina musselina. E cristalizada, e dessas folhas unidas com arte, constrói-se toda uma janela, que não deixa filtrar, para o interior, senão uma luz muito doce: ou bem as reveste com uma espécie de vidro líquido e colorido com todas as nuanças, que se endurece no ar e que transforma a folha em uma espécie de vidraça. Do conjunto dessas folhas resultam, para janelas, encantadores bosquezinhos transparentes e luminosos.

    Quanto à própria duração dessas aberturas, e a mil outros detalhes que podem surpreender ao primeiro contato, sou forçado a adiar-lhes a explicação: a história da arquitetura em Júpiter exigiria um volume inteiro. Renuncio igualmente a falar do mobiliário, para não me ater aqui senão à disposição geral da casa.

    O leitor deve ter compreendido, depois de tudo o que precede, que a casa do continente não deve ser, para o Espírito senão uma espécie de pequena casa de passagem. A cidade baixa não é quase freqüentada senão por Espíritos de segunda ordem, encarregados dos interesses planetários, da agricultura, por exemplo, ou das trocas, e da boa ordem a manter entre os servidores. Também todas as casas que repousam sobre o solo, geralmente, não têm senão um térreo e um andar: um destinado aos Espíritos que agem sob a direção do senhor, e acessível aos animais; o outro, reservado só ao Espírito, que nele não mora senão por ocasião. É isso que explica por que vemos, nas várias casas de Júpiter, nesta por exemplo, e na de Zoroastro, uma escada e mesmo uma rampa. Aquele que rasa a água como uma andorinha, e que pode correr sobre as hastes de trigo sem curvá-las, dispensa muito bem escada e rampa para entrar em sua casa; mas os Espíritos inferiores não têm o vôo tão fácil: não se elevam senão pela agitação, e a rampa não lhes é sempre inútil. Enfim, a escada é absoluta necessidade para os animais serviçais, que não caminham senão como nós. Estes últimos têm também seus compartimentos, muito elegantes, de resto, que fazem parte de todas as grandes habitações; mas suas funções os chamam, constantemente, à casa do senhor: é preciso facilitar-lhes a entrada e o percurso interior. Daí essas construções bizarras, que, pela base, assemelham-se ainda aos nossos edifícios terrestres, e que deles diferem absolutamente pelo vértice.

    Este se distingue, sobretudo, por uma originalidade que seríamos incapazes de imitar. É uma espécie de flecha aérea que se balança sobre o alto do edifício, acima da grande janela de seu original coroamento. Esse frágil escaler, fácil de deslocar, e todavia destinado, no pensamento do artista, a não deixar o lugar que lhe foi assinalado, porque sem repousar em nada sobre o cume, completa-lhe, no entanto, a decoração, e lamento que a dimensão da prancha não haja permitido que nela encontrasse lugar. Quanto à morada de Mozart não tenho aqui senão que constatar-lhe a existência: os limites desse artigo não me permitem estender-me sobre esse assunto.

    Não terminaria, todavia, sem me explicar, de passagem, sobre o gênero de ornamentos que o grande artista escolheu para a sua moradia. É fácil neles reconhecer a lembrança de nossa música terrestre: a clave de sol ai está freqüentemente repetida, e, coisa bizarra, jamais a clave de fá!. Na decoração do térreo encontramos um arco de violino, uma espécie de grande alaúde ou de bandolim, uma lira e toda uma pauta musical. Mais alto, é uma grande janela que lembra, vagamente, a forma de um órgão; os outros têm aparência de grandes notas, e notas mais pequenas são abundantes por sobre toda a fachada.

    Seria erro disso concluir que a música de Júpiter seja comparável à nossa, e que se conta pelos mesmos sinais: Mozart explicou-se sobre ela de modo a não deixar dúvidas a esse respeito; mas os Espíritos lembram, de bom grado, na decoração de suas casas, a missão terrestre que lhes mereceu a encarnação em Júpiter e que resume melhor o caráter de sua inteligência. Assim, na casa de Zoroastro são os astros e a chama que fazem todos os detalhes da decoração.

    Há mais; parece que esse simbolismo tem suas regras e seus segredos. Todos esses ornamentos não estão dispostos ao acaso: têm sua ordem lógica e sua significação precisa; mas é uma arte que os Espíritos de Júpiter renunciam em nos fazer compreender, pelo menos até este dia, e sobre a qual não se explicam de bom grado. Nossos velhos arquitetos empregaram também o simbolismo na decoração de suas catedrais; e a torre de Saint-Jacques não é nada menos que um poema hermético, se se crê na tradição.

    Nada há, pois, para nos espantar na estranheza e na decoração arquitetônica em Júpiter; se ela contradiz nossas idéias quanto à arte humana, é que há, com efeito, todo um abismo entre uma arquitetura que vive e que fala e uma alvenaria, como a nossa, que nada prova. Nisso, como em toda outra coisa, a prudência nos proíbe esse erro do relativo que quer tudo conduzir às proporções e aos hábitos do homem terrestre. Se os habitantes de Júpiter estivessem alojados como nós, se comessem, vivessem, dormissem e andassem como nós, não haveria grande proveito em subir para lá. É bem porque seu planeta difere absolutamente do nosso que desejamos conhecê-lo, e sonhá-lo como nossa futura morada!

    De minha parte, não perderia o meu tempo e estaria bem feliz por terem os Espíritos me escolhido para seu intérprete, se seus desenhos e suas descrições inspirarem, a um único crente, o desejo de subir mais rápido para Julnius, e a coragem de tudo fazer para isso conseguir.

    VICTORIEN SARDOU.

    O autor dessa interessante descrição é um desses adeptos fervorosos e esclarecidos que não temem confessar francamente suas crenças, e se coloca acima da critica de pessoas que não crêem em nada daquilo que sai do círculo de suas idéias. Ligar seu nome a uma doutrina nova, desafiando os sarcasmos, é uma coragem que não é dada a todo mundo, e felicitamos o senhor V. Sardou por tê-la. Seu trabalho revela o escritor distinto que, embora jovem ainda, já conquistou um lugar honroso na literatura, e une ao talento de escrever, os profundos conhecimentos de sábio; nova prova que o Espiritismo não recruta entre os tolos e os ignorantes. Fazemos votos para que o senhor Sardou complete, o mais rápido possível, seu trabalho tão felizmente começado. Se os astrônomos nos revelam, por suas sábias pesquisas, o mecanismo do Universo, os Espíritos, por suas revelações, nos fazem conhecer o seu estado moral e isso, como eles dizem, com o objetivo de nos estimular ao bem, a fim de merecermos uma existência melhor.

    Allan Kardec


    Um comentário:

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    06/11 - quarta-feira – Estudo da Umbanda

    08/11 - sexta-feira – Saúde

    15/11 - sexta-feira – Dia Nacional da Umbanda – Orixás – 20h

    20/11 – quarta-feira – Café com Vovó Catarina

    22/11 - sexta-feira – Festa aos Malandros

    25/11 - segunda-feira /Calunga 17h

    30/11 – Sábado - Praia

    -

    08/12 – Domingo – Saudação aos Orixás –

    Encerramento das Atividades/ 2019

    Atenção:

    As Giras têm início às 20h e as fichas são distribuídas a partir das 19:45 até às 21h.

    As consultas não são cobradas. “Dai de graça o que de graça recebestes de Deus”.

    A Tenda Espírita Mamãe Oxum é um Templo Sagrado, respeite-o como tal.

    Evite roupas ousadas como shorts, mini blusas, vestidos muito decotados ou curtos. Respeitem as Entidades.

    Mãe Márcia “Anêrê de Oxum”

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